sábado, 25 de outubro de 2014

CELG: A LINHA DA INSENSATEZ





Ao final da tarde da tarde da ultima quarta-feira, 22, quando passava na confluência das Avenidas Madri e Contorno Sul, no Parque Anhanguera, uma cena me tocou e entristeceu.
Acostumado a passar ali e me encantar com as maravilhas que a Primavera traz, não me contive ao ver a trágica cena. Meu coração bateu forte... As imagens são trágicas.
Um belo exemplar de Flamboyant caído, ainda cheio de flores da primavera, vitima da motosserra e da insensatez de uma empresa que tenta a todo custo implantar uma linha de transmissão com corrente de alta tensão, que extrapola em muito os limites e recomendações das autoridades mundiais de saúde. Um absurdo se levarmos em conta as dimensões das avenidas do percurso onde essa linha passará – espera-se que a justiça impeça isso – e contra todas as normas técnicas e convenções de segurança que regem o avanço das linhas de transmissão.
Sem contar que essa linha passará diante de postos de combustíveis, atravessará locais de nascentes, como do Parque Macambira Anicuns e em  alguns casos, ficará a poucos metros das residências.
Revoltados moradores unidos e em manifestação livre protestaram contra a esdruxula linha da insensatez. Mas para a CELG, não importa a posição dos moradores nem normas e regras de segurança.
O resultado está à vista de todos: além do total risco à vida de quem mora ou transita pelo local, a desvalorização dos imóveis já acontece. Afinal, nenhuma pessoa vai querer criar seus filhos ou viver sua velhice em um local perigoso como será esse.
Uma constatação: a criminosa omissão e a imposição de um vale-tudo de interesses, com a complacência de órgãos ambientais e da CELG.
Lamentável e triste a cena do outrora belo e majestoso Flamboyant... Outras árvores, como as Palmeiras imperiais, estão sendo e serão massacradas, mortas, extintas... Tristeza...
Os moradores não estão calados nem inertes. Ações judiciais foram e estão sendo protocoladas e espera-se para as próximas horas que haja manifestação da justiça.
A vida é um bem inalienável. E a linha da insensatez, adotada pela CELG, não pode prevalecer ante o direito de todos. Diante da gravidade dos fatos, seria importante que o governador Marconi Perillo assumisse a interlocução com os moradores e a CELG e promova a imediata paralisação das obras dessa obra.
A vida, o meio ambiente e as próximas gerações, agradecem.




sexta-feira, 17 de outubro de 2014

PROFESSORES: ANJOS DE LUZ




A movimentação na Fazenda Nova América naquela semana foi fora do normal. Primeiro, pela presença incomum de jipes da Prefeitura da pequena vila levando pacotes e material, dentre eles um quadro negro, de porte médio, que meu pai cuidadosamente pendurou na sala da casa simples.
Uma pilha de cadernos fora deixada no canto da sala e novos bancos de madeira foram integrados ao parco e simples mobiliário ali existente.
Minha curiosidade durou até que ouvi meu pai dizer que ali seria uma escola. E interessante que meu pai disse a um vizinho de fazenda o seu proposito, tendo sido advertido por este que de nada adiantaria querer ensinar a pessoas ignorantes e sem cultura, que meu pai teria dor de cabeça e de nada valeria.
Ouvi meu pai humilde e calmamente responder que era seu proposito fazer aquilo e achava estar no caminho certo. E que apesar das dificuldades que sabia que encontraria, tocaria adiante o projeto, afinal, naqueles rincões escola era algo inimaginável.
Depois das pequenas reformas, na casa simples de taipa e telhas de barro, chegou o grande dia. Naquela tarde quente e de pouca brisa começaram a chegar os futuros alunos da Escola Santa Genoveva. Chegaram tímidos, alguns com as melhores – embora simples – roupas que dispunham, estranhando a botina rangedeira que machucava os pés. Ficaram um pouco distantes, arredios e quando solicitados por meu pai que se aproximassem, lentamente entraram dentro da casa. Se acomodaram nos bancos rústicos de madeira e tímidos, calados, ouviram meu pai dar-lhes as boas vindas e dizer das regras da escola.
Depois disso todos ficaram de pé e tentaram entoar o hino nacional, puxado por meu pai ao violão.
Eu, no inicio, por ser muito criança era proibido de entrar na sala. Mas não me contive e aos poucos, fui chegando, chegando e passei a assistir às aulas. Como eram interessantes. Fui me encantando ao ouvir sobre a história do mundo, geral e do Brasil, sobre as civilizações greco-romana, berço do saber e do conhecimento. Ficava encantado ao ouvir a leitura das lições de português, onde pequenos textos eram apresentados.
Havia um intervalo, onde era servido um lanche típico da região, em que cada família ajudava o como podia. Alguns sequer podiam ajudar, mas meu pai não se importava. Para ele o importante era que aqueles rapazes e moças frequentassem as aulas e a partir dali pudessem levar algo que os ajudasse nas dificuldades da vida.
Ali foi minha primeira experiência em uma escola. Escola simples, de bancos de tabuas e um único professor para todas as matérias. Mas inesquecível.
O tempo passou. Um dia a escola foi fechada, por falta de interesse do governo do município. Meu pai vendeu a Fazenda Nova America e mudamos para a cidade, onde passei a estudar em uma escola regular.
Hoje, aos 48 anos frequento novamente os bancos escolares. Diariamente tenho contato com o conhecimento. Conhecimento que me vem através do trabalho e dedicação de professores.
Eu por felicidade tenho o privilegio de ser filho, irmão, esposo e pai de professores.
Que esses profissionais, imprescindíveis à formação humana e ao desenvolvimento do país sejam mais valorizados. Que tenham um mínimo de reconhecimento, para que possam desenvolver a missão que lhes foi confiada e que abraçam como um sacerdócio.
Costumo dizer: professores, ah, os professores, são como anjos: ensinam, encantam e trazem consigo a luz da sabedoria. Obrigado, a todos os Professores da minha vida.
Que, apesar das dificuldades, continuem iluminados, com a certeza do bem que fazem ao mundo.


 



domingo, 12 de outubro de 2014

ÉPICO





Ante a tormenta,
A alma aflita
Luta, repele,
Não aceita 
A desdita,
Dor, 
Abandono.
Mar revolto, 
Chão sem dono...
A nau é forte
Suporta, resiste... 

Nas veias corre sangue de
Guerreiro...
Coração, inquieto,
Feito a fúria de vulcão!

Não se entrega:
Não teme infortúnio.
Busca... 
Quer
Placidez de
Plenilúnio
 No infinito.
Manhã de ventura...

Avança!
Acredita!
Conquista!
Vence!
Chega ao destino!




quarta-feira, 8 de outubro de 2014

VIESTE LUA






Vieste lua,
Acariciando minha face,
Tocando minhas mãos,
Entrelaçando-as à tua...

Vieste Lua.
Na luz, que é teu sorriso...

E eu te namorei!
Te senti junto a mim!
Em olhares que se encontraram
Na proximidade
Do teu respirar ofegante.
Corações, batendo
No mesmo compasso,
Ao ritmo das paixões...

Vieste luz!
E eu te namorei
Pela luz da lua,
Contemplando estrelas...
Porque sei que
Também a namoras.
E assim

Namoras a mim...


sexta-feira, 3 de outubro de 2014

NO CAMINHO DAS ABELHAS “JATAI”



A manhã esplendorosa, de céu azul e sol brilhante nos encontrou na rodovia que leva à acolhedora cidade de Inhumas, que dista 45 km de Goiânia, em direção ao Oeste do estado. Íamos - um amigo e eu - em busca de algo que pode parecer inusitado, mas que tem grande importância para o planeta, para a mãe natureza.
Aos poucos fomos distanciando do movimento intenso que existe próximo a Goiânia e quanto mais percorríamos, melhor e mais calmo ficava o transito.
Foi um momento bacana, onde, esse amigo e eu, nos permitimos colocar nossos assuntos em dia, afinal, diante da correria do dia a dia isso se torna impossível. Hora de quase resumir em breves momentos aquilo que vivemos a vida inteira. Falar de sonhos realizados ou não, de poesia, de radio, canções e saudade.
Reviver momentos da juventude, os tempos idos da pequena e querida cidade do interior, dos bailes de fim de semana, da poesia e da importância do radio na vida de cada um. Dessa forma, a viagem transcorreu de forma rápida e quase nem percebemos que estávamos no travo que dá acesso à cidade.
Inhumas, em Goiás, é uma cidade de porte médio. Trafegando por suas ruas limpas e bem cuidadas, observamos que há perfeita convivência entre o moderno e o histórico. Casas novas e bem projetadas dividem espaço com construções antigas, de portas e janelas de madeira, como eram no século passado. Moderno e antigo em perfeita harmonia.
Paramos em um pequeno lanche, para um suco de laranja bem gelado a fim de espantar o calor e, sem dificuldades, encontramos o endereço que procurávamos.
Fomos acolhidos com alegria pelo jovem Clécio e sua família. Pessoas simples, que além do trabalho no dia a dia se dedicam a uma missão nobre, que requer conhecimento e muita perspicácia.
Clécio é um criador de abelhas. Mas, abelhas diferentes, sem ferrão, que tem função e importância incomum para o meio ambiente. Com simplicidade e muita sabedoria, ele nos deu uma aula sobre a atividade, falou dos porquês e particularidades dessa e daquela espécie e como conserva-las vivas e protegidas. Espécies raras, algumas sabidamente em extinção estavam ali, sob os cuidados e o carinho daquele rapaz.
Notei pelo brilho dos seus olhos que ele tinha aquela atividade, menos por questões econômicas e mais por amor e dedicação à natureza.
Andando pela ampla varanda da casa e pelo quintal, fomos aprendendo sobre a importância das abelhas. Sob a sombra do pé de jabuticabas - carregado de frutos por sinal – fomos brindados pelo som do imponente e belo do canto de um galo que parecia dizer que quem mandava naquele lugar era ele.
O tempo passou rápido. Ao fim das explicações feitas pelo amigo Clécio, tivemos a satisfação de conhecer o seu pai, Sr. Gilmar, que me presenteou com uma pequena porção de sementes de bucha vegetal, daquelas que crescem mais de um metro.
Nos despedimos e saímos dali com a alma feliz. O amigo que me acompanhava, parecendo criança que ganha brinquedo novo, trazia carinhosa e cuidadosamente no colo a pequena colmeia de abelhas Jatai que recebera de presente.
Voltamos calados, como que hipnotizados, com a lembrança daquela manhã. Pouco conversávamos. A volta foi rápida, como a ida, mas nossos assuntos ficaram vazios. Permitimo-nos ouvir o barulho dos pneus do carro no asfalto e o canto das cigarras anunciando chuva, nas pequenas matas ao longo do caminho.
E tivemos uma certeza: o homem, o ser humano, precisa aprender muito com as abelhas. São pequeninas, mas solidarias e trabalhadoras. Vivem para o bem comum.
Um dia, talvez, possamos ter minimamente parte da sabedoria delas...


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