sábado, 25 de abril de 2015

A (DIFÍCIL) ARTE DE AMAR





"O medo de amar é o medo de ter
De a todo momento escolher,
Com acerto e precisão, a melhor direção..."
(Beto Guedes - Fernando Brandt)



A definição de amar, segundo os dicionários é “ter amor, afeição, dedicação, devoção”. De modo particular, penso que amar é muito mais. Amar é a arte de querer... E também perdoar.
A arte de amar... Inconteste que amar é uma arte. Requer zelo e afagos.  E escolhas. Uma arte nem sempre tão fácil, pois há varias formas de amar. É dar o melhor de si, esperando que se receba de volta com a mesma intensidade aquilo que se ofertou, ainda que inconscientemente e saiba que esse retorno pode não acontecer da mesma maneira ou tamanho. E quando se ama, oferta-se o bem mais profundo da alma, do ser: o amor sincero e verdadeiro.
O ato de amar é cotidiano. Ao levantar, dirigir o olhar com ternura à companheira, dar um bom dia e tomar o café da manhã juntos, o desejo de harmonia ao se despedir para mais um dia de trabalho e aquele telefonema meio que sem assunto específico na “volta do dia”, quando se busca saber do outro. Isso é amar. É gesto de ternura, carinho, cuidado
              Amor e amar: um, substantivo; outro, verbo. Um é a via a ser percorrida; outro, chegada, destino... Amor é sentimento. Amar é verdade, empírica, real e interior. Quando se lembra de quem se ama, mesmo que à distancia, ainda que em outro lugar, outra cidade, outro pais...
Para amar é preciso ter o coração preparado para os momentos de construção, quando se sente saudade, ausência. Mas, tem seus momentos de puro êxtase, contemplação, alegria, ternura.
É quando estando distante, diante de uma xícara de café em uma tarde chuvosa e fria, recordar momentos de quase ternura, de quase amor, talvez eternizados por um olhar... Olhar que pode dizer tudo o que está contido em um coração, que transborda sentimentos represados.
O verbo amar. Nem sempre conjugado... Por vezes confundido com gostar, com acostumar, com estar ali.
Tanto se disse e tanto de cantou sobre amar. Que “é um deserto e seus temores”. Uma arte que exige perspicácia e sabedoria. E quando o coração quiser impor suas vontades, amar é não atendê-lo... Afinal, o coração quase sempre é egoísta e inconsequente.
Por tudo isso, amar não é simplesmente um verbo, mas um jeito de ser e de valorizar a existência. Ainda que a vida traga algumas situações e se obrigue a ser coberta por mantos, onde como a arte, necessita de hermenêutica, entendimento, compreensão.
Viver é uma arte e amar é a arte de viver.
 E, eu sei que vou amar... Por toda a minha vida!




TESES DO IMPEACHMENT DE DILMA E AFASTAMENTO DO JUIZ MORO: DOIS PESOS, DUAS MEDIDAS




Após a confirmação extraoficial do resultado das eleições de 2014, ao final do programa “Jornal Argumento Especial - Eleições 2014”, conduzido pelo Jornalista André Marques, da TV Capital de Goiânia, foi ventilado por analistas simpatizantes da candidatura de Aécio Neves que a Presidente reeleita Dilma Rousseff não governaria. Era uma clara mostra de não aceitação da derrota e aquilo que viria a se chamar de tentativa de terceiro turno.
O tempo passou e o brasileiro logo se sentiu enganado ao ver e sentir na prática o contrário daquilo que a então candidata Dilma propôs em campanha: enfaticamente afirmou que jamais mudaria direitos sociais (nem que um rebanho de vacas tossisse), que a economia estava sob controle e em pleno crescimento. Além disso, vieram à tona os desmandos decorrentes da má gestão da economia que foi manipulada de modo a esconder a situação real do país, que estava em situação falimentar há muito tempo e o escândalo da Petrobrás.
O resultado foi atingiu toda a população, desde governos estaduais e municipais, ao pequeno e grande empresário, ao trabalhador e à dona de casa. Todo o país passou a pagar o alto preço da ganancia eleitoral e do apego ao poder, onde para ganhar a eleição exercitou-se a teoria do vale tudo, desde esconder a real situação da economia até prometer aquilo que se sabia impossível de cumprir.
A sensação que ficou é a de que a presidente Dilma Rousseff e seu staff de campanha agiram premeditadamente, confiando que com a vitória eleitoral, o que de fato ocorreu, teriam tempo para respirar e com o remédio amargo e recessão e do arrocho fiscal, recolocariam a economia nos trilhos.
A condução da panaceia à economia foi entregue a um banqueiro, Joaquim Levy. Isso foi emblemático: a presença de banqueiros comandando a economia nos leva de volta aos tempos de Bresser Pereira e tantos outros que comandaram o arrocho no Brasil em tempos não tão remotos.
A estabilidade econômica foi uma conquista de toda a sociedade, que para que ela se efetivasse pagou um alto preço. Porém, de repente o brasileiro vê situações até então impensáveis: inflação em disparada, sinais claros de recessão, atraso nos pagamentos de verbas do SUS, a infindável e desonesta novela do FIES, que se prenuncia deixar milhares de jovens estudantes fora do ensino superior. Também o corte nos repasses às universidades federais, onde hoje falta desde papel higiênico até recursos para a manutenção de pesquisas já em desenvolvimento e ou para o início de novas pesquisas.
Tudo isso favorece aos defensores da tese absurda de uma ruptura através do instituto do impeachment. Tenta-se argumentar que será o melhor caminho. Isso não é verdade, é apenas choradeira de perdedor. Aécio Neves e sua coligação perderam as eleições pela vontade do povo, que exerceu sua vontade.
E a tese do impeachment só prospera em caso de crime de responsabilidade da Presidente, o que não existe. O que há é somente a vontade de terceiro turno de seus adversários políticos.
No programa da TV Capital, em meu comentário final afirmei que as instituições do país são sólidas e garantidas pela constituição e que não haveria nada de anormal à democracia e seu pleno exercício.
Vivemos um momento em que grandes empresários e líderes partidários, até então intocáveis, estão presos, respondendo por atos a eles atribuídos. E isso não é motivo para que voltemos ao tempo de republiqueta de bananas e território de algum candidato a ditador.
A justiça é exercida em sua plenitude. O Juiz Federal Sergio Moro conduz a ação que investiga crimes na Petrobras, decorrentes da investigação da Polícia Federal conhecida como “Operação Lava Jato” com coragem firmeza. A tendência é que mais gente seja condenada e cumpra pena por aquilo que fizeram. E ainda devolvam ao país parte do que surrupiaram. Logico que o prejuízo moral e econômico, principalmente do valor de mercado da Petrobras, nunca será devolvido, mas os indicativos é que serão punidos e hão de cumprir suas penas na cadeia.
Estranhamente os que defendem Dilma da tese absurda do impeachment pedem o afastamento do Juiz Moro. Defendem o mandato da Presidente de um lado e de outro o afastamento de um Juiz sério, correto aplicador da lei e que atende às aspirações da sociedade quanto à punição aos corruptos e corruptores que assaltam o país.
Analisando os fatos, concluo que nesse momento não há situação legal para o impeachment da Presidente Dilma Rousseff! E também não há motivos, justificativas e/ou razões para o afastamento do Juiz Moro. As duas autoridades estão investidas daquilo que a constituição lhes garante: o pleno exercício de seu mandato, funções e prerrogativas.
E isso é básico em um estado democrático de direito.




terça-feira, 21 de abril de 2015

RE-ENCONTRO





Encontro o velho papel
Coberto de rabiscos,
Que
Se fizeram palavras
E
Eternizaram um momento...


Foi
Companheiro leal
Em madrugada fria
De junho,
Onde a saudade,
A ausência,
Marcaram
Presença...

Rabiscos...
Um simples papel
Amassado,
Amarelado pelo tempo...
Mas
Com o encanto de
Ainda ser
Um poema...
Um poema
De amor!


sexta-feira, 17 de abril de 2015

OS VERSÍCULOS INICIÁTICOS DO CABOCLO ARIMATÉIA MACEDO




Ao perceber a presença do carteiro que deixara correspondências em meu portão, fui logo de encontro a um envelope amarelo, que pela forma e pelo peso, deduzi que fosse um livro.
E quando abri o envelope, deparei-me com os “Versículos Iniciáticos” do escritor e poeta cearense Arimatéia Macedo. Plástica e visualmente um trabalho bem elaborado, com uma capa que traz muito do cordelista caboclo nordestino. E na primeira página, uma dedicatória a este humilde cronista.
Com apresentação do Professor Daniel Walker, comentário na orelha do Professor e Editor Cearense Jose Cícero e prefácio do eminente Poeta e Jornalista Tocantinense Zacarias Martins, “Versículos” traz da alma e do coração de Arimatéia aquilo que ele tem de mais precioso: a sensibilidade de poeta.
Manifesta seu agradecimento àquilo que tem de mais importante em sua vida, em seu cotidiano.  Brinda com homenagens os amigos, a família, o amor, a vida. O primeiro poema – Rabiscar - é uma homenagem em verso aos escritores e talvez, em sua essência, refira-se a ele mesmo quando termina o poema dessa forma:
“O escrevente considerado talentoso,
 De sua caneta não sai escrito maldoso
Que atormente nem seu corpo, nem sua mente.”

                Caboclo nortista, Arimatéia Macedo enaltece e valoriza suas origens. Mostra de maneira clara a fibra, a resistência, força e a coragem de seu povo nordestino. Poeticamente, conta histórias do Ceará, estado onde nasceu. Traz para seus versos vivencias de infância, e personagens que o acompanharam em sua vida.
                E em “Sic Transit Gloria Mundi” presta homenagem a um amigo, e vai da concepção à vida adulta, descrevendo de forma sutil e elegante aquilo que é típico do ser humano: o crescimento, a evolução.
                A poesia do caboclo desnuda em vários momentos sua grandeza de alma, a generosidade de seu coração em versos de gratidão e reconhecimento à pessoas e lugares. Mostra preocupação social, quando aborda temas como meio ambiente, fome, violência, aborto, miséria humana. E pergunta: onde está a paz?
                Atuante nas redes sociais, com preferência pelo Twitter onde fez muitos amigos, não se furta ao tema e dedica ao assunto, com a simplicidade de que, como realmente o é, algo muito simples, e hoje inserido no cotidiano das pessoas.
Arimatéia Macedo: caboclo, poeta, cordelista e agora escritor publicado, nos presenteia com seus versículos iniciáticos. Seu livro poderia também ser intitulado de versículos do coração, pois é muito fácil notar a origem, de onde partem seus escritos.
Quem quiser encontrar o caboclo Arimatéia Macedo além das redes sociais, vá à acolhedora cidade de Gurupi, no estado do Tocantins, onde ele milita nas lides de Hipócrates. Em algum posto de saúde, hospital ou onde quer que seja, dedica-se ao sacerdócio da medicina, no ato nobre de salvar vidas.
E com a poesia, acalenta almas e corações. Parabéns, Poeta caboclo! Salve, salve, Poeta brasileiro Arimatéia Macedo!
               

sábado, 11 de abril de 2015

ENCANTO




Como o coração
Conseguiu desperceber
Sua ausência?
Ficar dias sem você
Em inícios de manhã,
Ainda madrugada,
Onde a companhia
É a xícara de café
(forte, com pouco açúcar)...

Ainda,
Perdeu-se no
Éter
A poesia,
O refúgio diário,
Refrigério...

E
Uma frase,
Uma imagem
Trazem o brilho,
O olhar de
Carinho
E
Ternura,
Tão únicos...

É
Quando ocupas
O coração...
Talvez,
Nem mais meu,
Mas, sobretudo
Teu...

Tão teu,
Que se soubesses o quanto,
Tomava-o de vez
Para ti...


sexta-feira, 10 de abril de 2015

CHUVA FORTE, MANHÃ DE BELEZA




O tempo mudou bruscamente. De um mormaço que permaneceu boa parte do dia para o tempo fechado, com nuvens baixas e escuras, foi tudo muito rápido. E a chuva veio no meio da tarde. Veio intensa, acompanhada de ventos fortes, com pingos grossos e em algumas partes da cidade, com granizo, pequenas pedras de gelo. Isso me lembrou a minha a infância, onde ao lado dos amigos fazíamos a festa com as pequeninas pedras de gelo que vinham bater no pátio do colégio onde estudávamos. Ficávamos a nos perguntar como é que poderia vir do céu aquele gelo, tão pequeno e na maioria das vezes, em grande quantidade. E a imaginação de criança viajava.
Deixando as lembranças de infância, me concentro na chuva que cai em pingos grossos, que descem pelo telhado e vêm de encontro às plantas que ornamentam a minha varanda.
O vento, fazendo com que samambaias, avencas e outras plantas desenvolvam coreografia imperfeita, em um balé sem simetria, onde o ir e vir das plantas parecia teimar e resistir ao vento, desobedecendo-o. Não raro uma ia parar no chão, tal a força da intempérie.
No noticiário da TV, ao inicio da noite, o resultado deixado pela tempestade na cidade: árvores caídas, ruas alagadas e alguns bairros sem energia elétrica.
Penso que, definitivamente a natureza, mesmo em sua imensa sabedoria não se preparou para a existência de metrópoles. O homem veio acabando com tudo, desmatando, acabando com aquilo que ela em milhares, ou milhões de anos fez com que acontecesse.
E o tempo da mãe natureza não é o tempo dos homens. Milhões de anos podem ser necessários para que determinado fenômeno ocorra, aconteça.
E o homem, apressado e insano na maioria das vezes derruba florestas, muda cursos de rios, acaba com vegetação nativa e ainda cobre tudo com concreto e asfalto. E a mãe natureza reage. Sem ter para onde ir ou se refugiar, acaba voltando para o lado do homem, com grande volume de agua, na forma de enchentes, ventos que crescem e viajam sem que encontrem a resistência das árvores. Isso quando não ocorrem das doenças, pelo fato do desequilíbrio ecológico dos ecossistemas, proliferando essa ou aquela espécie.
Ainda assim, apesar do homem maldoso e imprudente, a natureza resiste, embora não se saiba até quando ou o que pode acontecer.
Na manhã do dia seguinte e essa chuva, vi o quanto é preciso cuidar daquilo que ainda nos resta. Ao fazer uma pequena viagem, sai de casa bem cedo, e assim pude ver a beleza da chegada de um novo dia. A despedida dos últimos momentos da noite, ao fim da madrugada e a chegada lenta da luz majestosa do rei sol.
A manhã se descortinava majestosa e bela, à medida que o carro avançava. O verde da vegetação emoldurava a estrada e trouxe-me uma certeza: o quanto a natureza é forte, apesar de tudo o que se faz com ela.
Cheguei ao meu destino com a alma leve. A manhã de encantos ainda permanecia.
O concluí que o homem deve valorizar sempre a beleza de uma manhã, mesmo depois de uma chuva intensa, com ventos fortes.
A natureza, tal como a vida, é bela. Sempre muito bela!