sexta-feira, 2 de março de 2018

O TEMPO, A VIDA...





Sentado na antiga e recém restaurada cadeira de fios, que sempre está no mesmo lugar, ponho-me a observar as samambaias que ornamentam a varanda de minha casa. São muitas, quase uma dezena, penduradas rente aos beirais, tornando o lugar agradável e bastante acolhedor.
A maioria dessas samambaias foram mudadas há pouco mais de um ano. Vieram se juntar a outras que já estavam aqui. No início eram pequenas mudas e sobravam nos vasos onde foram plantadas, mas com o passar do tempo, zelo e muito cuidado tornaram-se pujantes e volumosas.
 Por estarem penduradas rente aos beirais da varanda recebem suave e tranquilamente, sempre que chove, uma parte dos generosos pingos que caem, alimentando sua sede de vida. E assim vão ficando cada vez mais belas, principalmente quando a luz do sol vem abraça-las, depois de uma chuva de verão.
Não estão sozinhas, pois têm por companhia exemplares de espécies como avencas, lírios e uma variedade diferente, conhecida como “beira d’água”, certamente colhida às margens de algum córrego por aí.
Imerso em minhas reflexões, ao desviar o olhar e o pensamento e contemplar a beleza das samambaias, é impossível não traçar paralelos com a vida. Parece não fazer muito tempo, éramos pequenos, frágeis e dependentes. Mas o tempo veio trazendo consigo a alegria da vida e ao mesmo tempo, as responsabilidades, as obrigações quase sempre pesadas que a vida traz.
A vida, como na rotina das samambaias, alterna momentos de chuva – as vezes forte, algumas tempestades, e momentos de sol e luz. E apesar dos ventos que sempre vêm nos balançar e tentar nos levar, estamos amparados por raízes que embora pareçam frágeis, são firmes e apegadas àquilo que nos sustenta e mantém em pé.
É impressionante como tudo é muito rápido. A rotina que vivemos, talvez faça com que não percebamos a velocidade do tempo e o sutil, porém constante passar das horas, dias, meses e anos.
Nem notamos mas passamos a infância, a adolescência, que logo deu lugar mocidade – tempo de amores, paixões, sonhos e de consolidação daquele que será o futuro. E logo veio casamento, seguido de filhos, até que um dia, a vida nos surpreende trazendo a incomparável alegria da presença dos netos.
É marcante a busca que fazemos em direção ao futuro. Lembro o tanto que queria que chegassem logo os quinze anos, a maioridade aos dezoito e a consequente conquista de liberdade, de sonhos como faculdade, a carteira de motorista, independência financeira.  De repente o futuro era presente, delineado e vislumbrado bem diante de nós.
Assim caminhamos. Um dia distante, nossos pais e irmãos comemoraram nosso primeiro aniversário. Nem percebemos, mas chegamos muito rápido aos vinte, trinta, quarenta anos de idade.
Em momentos de absoluta tristeza, pessoas queridas se foram, nos deixaram para sempre, porém como costumam dizer: é o destino.
O tempo, esse nosso amigo inseparável, porém implacável, nos mostra que devemos viver bem e intensamente cada momento que a vida nos proporciona.
Dessa forma, chegar aos sessenta, setenta e outros tantos anos de vida plenos e felizes.
Que a vida queira sempre assim.