sábado, 16 de abril de 2016

DE PRIMEIROS PASSOS, HARMONIA E FELICIDADE





Do alto do oitavo andar, no apartamento onde mora o pequeno Gabriel, eu observo uma pracinha, que fica em frente ao muro lateral do prédio.  Uma pracinha muito agradável, com canteiros de grama verde, e moitas de arbustos cobertos de flores, muito parecida com aquelas das cidades do interior, de tempos idos. Pensei: ali só falta uma fonte luminosa e o tradicional carrinho de pipocas.
Apesar do transito e do barulho intenso na avenida que passa em frente, percebo que aos poucos vão chegando pessoas, famílias com crianças e seus cãezinhos de estimação. Naquele finzinho de tarde de domingo – belíssima por sinal - fazia um calor intenso e ir até um local aprazível como aquela praça, sem duvida alguma constituía um agradável programa.
Enquanto a tarde caía deixei-me levar pela beleza da paisagem no horizonte, o verde e de certa forma misterioso Vale do Rio Meia Ponte, nas imediações do Clube Jaó. Aquele seria um lugar belo, mas a poluição do rio e a especulação imobiliária afastaram as pessoas dali. Resta a contemplação de um verde forte e belo, cortado por voos de pássaros irrequietos e raios de sol vindos do poente, a iluminar a copa das arvores em um belo e majestoso espetáculo da mãe-natureza.
Voltando a atenção à pequena praça, noto que o carrinho de pipocas não veio, mas aportou por ali um rapaz e um menino, já grandinho, com cerca de dez anos e começam a montar um brinquedo chamado pula-pula. Apesar de não ser pequeno, o pula-pula era fácil montar, pois se encaixavam as peças e em pouco tempo ficou pronto. Foi o bastante para o rapazola passar a se divertir fazendo acrobacias, como a não estar nem aí para o mundo, para as preocupações cotidianas da vida.
No cantinho da praça, em um pequeno banco um casal parecia viver intensamente aquela tarde.  Aparentemente em silencio, de mãos dadas e alternando suaves caricias um no outro, pareciam não ver o tempo passar, deixando a tarde calmamente acontecer, sem pressa.
Notei que chegaram dois casais, um deles acompanhado de uma linda menina de vestidinho rosa, cabelinhos pretos amarrados com maria-chiquinhas. O outro casal, muito jovem trazia um bebê nos braços. Começaram a travar animada conversa e a pequena menina, de vestidinho rosa e cabelos pretinhos pôs-se a ir de um lado para outro. Com passos trôpegos, ora ia em um arbusto e mexia nas flores, ora ia para o lado do pula-pula, ou ainda se punha a  acariciar um cachorrinho manso,  que passava por ali conduzido por sua dona. Entre um passeio e outro intercalava pequenas quedas, porém não se deixava vencer, levantava e imediatamente se punha na direção que o nariz apontava em busca do reconhecer o mais rapidamente possível aquele mundo que se apresentava a ela. Me pareceu que ela descobrira há muito pouco tempo a maravilha de andar e estava adorando isso tudo. Fazia uma grande festa a alegrava a todos que ali estavam.
A tarde se foi e nos primeiros momentos da noite o chorinho suave do menino Gabriel me trouxe de volta de minhas observações. Sorri feliz ao saber que logo, daqui a poucos meses, o adorado Gabriel estará ali naquela pracinha, fugindo juntamente com os pais do calor, a dar seus primeiros passos. Como a menininha de cabelos pretinhos, a descobrir aquele mundo que se apresentará a ele, de paz, de crianças felizes em uma tarde de harmonia, com alegria e felicidade. E quem sabe assim que cansar, procurar o colo aconchegante e seguro de seu papai ou de sua mamãe.
A visão de tudo que aconteceu naquela pracinha, em uma tarde quente e bela encheu meu coração de alegria. Alegria de constatar que, apesar de todas as mazelas do mundo, ainda existem pracinhas onde uma criança pode livremente dar seus primeiros passos, com inocente e incontida alegria ao lado de pais e amigos.
São as coisas boas da vida. Que dessa forma, é muito, mas muito boa, de viver!

 


sexta-feira, 1 de abril de 2016

OUTONOS




O Outono chegou e imediatamente cessaram as chuvas. O calor intenso tomou conta de nossos dias e, aos primeiros raios de luz se faz presente, permanecendo por todo o dia.
É interessante a força da mãe natureza e o que ocorre quando vêm as mudanças de estação: no fim do verão, os dias começavam quentes e normalmente terminavam em chuva , na maioria das vezes, fortes tempestades. Depois, rapidamente acabava o frescor trazido pela chuva e o tempo quente voltava. E assim que chegou o outono, as chuvas cessaram.
A sabedoria dos antigos reza que nesse principio de outono devem ainda vir algumas chuvas, porém poucas e distantes uma da outra. As aguas de março definitivamente fecharam o verão e o outono é certeza de renovação da vida, de sequencia de ciclos que se cumprem.
A chegada do mês de abril mostra que mais de noventa dias do ano já se passaram. O ano, como a vida, passa tão rapidamente, e imersos em rotinas, sequer percebemos. Mas o tempo, implacável segue seu ritmo... Inabalável.
O desconforto desses dias de calor não pode nos fazer esquecer o que de bom recebemos nas estações anteriores. Não faz muito tempo, a alegria da primavera chegou com manhãs de muita luz e beleza, trazendo flores que embelezaram nossos das e aos poucos foram se transformando em frutos que trouxeram alegria, mesa farta e certezas.
Em seguida, o verão veio com calor e chuva, que traz fertilidade e a mais absoluta certeza que a vida sempre se renova. Em dias longos e de muita luz poder viver a alegria de encontros e reencontros, de passeios, de praia, de mar, de sorrisos francos.
E por Falar em estações, dentro de poucos meses completarei cinquenta primaveras. Mas, apesar do quase meio século de vida, trago comigo os ideais da juventude, com a certeza que ainda há muito por fazer, muitos sonhos por realizar. Esse número de anos vividos não significa começo do fim, mas a certeza que as experiências adquiridas nortearão meus passos e minhas decisões e os sonhos, que nunca deixaram de existir continuarão a ser buscados. Buscados com a força “de um rapaz novo encantado, com vinte anos de amor”. A juventude e a busca por meus ideais sempre estará dentro de mim, do meu ser.
Continuarei a ver e sentir a poesia, cada vez que ouvir uma canção que toca, ou sempre que mirar o céu, com estrelas, em noite de luar. Hei de me encantar com cada madrugada que, com luz e beleza traz a certeza de que merecemos a dádiva de mais um dia.
E com poesia, alegria e muita força, esperar o dia em que haverei de caminhar de mãos dadas com o pequeno Gabriel, em tardes de sol, no outono, ou em manhãs de primavera, cheia de belezas.
Nas sequencias da vida, após o outono, virá o inverno, que passará e dará lugar à primavera. À esperada primavera das flores. Afinal, a vida se renova. A cada estação!