quinta-feira, 14 de novembro de 2019

SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA: 61 ANOS DE PROGRESSO




Imagem: Donizeth Alves



O comerciante Donizeth Alves aproveitava a sombra amiga das arvores em frente a sua farmácia, enquanto aguardava os clientes naquela manhã quente e ensolarada de 14 de novembro. Ali, ao lado de um exemplar do histórico e carregado de frutos Abricó de Macaco, conversava com o amigo César Sabino sobre o desfile ocorrido na véspera, em comemoração ao 61º aniversário da cidade.
E entre uma conversa e outra, diálogos com amigos através do aplicativo WhatsApp, onde o assunto principal era o aniversário da cidade, os pioneiros que construíram sua história e a tornaram uma das mais importantes e produtivas cidades do estado, onde a força maior vem do campo, através da agropecuária e do comércio, altamente desenvolvido.
Em grupos de aplicativo como “Os Miozin de SMA” começaram a circular informações, fotos e curiosidades da cidade, seu início e sobre os pioneiros José Pereira do Nascimento, Lozorik Belém, Ovídio Martins, Neca Sôffa e outros, que em qualquer época, colaboraram e trabalharam ativamente para que a cidade se tornasse progressista e desenvolvida, como hoje.
A velha árvore Abricó de Macaco, cientificamente conhecida como Couropita Guianensis, é uma das grandes testemunhas da história. A lado de outros exemplares da praça, está naquela esquina não se sabe há quanto anos, mas é certo que desde que as ruas não aram asfaltadas. Àquela época a praça era o único local de encontro da juventude local, onde ficavam os tradicionais pontos de comercio. Havia também o salão paroquial, mas as festas e encontros lá não eram rotineiros.
Na esquina da Rua Quatro, há anos está a agência do Banco do Brasil, ladeada pela Caixa Econômica Federal e o Banco Bradesco. Na praça, frente a essas instituições financeiras e também no infelizmente extinto Bar do Pimenta, ficava o ponto de encontro dos fazendeiros, negociantes de gado e prestadores de serviços, que em tempos sem celular, internet e de difícil comunicação, se mantinham informados sobre preços de terras, cotação da arroba de boi e outros assuntos importantes.
Em sentido inverso, o reformado e tradicional Hotel São Miguel, que já recebeu hóspedes ilustres e hoje, com instalações e fachada moderna apresenta conforto ao viajante.
Ao mostrar imagens de como era aquela parte da cidade, inegável recordar a Casa Amazonas, que vendia móveis e eletrodomésticos, ao lado da Farmácia do Sr. Sebastião. Um pouco mais perto da praça, o local onde por anos funcionou a loja de tecidos do Sr. Irineu Ribeiro. E na esquina, o local onde foi o Armazém Tiradentes, depois agencia bancária do extinto Bamerindus, depois HSBC e hoje, uma loja de tecidos.
A farmácia do Donizete fica em um local onde durante anos existiu uma selaria, fábrica artesanal de equipamentos de montaria. Ao lado, na Rua Cinco e frente a à praça, havia uma oficina de bicicleta.
A Rua Cinco sempre foi uma das mais importantes da cidade. Ali, frente a praça havia a Xuá, local onde a juventude se divertia nas noites, com música ao vivo e dançante. Destaque para o proprietário Silvio que contratava conjuntos musicais da região, ou mesmo, o tradicional conjunto do João de Deus, conhecido como Tropa Santa. Mais acima, havia a lotérica, algumas óticas e na equina com a Avenida Mato Grosso, a tradicional Móveis Javaé. Indo além, o escritório de contabilidade do Moura, a eletrônica do pai do Valdi Macário e a Igreja Assembleia de Deus na esquina com a Avenida Minas Gerais.
A rua seguia e bem no alto, havia o Bar Oriente e após a serraria do pai do Cireneu Cirqueira, o campo do Raizão, então de terra e cercado por arame liso. Ali, nas tardes de domingo, boa parte da cidade se encontrava, quando haviam disputadas partidas de futebol. Nomes como João Cozinheiro, Orcino da Oficina, Dito da Cerâmica e Juvenal da Prefeitura eram os “dirigentes” das equipes de futebol.
Hoje, debaixo do velho e carregado Abricó, Donizete recorda quando chegou à cidade, nos anos 1970, indo trabalhar na farmácia do Sr. Jairo, a quem carinhosamente passou a chamar de Tio.
O fato é que a pequena São Miguel de ruas de terra e poeira está apenas nas imagens e nas recordações de seus moradores mais antigos. A cidade hoje é pujante, desenvolvimentista e economicamente muito rica.
Apesar das intempéries da política, continua firme em seu caminho de progresso, face à coragem e empreendedorismo de seus moradores, seja da cidade ou do campo.
Á distância, com saudade, me resta dizer: parabéns, São Miguel do Araguaia. Parabéns, cidade querida.

  
Foto: Donizeth Alves

Imagem: internet

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