quinta-feira, 14 de novembro de 2019

SÃO MIGUEL DO ARAGUAIA: 61 ANOS DE PROGRESSO




Imagem: Donizeth Alves



O comerciante Donizeth Alves aproveitava a sombra amiga das arvores em frente a sua farmácia, enquanto aguardava os clientes naquela manhã quente e ensolarada de 14 de novembro. Ali, ao lado de um exemplar do histórico e carregado de frutos Abricó de Macaco, conversava com o amigo César Sabino sobre o desfile ocorrido na véspera, em comemoração ao 61º aniversário da cidade.
E entre uma conversa e outra, diálogos com amigos através do aplicativo WhatsApp, onde o assunto principal era o aniversário da cidade, os pioneiros que construíram sua história e a tornaram uma das mais importantes e produtivas cidades do estado, onde a força maior vem do campo, através da agropecuária e do comércio, altamente desenvolvido.
Em grupos de aplicativo como “Os Miozin de SMA” começaram a circular informações, fotos e curiosidades da cidade, seu início e sobre os pioneiros José Pereira do Nascimento, Lozorik Belém, Ovídio Martins, Neca Sôffa e outros, que em qualquer época, colaboraram e trabalharam ativamente para que a cidade se tornasse progressista e desenvolvida, como hoje.
A velha árvore Abricó de Macaco, cientificamente conhecida como Couropita Guianensis, é uma das grandes testemunhas da história. A lado de outros exemplares da praça, está naquela esquina não se sabe há quanto anos, mas é certo que desde que as ruas não aram asfaltadas. Àquela época a praça era o único local de encontro da juventude local, onde ficavam os tradicionais pontos de comercio. Havia também o salão paroquial, mas as festas e encontros lá não eram rotineiros.
Na esquina da Rua Quatro, há anos está a agência do Banco do Brasil, ladeada pela Caixa Econômica Federal e o Banco Bradesco. Na praça, frente a essas instituições financeiras e também no infelizmente extinto Bar do Pimenta, ficava o ponto de encontro dos fazendeiros, negociantes de gado e prestadores de serviços, que em tempos sem celular, internet e de difícil comunicação, se mantinham informados sobre preços de terras, cotação da arroba de boi e outros assuntos importantes.
Em sentido inverso, o reformado e tradicional Hotel São Miguel, que já recebeu hóspedes ilustres e hoje, com instalações e fachada moderna apresenta conforto ao viajante.
Ao mostrar imagens de como era aquela parte da cidade, inegável recordar a Casa Amazonas, que vendia móveis e eletrodomésticos, ao lado da Farmácia do Sr. Sebastião. Um pouco mais perto da praça, o local onde por anos funcionou a loja de tecidos do Sr. Irineu Ribeiro. E na esquina, o local onde foi o Armazém Tiradentes, depois agencia bancária do extinto Bamerindus, depois HSBC e hoje, uma loja de tecidos.
A farmácia do Donizete fica em um local onde durante anos existiu uma selaria, fábrica artesanal de equipamentos de montaria. Ao lado, na Rua Cinco e frente a à praça, havia uma oficina de bicicleta.
A Rua Cinco sempre foi uma das mais importantes da cidade. Ali, frente a praça havia a Xuá, local onde a juventude se divertia nas noites, com música ao vivo e dançante. Destaque para o proprietário Silvio que contratava conjuntos musicais da região, ou mesmo, o tradicional conjunto do João de Deus, conhecido como Tropa Santa. Mais acima, havia a lotérica, algumas óticas e na equina com a Avenida Mato Grosso, a tradicional Móveis Javaé. Indo além, o escritório de contabilidade do Moura, a eletrônica do pai do Valdi Macário e a Igreja Assembleia de Deus na esquina com a Avenida Minas Gerais.
A rua seguia e bem no alto, havia o Bar Oriente e após a serraria do pai do Cireneu Cirqueira, o campo do Raizão, então de terra e cercado por arame liso. Ali, nas tardes de domingo, boa parte da cidade se encontrava, quando haviam disputadas partidas de futebol. Nomes como João Cozinheiro, Orcino da Oficina, Dito da Cerâmica e Juvenal da Prefeitura eram os “dirigentes” das equipes de futebol.
Hoje, debaixo do velho e carregado Abricó, Donizete recorda quando chegou à cidade, nos anos 1970, indo trabalhar na farmácia do Sr. Jairo, a quem carinhosamente passou a chamar de Tio.
O fato é que a pequena São Miguel de ruas de terra e poeira está apenas nas imagens e nas recordações de seus moradores mais antigos. A cidade hoje é pujante, desenvolvimentista e economicamente muito rica.
Apesar das intempéries da política, continua firme em seu caminho de progresso, face à coragem e empreendedorismo de seus moradores, seja da cidade ou do campo.
Á distância, com saudade, me resta dizer: parabéns, São Miguel do Araguaia. Parabéns, cidade querida.

  
Foto: Donizeth Alves

Imagem: internet

Imagem: internet





sábado, 27 de julho de 2019

FINAL DE JULHO, EM UMA MANHÃ ENCANTADA








A carinha triste do pequeno Gabriel ao se postar na cadeirinha do carro para que, em segurança, juntamente com os pais e o irmãozinho Daniel, acessassem a estrada que os traria de volta para casa deu bem a noção do que foram os três dias de estada na Fazenda do Tio João, aproveitando os últimos momentos das férias de julho.
Afinal, nesses três dias ele, o irmãozinho Daniel (ainda bebê, de quatro meses), os pais, avós maternos, tios e primos desfrutaram da harmonia da fazenda, vivendo a alegria do encontro e a boa convivência junto à natureza propiciada pelo ambiente rural.
Ali o pequeno Gabriel pôde acompanhar seu avô no curral onde as vacas eram ordenhadas pelo experiente e simpático Sr. Eurípedes, andou acompanhado pelo pai e pelos tios nos diversos ambientes do amplo quintal, foi até o pequeno riacho onde molhou os pés na agua límpida e fria, andou ao lado do priminho Douglas no carrinho de mão pilotado pelo avô e “ajudou” a trazer a lenha que seria utilizada no fogão caipira onde seriam feitas as guloseimas que ele tanto adora.
Mas o que o pequeno Gabriel curtiu mesmo foram dois momentos desse passeio: o primeiro, quando supervisionado e cuidadosamente acompanhado pela avó mexeu o doce de leite que estava sendo feito no antigo e cheio de histórias tacho de cobre. Ele acompanhou cada momento do processo desde a colocação do leite e do açúcar até notar que ele aos poucos ia mudando de cor, até tornar-se firme e pronto para o consumo. Impossível não dizer de sua alegria quando após o doce ser colocado nas vasilhas para ser distribuído, ao lado dos adultos que ali estavam participou da tradicional “rapa do tacho”.
Outro momento foi quando já perto da hora de vir embora ele finalmente conseguiu soltar pipa. Interessante que desde que chegou ele vinha pedindo ao pai e ao avô que fossem soltar pipa com ele, porém haviam outros afazeres “importantes” e somente no domingo encontraram tempo para atender ao seu pedido.
No início a pipa não subia corretamente. Assim que ganhava altura começava a girar de maneira intensa e rapidamente batia no chão. Mas ajudado por Oziel, um jovem trabalhador da fazenda, que paciente e cuidadosamente detectou o problema construindo uma nova cauda - ou rabiola, como chamam popularmente - para a “raia” e sem muita demora, após essa mudança conceitual no projeto, Gabriel encantado e com um sorriso no rosto viu sua pipa ganhar o céu límpido e claro da fazenda, naquela manhã bela de final de julho.
Ajudado pelo pai, assim que ela ganhou altura ele passou a comandar os movimentos que mantinham o brinquedo nos céus – agora, um pequeno ponto no firmamento.
Aos poucos aquele brinquedo foi ficando monótono e Gabriel logo partiu para outras atividades lúdicas, como verificar como estavam os pequenos peixes no tanque onde as vacas bebem agua e saber o que faziam ali as galinhas com seus inúmeros pintinhos.
Mas chegou a hora de voltar para sua casa e eu também fiquei triste com a despedida do pequeno Gabriel. Para mim também era hora de arrumar minhas coisas e ao lado da esposa, pegar a estrada de volta para casa.
Desses dias, maravilhosos e intensos ao lado do pequeno Gabriel, fica uma certeza: cada vez mais ficam fortalecidos os nossos laços de amor e amizade. E o melhor é lembrar que logo o pequeno Daniel estará junto conosco a correr e a brincar, nas travessuras tão comuns às crianças. E dessa vez acompanhados pelos avós, que de certa maneira, voltam também a ser crianças.





sexta-feira, 14 de junho de 2019

DO AMOR NOSSO DE CADA DIA





Em noite de alegria e confraternização, o pequeno e irrequieto Gabriel surpreende ao me chamar para ver as estrelas e procurar a lua. Pede que apague as luzes da varanda para que assim possamos enxergá-las melhor.
Sentados cada um em sua cadeira de fios, buscamos o firmamento e ele se diverte muito, encontrando a lua em um belo quarto-crescente, além das estrelas e nuvens oportunistas que ornamentavam o céu naquela noite de alegrias. Logo, busquei o violão e naquele cenário passamos a cantar nossas canções, prometendo para breve, compor uma canção de ninar para o pequeno Daniel.
Assim, entre noites calmas e tranquilas, onde podemos ainda ver o céu e as estrelas, observadas pela lua crescente, manhãs amenas e repletas de luz do outono, ou mesmo nas brincadeiras na areia do majestoso parque que fica próximo à minha casa, vamos levando a vida, sempre colocando em primeiro lugar nossa amizade, nosso amor e com a promessa de que seremos sempre amigos. Amigos para sempre!
Aliás, essa frase – amigos para sempre – me leva ao tempo em que minhas filhas eram pequenas como o menino Gabriel, quando sempre estávamos juntos, seja nas viagens que fazíamos ao interior do estado a bordo do poderoso Fusca 1600, ou quando mudamos para a recém construída casa, onde moro até hoje, entre o plantio da horta no quintal e as brincadeiras com a cadela Juma e o esperto e inquieto cãozinho Piteco, animais dóceis e amigos, que ficaram marcados na nossa saudade.
Hoje a infância e os relacionamentos entre pais, filhos e avós incluem algo que não havia no passado: as coloridas, elegantes e quase sempre obrigatórias telas de tecnologia touch screen, que trazem para a palma da mão o mundo em todas as suas vertentes. Boas ou ruins.
Essas telas substituíram muitos hábitos bons que antes eram comuns e aprazíveis. O bom dia era frente a frente, agora é virtual. As conversas e diálogos entre vizinhos foram substituídas pelos famosos “grupos” de aplicativos e aquela ligação para saber como estão os amigos e pessoas queridas, foi substituída por algumas palavras, quando não por intermináveis mensagens de vídeos, que dificilmente se consegue ver até o fim face à obviedade dos temas que trazem.
Evidentemente que não sou contra a tecnologia e o conforto e economia que trazem. É preciso dizer que utilizo muito – e bem – as maravilhas que a modernidade oferece. Mas por outro lado continuo a dar valor às coisas simples e belas da vida que estão aí, bem a nossa frente, pedindo para serem vistas.
Jamais deixarei de admirar as belezas de uma manhã – seja de benfazeja chuva ou de sol brilhante como as deste mês de junho. Jamais deixarei de apreciar o céu, a lua e as estrelas em noite calma na companhia do menino Gabriel ou perceber o milagre da vida acontecer, quando notamos o germinar das sementes que plantamos nos canteiros do quintal, que logo se transformam em pequenas e tenras plantinhas verdes e seguindo o fluxo normal, se tornam alimento sadio, sem agrotóxico algum.
Como é bom receber a visita de pequenos e ariscos pássaros, que do alto da goiabeira mandam seu canto, tornando o dia poético e encantado.
Tudo isso é amor, que se passa de pai para filhos e também para netos. Ao ver poesia em coisas pequenas e simples a transformamos em amor, que nunca será substituído por tela ou equipamento de alta tecnologia.
Assim sendo, apesar das dificuldades do cotidiano, vamos vivendo felizes o poema da vida. Da vida, do amor... Do amor nosso de cada dia!


sexta-feira, 31 de maio de 2019

LUTAMOS POR LIBERDADE E DEMOCRACIA! NÃO POR MADRAÇAIS!



Imagem retirada da internet


Sou de uma geração que viveu momentos da história do país em que as eleições não eram gerais e haviam senadores, prefeitos de capitais e governadores nomeados e o presidente da república era escolhido por um colégio eleitoral formado por deputados e senadores, a grande maioria do partido político da situação, chamado Arena. Era o tempo de bipartidarismo e a oposição se chamava MDB – não confundir com o atual, de Lobão, Jucá e similares.
Sou de uma geração que foi às ruas pedir eleições “diretas já” e viu Tancredo Neves ser eleito indiretamente, para na madrugada do dia de sua posse ser internado, vindo depois a falecer. Vimos José Sarney assumir a presidência, convivemos com inflação galopante de 84% ao mês e vibramos com a promulgação da constituição cidadã, hoje esfarrapada e vilipendiada.
Minha geração viu depois de muito tempo, um jovem político nordestino ser eleito presidente da república pelo voto direto, mas não demorou viu a juventude com a cara pintada de verde e amarelo ir às ruas gritar “Fora Collor” e pedir pelo seu impeachment.
Minha geração viu um plano econômico dar certo, depois de tantos que deram errado, acostumou-se a eleger pelo voto direto seus representantes nos parlamentos e no executivo. Viu Itamar Franco passar a faixa presidencial a seu sucessor, o ex-ministro FHC, que hoje no doce exilio de um apartamento milionário em Paris se dedica a dar pitacos errados sobre o Brasil, além de defender pelas redes sociais a liberação das drogas que aniquilam nossos jovens.
Minha geração viu um ex-operário ser eleito presidente, aproveitando os rumos certos da economia vigente, o que levou o país a um tempo de crescimento. Mas em razão da corrupção generalizada que ele e seu grupo aperfeiçoaram, o Brasil foi à bancarrota e hoje temos milhões de desempregados e subempregados.
Sou de uma geração que em junho de 2013 foi às ruas em todos os estados do Brasil protestando contra aumentos abusivos nas tarifas do transporte coletivo – movimento que começou em Goiânia – e se tornou protesto contra a corrupção e em apoio à Policia Federal e ao poder judiciário. Eram os tempos do mensalão...
Presenciamos a ex-presidente Dilma ser cassada e logo depois, o mesmo deputado que comandou o ato político que a retirou do poder ser cassado, condenado e preso por corrupção.
Em 2018 o país elegeu presidente da república Jair Bolsonaro, ex-deputado, capitão da reserva do exército brasileiro. Porém para nossa tristeza, até o momento ele ainda não se deu conta do significado de sua eleição, tampouco dos motivos que levaram o povo brasileiro a escolher seu nome para gerir os destinos do país por quatro anos.
À época das eleições, Bolsonaro não era o melhor quadro que se apresentava, mas o eleitor percebeu que seria o único capaz de agregar forças políticas e derrotar uma bilionária organização criminosa. Sem surpresa, deu a ele pelas urnas o mandato de presidente da república, com expressiva renovação na câmara dos deputados e no senado federal.
O presidente monta seu governo e como ele mesmo admitiu, com figuras inexpressivas. O primeiro ministro da educação, Vélez, o breve, foi indicado por um certo astrólogo, vidente ou sei lá o quê, e rapidamente teve confirmada sua inapetência total para o cargo. Sai Velez e veio outro, com fama de durão, prometendo enquadrar os servidores públicos de sua pasta, bem como os alunos das universidades e institutos federais país afora.
Novamente, a juventude, os estudantes vão às ruas contra atos do governo que podem inviabilizar a educação, e eis que o ministro ataca e denigre a imagem desses estudantes e professores que democrática e legalmente exercem seu direito a protestar contra o que acham estar errado.
Curiosamente, o ministro da educação disse ter recebido cartas (cartas?) de cidadãos indignados com a atitude dos jovens e de professores. Será que houve tempo para serem postadas, encaminhadas e entregues pelos correios? E em tempos de e-mails e WhatsApp, ainda há quem escreva cartas? Aliás, o presidente recentemente mandou uma carta ao congresso... Mas isso é para outra análise.
E sobre as críticas do mal-educado, incompetente e provavelmente futuro ex-ministro da educação, ele há de convir que tem que se submeter às leis vigentes do país, onde a liberdade de expressão e de livre manifestação ainda estão na constituição.
E a minha geração que lutou por democracia e liberdade, bem como a que aí está, não admitem que as universidades se transformem em madraçais do pensamento um grupo político instável e desorientado.
Evolução na educação, sim! Liberdade e democracia, sim! Madraçais, jamais.

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domingo, 12 de maio de 2019

EM TARDE DE CHUVA, LEMBRANÇAS E SAUDADE




A chuva veio de repente com pingos fortes e frios, quando eu aguardava que minha irmã Fatima ouvisse a campainha e abrisse o portão, para que eu adentrasse sua casa. Após a alegria do reencontro, explicitado em um abraço de irmão, casualmente colocamo-nos na janela, diante da floreira recém instalada no muro de onde pendiam orquídeas, begônias, e outras espécies de flores de uma beleza ímpar, que pareciam agradecer àquela chuva benfazeja.
Contemplando aquela beleza, começamos a conversar sobre a vida, sobre a infância na querida e saudosa Fazenda Nova América e também na longínqua Araguaçu, com seus personagens marcantes que faziam acontecer a vida naquela pequena comunidade.
Recordamos os vizinhos da fazenda, como Seu Zeca Silvino e a esposa Dona Terezinha, compadres dos meus pais. Seu Zeca tinha como característica marcante sua gargalhada forte e seu jeito bonachão e Dona Terezinha, sua delicadeza e suavidade na voz, e que sempre usava roupas da cor branca, certamente por algum voto ou mesmo por razões particulares.
Impossível não lembrar de “Sibila”, cujo nome de batismo era Severino e sua esposa Dona Mariana com sua prole imensa e alegre. Sibila, homem trabalhador das lides da roça, era pura alegria e bom humor.
A casa do meu avô não poderia deixar de estar nesse bate papo da janela. Lembramos da doçura que era a figura de minha avó Genoveva, humilde, generosa, cujas feições traziam paz e harmonia. No interior da casa, as imensas talhas cheias de água que ficavam na sala de jantar, o rádio na sala principal e os hábitos peculiares, como o jantar sempre às cinco da tarde.
Houve um tempo em que fomos morar em Araguaçu para que minhas irmãs estudassem. Morávamos em uma casa simples de tijolos aparentes que ficava em uma grande avenida, cujo destino era a saída em direção aos povoados de “Feijão Queimado” e “Patrimônio dos Mineiros”.
Tenho nos recônditos algumas lembranças dessa casa. Uma delas era quando passavam pela avenida grandes boiadas. Minha mãe fechava as portas, colocando nelas o “Agnus Dei”, invocando proteção divina para que nenhuma rês revôlta viesse a nos atacar. Assim, era expressamente proibido conversar alto, para que não corrêssemos risco.
Nos fundos dessa casa avistávamos um imenso campo de futebol e o grupo escolar, onde estudavam a maioria dos jovens da pequena cidade. Era nesse local que aconteciam as representações em comemoração ao sete de setembro, quando homens montados a cavalo reproduziam o grito de “independência ou morte”, que segundo a história foi bradado o por Dom Pedro I.
Saindo dessa casa e adentrando a avenida à esquerda iriamos encontrar o posto de saúde, onde a diligente Dona Iara atendia a todos que ali buscavam cura para seus males. Ainda lembro da figura ímpar de Dona Iara, de roupa branca e com uma seringa de injeção vindo para o meu lado e dizendo que não doeria, que seria rápido.
Em sentido inverso encontrávamos a praça da cidade, que abrigava uma pequena igreja ao centro, onde um dia foi ordenado padre meu primo Eduardo Alencar Lustosa.
Nas imediações dessa praça ficava a casa do Velho Gil, onde funcionava a agencia dos Correios, comandada por Lívia, uma de suas filhas. Quase ao lado, a loja de tecidos de Seu Mundico e dona Helena, pais do Padre Eduardo e do Fausto. Também ali perto a casa e o consultório de João Dentista e o armazém do Felão - um baiano alto, de voz forte e olhar direto. Ainda na praça e do outro lado, o armazém do Sr. Jovino, que tinha uma geladeira “a querosene” branquinha, Frigidaire, onde dentre outras coisas ele vendia “picolés de Ki-suco” feitos ali mesmo.
Mais abaixo, a farmácia do Zé Silva, a papelaria do Romildo e da Není, com seu aroma característico e na parte baixa da praça um posto de combustíveis e ao lado o armazém do Sr. Raul e de Dona Rica (pronuncia-se puxando o r, como ere), pais do hoje político Raul Filho, que foi prefeito de Araguaçu, de Palmas e também deputado estadual. Um detalhe: Dona “Rica” foi minha mãe de leite, e sempre teve um carinho especial por mim, tratando-me por “meu filho”.
Quase na saída que dava acesso à fazenda de meu avô e á querida Nova América, a pensão de Dona Altina e o armazém do Zé Crispim, de onde tenho a lembrança de ver seu filho João Crispim varrendo a frente, em uma manhã qualquer. E algo que muito me encantava, um dos símbolos da cidade que era avistado de longe: um cata-vento sobre uma torre, que movimentava uma bomba de puxar água, instalado na propriedade de Seu Terto, ou Tertuliano Corado Lustosa, prefeito por várias vezes da cidade.
E mais à frente, a chácara dos meus primos Zé Gonçalves e Francisquinha, com um córrego que corria bem próximo à casa, onde havia uma varanda onde a figura proeminente era um alegre rádio Abc – A voz de ouro.
Em seguida, chegava-se à estrada de rodagem, onde ao percorrer alguns quilômetros se avistavam imensas e talvez centenárias mangueiras da fazenda do Chiquinho Chaveiro, o que indicava que estávamos próximos ao local do acesso a estradinha que dava acesso à Fazenda Nova América.
O tempo passou tão rápido que ao despedir de minha irmã, acabei esquecendo o motivo principal pelo qual fora até ali. Afinal, foi emocionante naquela tarde de chuva, diante de flores tão belas, recordar momentos da vida, da infância, em doce saudade. Em doce saudade!


quinta-feira, 11 de abril de 2019

PARTIDA






Chegou leve, suave
Como voo de borboleta sobre folha nova...
Veio doce,
Iluminada pela lua cheia
Em noite de verão/outono
Qual carícia de brisa calma...

Fez-se ternura
Com o sorriso que traz
Manhãs e
Entardeceres...

E tão suave, leve
Como chegou
Deixando encanto
E sedução,
Partiu.

Talvez
Levada pela mesma brisa que te trouxe
Com a placidez
Do suave voo de borboleta...
Mas deixou lembranças,
Saudade...

E nessa saudade,
O desejo
De sentir o calor
De tuas mãos
Em minhas mãos...

-*-

#DeumpoetaQualquer

sexta-feira, 5 de abril de 2019

PRECISAMOS VOLTAR A SORRIR







A expressão triste daquela senhora, que embora tentasse mostrar simpatia ao servir o café no pequeno copo de plástico descartável me chamou à atenção. Embora tentasse estabelecer uma conversa ao afirmar que seu café era torrado e moído em sua própria casa, seu semblante não escondia por certo algumas angústias.
Iniciei a conversa com ela, confirmando o sabor amargo forte do café, com pouco açúcar, exatamente como eu gosto.
Àquela hora da manhã, por volta de nove horas ela já se preparava para ir embora. Disse que chegara as cinco da madrugada naquele “ponto”, onde de segunda a sexta-feira vendia café, leite, salgados, suco, bolos e claro, pão de queijo.
Sua clientela era formada por pessoas que desciam no ponto de ónibus ali perto – muitos operários de obras de construção civil – além de pessoas como eu que, passando por ali avistaram a banquinha e resolveram se aproximar.
Reclamou de algumas continhas de fiado que deixou de receber de gente que trabalhava ali perto e ao ser demitida, não voltou para pagar o que devia. Segundo ela, era pouco, mas importante para ela.
Pedi mais um café e ela, enquanto organizava suas coisas, ligou para o esposo afirmando que em meia hora poderia vir buscá-la. De ônibus, tinha que ser os dois...
Por fim sentou, se serviu de um café com leite e escolheu um pão de queijo, dizendo que merecia, afinal também era filha de Deus.
E ali contou parte de sua história. Ela e o esposo tinham uma panificadora pequena, mas que dava para sobreviver e pagar as despesas da família, inclusive manter um filho na faculdade particular. Mas por volta de 2015 as contas não fechavam, a despesa aumentou e eles tentaram vender o estabelecimento, porém não conseguindo, resolveram fechar definitivamente. Com a venda do pouco estoque que tinham e dos fornos, pagaram os acertos trabalhistas de três funcionários e tristes e desesperançados voltaram para casa. Ao dizer isso, ela encheu os olhos de lágrimas. Confesso que também me emocionei, sentido um nó na garganta.
Continuando o relato, disse que aos poucos as coisas começaram a apertar. O esposo foi trabalhar como terceirizado em uma empresa de telefonia, vendendo planos “absurdos e irreais” e ela começou a fazer quitandas por encomenda.
Mas isso não foi suficiente e as coisas somente começaram a andar quando resolveu que poderia vender diretamente aos consumidores, procurando minuciosamente e escolhendo aquele ponto, onde disse ter acertado, como um local razoável.
O que ganhava ali não dava para pensar em futuro, uma vida melhor, “mas a gente garante ao menos o pão de cada dia e o pagamento de contas básicas como água e energia elétrica.”
Quanto ao esposo, ele deixou a empresa de telefonia e se dedica a ajudá-la, fazendo as quitandas, salgados e bolos para vender. Mostrou com orgulho fotos no celular do local onde fazem os produtos, realmente muito limpo e bem cuidado. E eles usando sempre aquela touquinha branca na cabeça.
Paguei minha pequena conta e saí dali com o coração apertado e reflexivo. A situação daquela senhora é a de tantos brasileiros, que sem emprego ou tendo perdido seus empreendimentos, buscam no comercio ambulante o único meio possível de sobrevivência.
São pessoas que estão esquecidos pelos governos, seja dos anteriores ou dos que tomaram posse no primeiro dia de janeiro. O eleitor pelas urnas retirou uma corja e elegeu um presidente e governadores com grande esperança, mas até agora, as coisas não andaram. Parece que o eleito está sempre em campanha, acompanhado de sua prole, e único assunto que tem é a reforma da previdência. Além, claro, da bagunça que reina entre seus ministros.
O brasileiro segue sua sina. Parece que tudo está bem somente para os detentores do poder, que podem dizer e fazer as besteiras que quiserem, afinal o seu polpudo salário está garantido antes do final do mês.
Enquanto isso, a luta é para sobreviver com o mínimo de dignidade e honra. Um povo bom, correto, e trabalhador precisa ser melhor cuidado pelos que têm essa obrigação.
É preciso ações para que se possa recuperar a confiança de dias melhores, ter esperança e acreditar que tudo pode mudar. E assim, voltar a sorrir!


quarta-feira, 20 de março de 2019

AO LINDO DANIEL... IRMÃO DO GABRIEL!

"Dorme, Daniel!
Nana, Daniel!
Lindo Daniel
Irmão do Gabriel..."






O pequeno Gabriel estava inquieto, andando para lá e para cá ao meu lado, na rampa que dá acesso à maternidade onde em breve chegaria o pequeno Daniel, seu irmão. Sempre tocando no assunto que queria ver logo o irmãozinho, e com seu costumeiro e encantador sorriso, fitava-me com seus lindos olhos negros, como a perguntar por qual motivo ele ainda não chegara.
Pouco tempo antes, ele me emocionava, ao dizer que amaria muito o irmão e que cuidaria dele, que seria amigo e que dividiriam os brinquedos. E vez em quando me convocava a entoar a canção que juntos, compomos para o pequeno Daniel: “Dorme, Daniel, nana Daniel...”
Foi impossível olhar para aquelas paredes, aquele piso, as flores, que pareciam as mesmas de quando há exatos três anos Gabriel chegou, em noite quente de verão, trazendo encanto e alegria. Também viajei ao tempo do nascimento das minhas filhas, uma em uma tarde/noite de agosto, e outra em manhã de junho.
Agora, as emoções eram divididas entre o pequeno Gabriel, seus pais, avós e uma legião de amigos queridos que queriam saber se estava tudo bem.
Com o passar do tempo, colocamo-nos perto do local onde veríamos pela primeira vez o pequeno rebento. E enquanto conversávamos, fomos surpreendidos por uma porta que se abria, onde reconheci a voz do pai do Daniel com um bebê cuidadosa e carinhosamente nos s braços.
Fo um momento de muita emoção e alegria. Impossível conter algumas lagrimas que desceram silenciosamente por meu rosto, além do nó na garganta, sinônimos de alegria incontida.
O momento durou apenas alguns segundos, e em seguida, Daniel foi colocado em uma espécie de berço aquecido, onde aguardou os procedimentos normais das enfermeiras, – por sinal, gentis e extremamente educadas – como medir tamanho, aferir o peso e o famoso primeiro banho.
E em uma manhã ensolarada de verão, já quase outono, Daniel chegou com lindos olhinhos e cabelos negros, mexendo as mãozinhas, e os pequenos e frágeis pés. Chegou calmo e tranquilo, como que buscando entender que mundo era aquele que se apresentava a ele. Pouco chorou no banho, e em seguida estava bem agasalhado, com a roupinha linda que os pais carinhosamente adquiriram especialmente para aquele momento.
Enquanto fotografávamos e filmávamos os primeiros momentos de sua vida, o médico obstetra Dr. João Batista de Alencastro se aproximou e informou que tudo correra bem, que o bebê era muito saudável e que a mãe estava ótima. E como chegou, também se despediu, deixando-nos viver a emoção única e incomensurável da chegada de um bebê.
O pequeno Gabriel pareceu não entender muito aquela movimentação e atenção, ficando tímido por alguns instantes, mas estimulado pelo pai logo voltou a sorrir, se encantando com o irmãozinho. Não deixou de notar e comentar o fato que ele tinha muitos cabelos, cabelos negros, segundo ele, “iguais aos do Cebolinha.”
Em seguida, mais emoção: contato do pequeno Daniel com a mãe no apartamento, início do hábito de mamar e as primeiras rotinas da vida começando de fato ali para ele. Para mim, mais um momento de rara felicidade e alegria.
Que seja muito bem vindo o pequeno Daniel. Seus pais, seus irmãos e avós seremos sempre seus amigos. Como o pequeno Gabriel e eu temos um combinado, de sermos amigos para sempre, também fica estendido a você. Nós, amigos para sempre! Em alegre convivência de amor, harmonia e muita felicidade. Como afirma o pequeno Gabriel, “nós juntos.”
Que seja muito abençoado e cresça em graça e sabedoria. Sob a proteção de Deus, Nosso Senhor.

E com uma certeza: como seu irmão Gabriel, você será muito amado.



sábado, 16 de março de 2019

EM DEFESA DO JOVEM APRENDIZ




No inicio da década de 1980, cheguei a Goiânia, repetindo o ato de tantos que por aqui chegaram em busca de melhores condições de estudo e formação. À época, o país passava por um período difícil, com a economia estagnada e vivendo a transição do final do período autoritário para a democracia plena, através do exercício do direito de eleger seus representantes para os cargos do executivo e do legislativo.
Cheguei aqui cheio de sonhos e de imediato me deparei com as realidades. Embora morasse com meu irmão, eu tinha que sobreviver às minhas expensas. Meus pais não tinham condições financeiras de me manter por aqui e dessa forma, eu precisava fazer minha parte.
Fui em busca de trabalho. Lavei calçadas em lojas da Rua 68, mas logo os donos do pedaço educadamente me convenceram que para minha saúde física era bom cair fora dali. Consegui um trabalho em um piti-dog no final da rua três, bem perto da república onde eu morava, porém, o horário era extremamente difícil: das 23h até o último cliente. Mas, era o que eu tinha em mãos e enfrentei.
Uma manhã, passando em frente ao então centro administrativo, hoje palácio Pedro Ludovico Teixeira, perguntei a um senhor que saía de lá se ele poderia me arrumar um trabalho. Era um senhor moreno, magro, da “cara boa” e ele perguntou por qual motivo eu estaria ali pedindo trabalho. Contei a ele minha história e ele ficou pensativo por alguns instantes e depois, pediu meu nome, o número de documento de identidade e orientou que voltasse no dia seguinte no mesmo horário e o procurasse. Informou o número da sala, do andar e sumiu no meio das pessoas que dali se afastavam.
No dia seguinte eu estava lá e ele me recebeu de maneira cordial, de imediato me encaminhando para uma moça em uma sala próxima, que preencheu na máquina de datilografia uma ficha com meus dados e pediu que voltasse dali dois dias, quando então fui encaminhado para um endereço com uma carta de recomendação pedindo que me atendessem.
Ao chegar no local indicado, fiquei surpreso com a boa recepção das pessoas que ali estavam. Passei por uma entrevista com uma moça simpática, um rápido treinamento e dois dias depois, estava com a indicação para a vaga de office-boy em uma empresa de turismo.
O programa chamava-se “Pro-jovem” e era mantido pela então “Fundação Legionárias do Bem Estar Social”, entidade do Governo de Goiás que anos depois se tornaria OVG.
Foi a partir dali que eu de fato comecei minha vida profissional. Passei a receber meus proventos de maneira rigorosamente pontual, e com os cursos que o Pro-jovem oferecia, fui crescendo dentro da empresa. Onze meses depois, estava sendo contratado para o quadro efetivo e abrindo vaga para outro jovem aprendiz na função que desempenhei.
Não posso negar a importância do Pro-jovem em minha vida. Ali eu tive orientação, acompanhamento e acima de tudo valorização como ser humano.
Passados muitos anos, eu vejo que o Governo de Goiás, agora chefiado pelo ex-senador Ronaldo Caiado, joga uma pá de desconfiança no programa. Um dos maiores programas do Brasil de inclusão de jovens no mercado de trabalho, contemplando jovens que como eu, um dia buscaram oportunidades, adquirir experiência e acima de tudo, seguir pelo caminho do bem e da boa convivência com a sociedade. Lembro que à minha época as coisas eram bem mais fáceis e a violência não era tanta como hoje. As más influências eram mais distantes.
Tal fato gerou imensa preocupação na sociedade, e pelo que soube, exigiu atuação da justiça do trabalho que interferiu colocando regras e impedindo que de imediato, milhares de jovens ficassem sem trabalho, afinal muitos usam os salários recebidos para se manter ou ajudar na sobrevivência da família.
Se o programa “Jovem Aprendiz” precisa de ajustes, que sejam feitos, até discutidos com a sociedade. Mas de maneira unilateral e absoluta simplesmente acabar, pode comprometer o futuro de muitos jovens.
Soube que o Pro-jovem, da minha época e o Jovem Aprendiz são os mesmos, havendo apenas adequações e mudanças de nome.
Acabar o que está sendo feito, apenas por ter sido apoiado pelo governo que antecedeu Ronaldo Caiado, é pensar pequeno e deixar de se preocupar com os imensos reflexos negativos que tal ato pode ocasionar.
A sociedade precisa de meios de formar os jovens e motivá-los a trilhar o caminho do bem. O traficante, o bandido está em cada esquina e o jovem precisa de boas oportunidades e acompanhamento da família e de entidades sérias. Portanto, mais que nunca, o jovem em início de carreira e formação profissional precisa desse fantástico impulso que é o programa “Jovem Aprendiz.”
Espera-se que o governador e sua equipe reflitam e ajam sempre de acordo com os interesses da sociedade. E o Jovem Aprendiz é sim, de extremo interesse do povo de Goiás.

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Paulo Rolim – Jornalista, Produtor Cênico e ex-integrante do Pro-Jovem
Twitter: @americorolim

sexta-feira, 15 de março de 2019

DANIEL: UMA NOVA HISTORIA DE AMOR




As aguas de março, volumosas e em muitos casos assustadoras vão encerrando o verão, como descrito na bela canção de Tom. A tradicional e certa enchente de São José parece que resolveu vir alguns dias antes da data comemorativa ao santo carpinteiro, pai de Jesus. Em Goiânia, em muitos lugares as ruas se tornaram rios com correnteza forte, o que foi pontual e imediatamente filmado, transmitido e divulgado através dos zapes da vida. E se a previsão do tempo acertar, continuarão a ocorrer chuvas intensas e fortes nos próximos dias. Valei-nos, Senhor São José!
Mas tem alguém que não anda se preocupando com chuva, enchente, tempestade ou mesmo os problemas desse mundo. Prefere curtir seus dias no lugar mais seguro e terno do mundo: a barriga de sua mamãe.
O pequeno Daniel está para chegar. Talvez quando muitos lerem essa singela crônica, ele já esteja entre nós, encantando a casa com seu chorinho de bebê recém-nascido. Para alegria dos pais Thais e Bruno, de seu irmãozinho Gabriel e dos avós Vilma e Amilton, além da avó Selma e deste avô que emocionado, escreve essas singelas linhas.
Daniel está para chegar. E vem como mais uma linda história de amor, iniciada no idílio de seus pais e com a chegada de seu irmão mais velho Gabriel – que completa exatamente três anos esta semana.
Gabriel é um misto de alegria e curiosidade com o irmão. Conversa com ele diante da barriga da mamãe, canta, brinca e junto com o avô, adaptou uma canção que um dia foi composta para ele. “Nana, Daniel, dorme Daniel. Lindo Daniel, irmão do Gabriel...”
Para recebe-lo, está tudo cuidadosamente preparado. Mamãe Thais, papai Bruno e Gabriel já fizeram as tradicionais fotos, as roupinhas limpinhas e bem cuidadas estão organizadamente guardadas e os agasalhos, mantas e o quartinho que dividirá com Gabriel estão aguardando apenas sua chegada.
Diante de tudo isso, de toda essa movimentação é impossível não voltar à lembrança daquela tarde/noite quente de março de 2016 quando o pequeno Gabriel chegou. Chegou com seus olhinhos vivos, e soltando o berreiro mostrou ao mundo que acabara de chegar, iluminado e feliz.
Naquele momento também foi inevitável recordar quando minhas filhas chegaram. A primeira, Thais, em uma tarde de lindo céu azul de agosto e a mais nova, Alline, em uma manhã de um sábado ensolarado de junho. Tudo isso voltou ao meu coração ao contemplar emocionado através do vidro o primeiro contato do pequeno Gabriel com este mundo. E a semelhança de seus olhos bem pretinhos, brilhantes e vivos com os da mãe e da tia foi imediatamente notada.
Daniel está chegando. Que venha com muita saúde e cresça sempre em graça e sabedoria. E que, como o pequeno Gabriel, também escreva sua história. Uma história de amor. Aliás, uma linda e emocionante história de amor!
Seja muito bem vindo, Daniel. Irmão do Gabriel!




terça-feira, 5 de fevereiro de 2019

Da poesia?




Saudades de ti,
Poesia...
Saudades de você
À inspiração
Do luar,
Ao brilho de estrelas,
E provocações
De brisas leves
Em madrugadas
Breves,
Mas intensas.

Saudades...
Ah: da poesia?
Saudade!

quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

LUAS, LUARES...


Vez em quando
Ocorrem distancias,
Desencontros,
Minguante...

Até quando
Não te vejo,
É nova...
Sei que estás
No firmamento
Do coração...

Mas eis que
Teu sorriso
Retorna...
Crescente

Teu olhar,
É lua cheia
Brilhante
Candente...
Que encanta
E transcende

...é você,
Que
Se fez de lua
Para me encantar...