Imagem: Donizeth Alves |
O comerciante Donizeth Alves aproveitava a sombra amiga das arvores em frente
a sua farmácia, enquanto aguardava os clientes naquela manhã quente e
ensolarada de 14 de novembro. Ali, ao lado de um exemplar do histórico e
carregado de frutos Abricó de Macaco, conversava com o amigo César Sabino sobre
o desfile ocorrido na véspera, em comemoração ao 61º aniversário da cidade.
E entre uma conversa e outra, diálogos com amigos através do aplicativo
WhatsApp, onde o assunto principal era o aniversário da cidade, os pioneiros
que construíram sua história e a tornaram uma das mais importantes e produtivas
cidades do estado, onde a força maior vem do campo, através da agropecuária e
do comércio, altamente desenvolvido.
Em grupos de aplicativo como “Os Miozin de SMA” começaram a circular
informações, fotos e curiosidades da cidade, seu início e sobre os pioneiros
José Pereira do Nascimento, Lozorik Belém, Ovídio Martins, Neca Sôffa e outros,
que em qualquer época, colaboraram e trabalharam ativamente para que a cidade
se tornasse progressista e desenvolvida, como hoje.
A velha árvore Abricó de Macaco, cientificamente conhecida como Couropita Guianensis, é uma das grandes
testemunhas da história. A lado de outros exemplares da praça, está naquela esquina
não se sabe há quanto anos, mas é certo que desde que as ruas não aram
asfaltadas. Àquela época a praça era o único local de encontro da juventude
local, onde ficavam os tradicionais pontos de comercio. Havia também o salão
paroquial, mas as festas e encontros lá não eram rotineiros.
Na esquina da Rua Quatro, há anos está a agência do Banco do Brasil,
ladeada pela Caixa Econômica Federal e o Banco Bradesco. Na praça, frente a
essas instituições financeiras e também no infelizmente extinto Bar do Pimenta,
ficava o ponto de encontro dos fazendeiros, negociantes de gado e prestadores
de serviços, que em tempos sem celular, internet e de difícil comunicação, se
mantinham informados sobre preços de terras, cotação da arroba de boi e outros
assuntos importantes.
Em sentido inverso, o reformado e tradicional Hotel São Miguel, que já
recebeu hóspedes ilustres e hoje, com instalações e fachada moderna apresenta
conforto ao viajante.
Ao mostrar imagens de como era aquela parte da cidade, inegável recordar
a Casa Amazonas, que vendia móveis e eletrodomésticos, ao lado da Farmácia do
Sr. Sebastião. Um pouco mais perto da praça, o local onde por anos funcionou a
loja de tecidos do Sr. Irineu Ribeiro. E na esquina, o local onde foi o Armazém
Tiradentes, depois agencia bancária do extinto Bamerindus, depois HSBC e hoje,
uma loja de tecidos.
A farmácia do Donizete fica em um local onde durante anos existiu uma
selaria, fábrica artesanal de equipamentos de montaria. Ao lado, na Rua Cinco e
frente a à praça, havia uma oficina de bicicleta.
A Rua Cinco sempre foi uma das mais importantes da cidade. Ali, frente
a praça havia a Xuá, local onde a juventude se divertia nas noites, com música
ao vivo e dançante. Destaque para o proprietário Silvio que contratava conjuntos
musicais da região, ou mesmo, o tradicional conjunto do João de Deus, conhecido
como Tropa Santa. Mais acima, havia a lotérica, algumas óticas e na equina com
a Avenida Mato Grosso, a tradicional Móveis Javaé. Indo além, o escritório de
contabilidade do Moura, a eletrônica do pai do Valdi Macário e a Igreja
Assembleia de Deus na esquina com a Avenida Minas Gerais.
A rua seguia e bem no alto, havia o Bar Oriente e após a serraria do
pai do Cireneu Cirqueira, o campo do Raizão, então de terra e cercado por arame
liso. Ali, nas tardes de domingo, boa parte da cidade se encontrava, quando
haviam disputadas partidas de futebol. Nomes como João Cozinheiro, Orcino da
Oficina, Dito da Cerâmica e Juvenal da Prefeitura eram os “dirigentes” das
equipes de futebol.
Hoje, debaixo do velho e carregado Abricó, Donizete recorda quando
chegou à cidade, nos anos 1970, indo trabalhar na farmácia do Sr. Jairo, a quem
carinhosamente passou a chamar de Tio.
O fato é que a pequena São Miguel de ruas de terra e poeira está apenas
nas imagens e nas recordações de seus moradores mais antigos. A cidade hoje é
pujante, desenvolvimentista e economicamente muito rica.
Apesar das intempéries da política, continua firme em seu caminho de
progresso, face à coragem e empreendedorismo de seus moradores, seja da cidade
ou do campo.
Á distância, com saudade, me resta dizer: parabéns, São Miguel do
Araguaia. Parabéns, cidade querida.
Foto: Donizeth Alves |
Imagem: internet |
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