Elemento relativamente novo na vida da maioria dos
brasileiros, as redes sociais, ao surgirem, logo foram incorporadas ao
cotidiano de jovens, sobretudo adolescentes e em pouco tempo adquiriram grande abrangência, conquistando milhões de usuários e fãs. Alguém lembra, conheceu ou sabe o
que foi o Orkut, por exemplo?
Através delas a comunicação foi amplamente facilitada,
trazendo maior interatividade e possibilidade de ampliação de
network, saber um pouco mais detalhadamente da vida e do cotidiano de pessoas conhecidas
e claro, facilitando relacionamentos.
Mais recentemente, a política, ou os políticos, descobriram as redes sociais como forma de convencimento e de trazer para si seguidores, correligionários, apoiadores. Se por um lado permitiram que divulgassem ou apresentassem ideias e projetos, por outro acirrou confrontos. Diariamente, se vê desrespeito, pouca educação e tentativas inócuas de imposição de pontos de vista ou ideologias. Para quem observa de longe, subentende-se que quem está ali com esse comportamento, não efetua postagens para convencer a quem quer que seja, mas apenas para marcar presença e se fazer notado por seus chefetes políticos e na maioria das vezes, garantir um empreguinho para si ou para algum familiar.
Antes de 2017, os “brigões” ou encrenqueiros das redes, se
limitavam aos apoiadores de alguns partidos ditos de esquerda, mas logo
apareceram os ditos de direita, defendendo inclusive o então candidato e atual Presidente Jair Bolsonaro, que fez sua campanha à presidência em grande parte baseada
em redes sociais.
A partir disso, muitos cidadãos que eram discretos, se expuseram,
passando a maior parte de seu tempo provocando e estimulando conflitos,
exemplo seguido pelo presidente da república e seus filhos.
Essas situações de confronto acabaram deixando as telas
coloridas dos smartphones e notebooks e passaram para locais como o ambiente
familiar, a porta do supermercado, feiras livres (apesar da pandemia) e
igrejas. Como torcedores de times de futebol, é comum ouvir dizer: “Aquele é
desse lado”, ou “Esse é do outro lado”.
O ápice dessa sandice e virulência em sua face mais visível,
ocorreu na última terça feira (16), quando o deputado federal pelo Rio de Janeiro
Daniel Silveira, do PSL e da base de apoio do Presidente Bolsonaro no
congresso, soltou sua verborragia em um vídeo, onde segundo suas palavras, ameaça
ministros do Supremo Tribunal Federal. Óbvio que é algo inadmissível em uma
democracia, pois apesar da liberdade de expressão ainda garantida pela Constituição
de 1988, o respeito entre membros dos poderes é fundamental, ainda que se
discorde de seus atos.
A imediata reação da suprema corte, com o ministro Alexandre
de Moraes determinando a prisão em flagrante do parlamentar deu visibilidade e
talvez, o palco que o deputado possivelmente queria. Para tanto, Alexandre de
Moraes invocou o inquérito contra os atos antidemocráticos, conhecido no meio
político e jurídico como “O inquérito do fim do mundo”, onde Daniel Silveira é investigado.
O caso promete ainda muita repercussão e desdobramentos.
Mas para o lado de cá pouco se faz. Políticos não costumam agir em favor do povo
que vive sem mordomias e sofre as agruras de uma economia em frangalhos, com alto
nível de desemprego e subemprego, 240 mil mortes causadas pela Covid-19, sem
saber quando terá acesso à vacina, além da violência crescente em diversos
níveis e incerteza em alta quando ao futuro e sem sequer poder imaginar como
estaremos daqui a um ano, ou, como será o Natal de 2021.
O congresso nacional, que a cada legislatura parece piorar,
precisa exercer as funções que lhe foram confiadas. Necessário deixar de lado a
beligerância inútil das redes sociais e pensar e agir em favor dos brasileiros,
e não apenas fazer política em benefício próprio.
A política, a proximidade do poder seduzem e geram ambições. Por aqui, começam a chegar paraquedistas, que embora há muito
não pisem em solo goiano, estão de olho nas benesses que um mandato longo como
o de senador proporciona. Para isso, propõem até deixar sua luxuosa mansão em
São Paulo e com o dispêndio de muito dinheiro, enfrentar o sacrifício de uma “árdua”
campanha eleitoral. Claro, subestimando a inteligência do eleitor goiano. Correremos
o risco de ter por aqui um caso como o de Ney Suassuna, que empreende e mora no
Rio de Janeiro e disputa eleições pela Paraíba?
Precisamos de ações positivas, e uma delas é eleger parlamentares
que no mínimo sejam honrados, não tragam consigo a mácula de ter cometido roubo
ao erário, bem como não cultivem o hábito de acobertar crimes de seus pares. E
que trabalhem, não apenas briguem nas redes sociais. Utópico? Sim, mas possível.
Dependerá de cada um de nós! Saber votar, e procurar
esclarecer a importância do voto a quem acha que “votar é bobagem”. O voto,
ainda é nosso grande instrumento de mudança.
E mudar para melhor, depende sim, de cada brasileiro.
Depende de nós!