Antes
de chegar um novo dia, invariavelmente estou acordado e imerso em meus
pensamentos, elucubrações, sentimentos.
Nessas
viagens ao interior do coração busco relembrar alegria e
saudade. Como o tempo em que criança, menino ainda, ficava encantado e
emocionado com sons e acordes tirados ao violão por mãos rudes e dedos calosos.
Um dia vou aprender tocar violão, pensava.
A
música e a poesia desde muito cedo estiveram presentes em minha vida. Dos
acordes do violão ao canto dos pássaros, das canções no rádio às cantigas das
lavadeiras no córrego, tudo era motivo de felicidade e alegria.
A
poesia chegou a mim logo através de meu pai, que em densos e belos poemas de
amor exprimia seu sentimento, sua alma, seu querer. Depois, conheci Vinicius,
Bandeira, Cora, Aquino. Também poemas em
forma de crônica de Jean Pierre Conrad, que descrevia com maestria as coisas
simples e belas da vida.
Um
dia, o amor chegou e preencheu meu coração, tomou conta de mim. Amor que me fez
encantar com a beleza de uma lua cheia em noite calma e de violão plangente... “Eu
te darei o céu, a lua, as estrelas...”
O
amor... Tem pessoas que dizem não conhecer o amor. E não conhecendo o amor,
preferem deixar sentimentos ocultos, escondidos. Outros afirmam que amar é algo
subjetivo, efêmero às vezes, sazonal. Penso que não, o amor é muito mais que
puro e simples encanto, muito mais que admiração, desejo. Amor é conjunto de
ações, emoções, entrega, cumplicidade.
Amor
prevê também saudade da pessoa amada, tristeza quando ausente, e alegria
incontida quando do reencontro feliz, do beijo emocionado. Ou talvez aquela
emoção sentida alguns segundos antes da chagada da pessoa amada. Expectativa, paixão.
Ainda sob a luz da
lua, na madrugada uma serenata. Serenata que traz canções que fazem palpitar de
felicidade e bater mais forte o coração. Canções que fazem sonhar. Ouvir de
olhos fechados o “tema da vida dos dois”. Antes que a ultima estrela se vá, o
beijo furtivo, ou talvez a saudade que se inicia.
Amor. Felicidade.
Lua cheia. Serenata. Canções. Saudade.
Logo, os primeiros
raios de luz surgem no horizonte e a noite a se despedir. A escuridão se
vai... Começa o dia com bela sinfonia de
pássaros. E chega a hora de buscar o trabalho, responsabilidades, compromissos
assumidos. A luta diária. Desigual, às vezes, mas nunca injusta.
E a batalha diária
fica mais amena quando o amor é presente.