O ano de fato recomeça hoje. Como é bom estar de volta a este espaço, a partir do altar da comunicação poder freqüentar os lares de pessoas tão queridas, dos diletos amigos e amigas que toda sexta-feira, religiosamente, se colocam ao pé no rádio, na expectativa de ouvir estas simples palavras e as maravilhosas canções que aqui desfilam.
Confesso que senti uma falta danada da responsabilidade de escrever toda semana uma crônica inédita. Parece faltar algo muito importante, como se fosse parte de mim a obrigação de enviar a tempo hábil o texto para a rádio.
O ano começou mesmo agora. Depois de uma temporada de muitas chuvas, o tempo agora parece que se aquietou e as chuvas agora são mais espaçadas, embora venham fortes, quase sempre no fim da tarde, as famosas chuvas de verão. Mas também, vez por outra, chegam na madrugadinha, deixando-nos ouvir o leve barulho sobre o telhado, suave cantiga a embalar o sono.
Saio de casa ainda escuro, privilégio do horário de verão que teima em não acabar. Falar de trânsito caótico seria redundante, isso já ficou algo normal. O que antes era apenas na hora do rush é hoje durante todo o dia.
Depois de um dia inteiro de trabalho e correria, hora de voltar pra casa. Encontro, com o sol ainda a pino meu quintal coalhado de canto de pássaros e de verde, verde que ajudado pelas chuvas se intensificou, quebrado apenas pelo amarelo das imensas e doces goiabas que rotineiramente caem no chão. Quase sempre com metade já servida aos pássaros que vêm da mata vizinha para matar sua fome.
Falar em pássaros, todo fim de tarde um monã de alegres e barulhentas maritacas e periquitos visitam o pé de goiaba. Algumas vezes também aparecem as elegantes e fidalgas araras azuis. Sem nenhuma cerimônia Fazem a última refeição do dia antes de se recolherem. Dá gosto ver e ouvir a arruaça que promovem. Espertas que a qualquer barulho se assustam e de imediato, aos bandos, fogem, com intenso alarido. Como é interessante o meu Faiçalville querido. Apesar de ser um bairro onde há tráfego intenso, alguns prédios, que parecem caixotes de concreto e ruas asfaltadas, ainda encontramos em um quintal um bando de alegres e pássaros que ao cair da tarde, parecem dizer que não se renderão ao concreto, ao barulho ou ao que possa vir da civilização e da modernidade. Parecem afirmar: resistiremos.
Logo chega a noite e, ao invés da obrigatória e massacrante televisão, busco a companhia do rádio, do velho e querido Philco Transglobe. Busco em outros continentes transmissões em português, a visão de nosso querido Brasil por outros povos, outras culturas.
Tudo isso não teria sentido se não nos encontrássemos aqui, nesse espaço todas as semanas. Que o ano que para nós começa hoje seja de muitos encontros, poesia e visitas à infância e aos recônditos da alma e do coração. Que possamos, como sempre, estar juntos nessas viagens de nostalgia e saudade.
Saborear essa gostosa leitura "A ALEGRIA DO REENCONTRO" é mais que bom! É excelente!!!
ResponderExcluirObrigado Escritor Goiano. Sempre nos proporcionando ótimos artigos.
Reinaldo Bueno
Lindo texto! O bem se paga com o bem. Isso é reciprocidade, vai e volta!
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