Essa semana resolvi passear pela cidade. Era feriado em homenagem à Padroeira de Goiânia, Nossa Senhora Auxiliadora, dia ideal para rever lugares e ir ao encontro de minhas saudades.
Instintivamente
fui ao velho Lyceu de Goiânia. Como há tantos anos ele está lá impassível,
vendo o tempo passar sem se importar. Sua imponente porta, resistente de tantos
anos, parece me reconhecer e fazer-me relembrar colegas, recreios, noites de
violões e serenatas.
Na Rua Dois com a Avenida
Goiás não foi difícil estacionar. O pouco movimento de pessoas e automóveis me
fez recordar aquela Goiânia de há vinte, trinta anos. Numa esquina busquei o local onde funcionou o
antigo escritório de vendas de passagens da Varig, local onde tantas vezes fui
recebido pelo Sr. Antonio Duarte, que era o Gerente da empresa em Goiás. “Seu”
Duarte, como era chamado, sempre tinha uma palavra amiga, um bom conselho quase
de pai. Hoje, pelos imensos e exagerados cartazes percebi que naquele local
funciona um escritório de intermediação de empréstimos a funcionários públicos.
O antigo glamour do lugar acabou.
A Avenida Goiás está
bem cuidada, limpa. Seus canteiros centrais têm plantas diversas e os inúmeros
bancos de madeira ali existentes convidam o transeunte a descansar por alguns
instantes.
Sigo e paro na Avenida Tocantins, tão importante
em minha vida. Naquele momento estava calma, sem nenhum movimento. Na altura do
numero 320, cercadas por tapumes as ruínas do velho sobrado onde funcionava o
Restaurante da Dona Maria. Ainda mantém externamente a decoração característica
do estilo “Art-Déco” e a cor verde daquela época. Além da comida maravilhosa
feita por Dona Maria, diariamente encontrava amigos ali, como Hélverton Baiano
e o saudoso poeta Tagore Biran.
Os velhos Flamboyants,
apesar de mutilados e em parte cobertos pela fuligem estão lá, resistindo.
Alguns se atrevem, apesar de não ser primavera, a botar belos e tardios cachos
de flores. Como a dizer: “ainda estamos aqui, não nos abandonem”.
A Praça Cívica, ou
Praça Pedro Ludovico Teixeira está lá, quieta. Hoje é apenas um grande estacionamento.
Por causa do feriado foi possível ver pessoas a observar suas abandonadas e escondidas
fontes. Os pombos continuam lá, como há anos.
Ao passar pela Praça
Tamandaré tive ímpetos de procurar os bares da época em que morava ali perto.
Naqueles palcos se ouvia a boa MPB nas vozes de Anete Teixeira, Fernando Perillo,
Pádua, João Caetano, Gustavo Veiga, Marcelo barra, Jorge Lyra e o ótimo piano
de Paulinho de Assis. Quanta saudade. E como era bom namorar ali.
No Setor Bueno, me
espantou a altura das torres dos novos prédios que estão sendo construídos.
Acostumado a edifícios com no máximo vinte andares, percebi que os novos
espigões têm trinta, trinta e cinco andares. Coisas das novas tecnologias de
construção.
Enterneci-me ao
ver nas avenidas os pequenos Ipês com suas flores de um amarelo vivo.Sem se importar
com o movimento intenso dos carros que passam por ali, os ipês soltaram suas
belas flores. Assim como as sibipirunas - agora com um verde bem escuro,
fechado - que exibem suas bagens de sementes que irão garantir a perpetuação da
espécie.
Goiânia me deu esse presente. Em um dia de feriado, calmo e sem a loucura do transito cotidiano pude rever lugares e reviver saudades, perceber momentos de ternura nas crianças correndo ao lado dos pais, brincando pelas praças.
Goiânia me deu esse presente. Em um dia de feriado, calmo e sem a loucura do transito cotidiano pude rever lugares e reviver saudades, perceber momentos de ternura nas crianças correndo ao lado dos pais, brincando pelas praças.