segunda-feira, 12 de outubro de 2015

ENCONTROS, DESPEDIDAS, REENCONTROS...


Foto: internet


O choro alto de um inquieto rapazinho que tentava se desvencilhar dos braços da mãe se tornou o centro das atenções de quem estava no apertado, acanhado e pouco confortável saguão de desembarque do aeroporto de Goiânia. O guri gritava, de maneira quase ininteligível entre lágrimas copiosas e sentidas, que queria o pai, que queria logo o pai e que ele estava demorando. A mãe, talvez constrangida com o show do pirralho, se afastou da multidão, levando para longe dali.
Ao vir a calmaria, fiquei a observar as pessoas que ali estavam. Alguns com semblante de felicidade, de expectativa de chegadas, de encontros, reencontros. Enquanto esperam a bagagem, alguns passageiros acenam, gerando ainda mais ansiedade nos que os aguardavam.
Eis que a porta automática se abre e pessoas começam a surgir. São momentos de emoção, abraços de chegadas, encontros, reencontros. Oposto de despedidas! Abraços fortes, beijos de carinho, alguns com lágrimas de alegria. E mãos que se encontram e se entrelaçam, se acariciam. Que mandam a saudade para longe, por novamente estarem juntas, próximas. Que se fazem emocionar com demonstrações de alegria, de carinho, ternura.
Após a chegada da pessoa que eu esperava, conversamos sobre esses encontros, despedidas. E refletimos sobre a vida. Algumas despedidas soam como definitivas, doem. Mas podem ser apenas um até breve. Algumas vezes a vida traz isso, e penso que são etapas que se cumprem. Necessariamente se cumprem.
Com essas idas a casa fica maior e bem vazia. E o coração da gente parece ficar “faltando um pedaço”. A saudade aperta mais ainda quando se olha para um quarto que agora não está mais ocupado, onde outrora era lugar sagrado, sacrossanto, um santuário particular, onde somente a dona, qual sacerdotisa daquele templo, tinha acesso livre e irrestrito.
Aos poucos, o lugar se torna apenas mais um cômodo da casa. Os preciosos tesouros que restaram, recordações em pequenos objetos, são levados lentamente e o vazio vez ou outra é notado, sentido, lembrado.
A contrapartida é que, claramente as etapas da vida vão se cumprindo. É a sequencia da vida, o ciclo perfeito da existência. E logo frutificam, com a realização de sonhos, com a chegada de novas gerações. Que trazem encanto e alegria, suprindo e deixando esquecidas algumas saudades.
E esse vazio perde sentido quando sons de crianças ecoam pela casa, ou até mesmo quando nota-se um choro como o menino no saguão de um aeroporto. É a alegria que retorna, explicitada em forma de sorrisos de criança.
E, como diz a canção, a hora de partida também pode ser hora de chegada. “O trem que chega, é o mesmo trem da partida...”.




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