sexta-feira, 7 de abril de 2017

EM DIAS E NOITES DE OUTONO


Imagem retirada da internet


O outono chegou e como sempre, alternando dias quentes com chuvas fortes e repentinas, quase sempre ao final da tarde. Às vezes, a chuva vem à noite, trazendo acalento e quietude. Não raro, se estende pela madrugada e ao alvorecer, tem-se uma bela manhã de sol, clima ameno, suave, o orvalho cobrindo árvores, plantas e pequenas moitas de capim, verdes nessa época, que ocupam os terrenos baldios da cidade.
O encanto e o enlevo da alma ficam por aí. Ao ligar o rádio para ouvir noticias matutinas ou acessar portais via internet, vem-se um turbilhão de assuntos, em sua maioria, desalentadores e tristes.
O país está à deriva. Governado por um presidente que quer porque quer aprovar leis que vão contra direitos adquiridos dos cidadãos, com a desculpa de zerar défits e atender aos mercados, que se locupletam com a especulação financeira e a leniência das autoridades.
Também criminosos contumazes travestidos de políticos – muitos detentores de  mandato parlamentar, que vergonhosamente atentam contra tudo aquilo que é bom e honesto. Eles, detentores da confiança do povo através do voto, roubam, conspiram e vilipendiam o país, composto em sua imensa maioria por pessoas honestas e trabalhadoras, que ainda assim têm orgulho de ser brasileiros.
Agora os senhores políticos, a maioria deles indiciados por corrupção, peculato, roubo do erário e outras modalidades criminosas, com medo de perderem o mandato ao não serem reeleitos – o que esperamos – querem impor ao país uma tal de lista fechada, onde os caciques, donos dos partidos políticos, como chefes de facção criminosa, indicarão seus parceiros preferidos.
Lutamos árdua e dificilmente para poder votar em quem quisermos. Lutamos contra uma ditadura militar durante 21 nos, mais o tempo que o Sr. José Sarney, eleito por via indireta, sendo vice de Tancredo Neves, assumiu a presidência da república por cinco anos.
A democracia no país, regime por mais imperfeito que seja, é um patrimônio de toda a sociedade e está em perigo. Não podemos aceitar que políticos criminosos, – como o Sr. Renan Calheiros, réu e indiciado por 12 vezes – e que contam com a leniência e bondade de tribunais que deveriam julgá-los, de maneira vergonhosa e repentina, acabem com o nosso sagrado direito de votar em quem quisermos. Pensar que enquanto políticos roubam bilhões, falta gaze e dipirona nos postos de saúde da rede pública.
O povo brasileiro, o cidadão de bem, honesto e trabalhador, que diariamente luta pela sobrevivência não pode aceitar que essa corja mantenha-se no poder à custa de manobras escusas.
E em outro campo, as noticias que chegam pelo rádio dão conta que o mundo não vai bem. Na insana e inaceitável guerra da Síria, crianças inocentes, homens e mulheres morreram atingidos por armas químicas, notadamente o letal e cruel gás Sarin. A sensação é de indignação, tristeza e decepção com o ser humano.
E para piorar, na manhã de hoje, acordo com a notícia de retaliação dos poderosos senhores da guerra, lançando seus precisos e poderosos misseis contra a Síria.
O mundo poderia ser bem melhor. A esperança nos leva a sonhar que, talvez por um único momento de um dia esses senhores da guerra, sempre imersos em seus ideais assassinos, deixassem por alguns instantes de lado o ódio e percebessem a beleza de uma manhã de outono. Quem sabe, mudariam seus conceitos. E a paz se tornaria mais fácil.
Felizmente temos a beleza das manhãs e a força da poesia, que diariamente nos alimenta e acalenta. Apesar de tudo, apesar dos senhores da guerra.
Em dias e noites de outono.


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