O sabiá, com seu canto
intenso e belo é o primeiro a abrir o concerto matinal da maravilhosa orquestra
de pássaros que se apresenta diariamente em meu quintal, ainda sob os auspícios
dos últimos sinais da madrugada, que deixa a cena para que tome conta a luz do
dia, que chega forte e majestosa.
Logo, se juntam ao Sabiá
irrequietos pardais, bem-te-vis, grupos de rolinhas da terra e fogo-apagou, as
pequenas corruíras e um sem número de barulhentos casais de João-de-barro
saudando a manhã, saudando o dia, saudando a vida.
É possível sentir ainda
o cheiro de natureza que vem da jabuticabeira em sua segunda florada, desta vez
com um número bem maior de flores que aos poucos vão se tornando pequenos
frutos, verdinhos e tenros. Logo estarão pujantes e grandes, trazendo a doçura
do fruto maduro fazendo a alegria de adultos, crianças e de um sem número de
pequenas abelhas sem ferrão que buscam ali o alimento que garantirá a
continuidade da vida da colmeia que certamente fica por perto.
Ao meio do quintal,
impossível não notar lado a lado com a graciosa mangueira, a goiabeira coberta por
flores brancas, a contrastar com o verde suave de folhas recém-chegadas que
substituíram as que cumprindo sua missão, caíram e deram lugar a elas. As belas
flores brancas da goiabeira a lembrar grinaldas de pura nubente pela beleza que
trazem, logo se tornarão bulbos e não demorará, frutos doces e saborosos.
Mas há um componente
que costuma incomodar e muito nesse tempo: o calor! Calor que gera impaciência no
transito, traz agonia a pessoas idosas e aos animais que também sofrem. Porém
esse calor é que haverá de provocar a mãe natureza e torná-la ciente da
necessidade de alívio e ela, sábia que é, fará com que o ciclo das águas, pela
evaporação, se intensifique e logo a irmã-chuva venha – no início acompanhada
de ventos fortes, trazendo a certeza de recomeços, renovar da vida.
É muito bom, apesar do
calor, perceber esses sinais de alegria de pássaros, a beleza de jabuticabeiras
e goiabeiras floridas qual debutantes e mangueiras carregadas de cachos de
frutos. Tudo isso traz um significado ímpar: a chegada da primavera, a mais
bela das estações, embora seja necessário que se faça justiça às outras
estações, pois a primavera é o ápice de um ciclo onde a beleza predomina e a
vida se renova.
É interessante, mas a
cada ano não consigo me furtar de escrever sobre jabuticabeiras e goiabeiras
floridas, mangueiras com os galhos vergados pelo peso dos cachos imensos de
frutos, o ir e vir de pássaros das mais diversas espécies em busca de construir
ninhos e assim perpetuar a vida com o acasalamento.
Não há como deixar de
escrever sobre a primavera, pois, acima de tudo, quem pede é o coração. Assim,
seja como sempre, muito bem-vinda, bela primavera. Primavera que sempre há de significar
vida, amor, renovação!