Em noite de alegria e
confraternização, o pequeno e irrequieto Gabriel surpreende ao me chamar para
ver as estrelas e procurar a lua. Pede que apague as luzes da varanda para que
assim possamos enxergá-las melhor.
Sentados cada um em sua
cadeira de fios, buscamos o firmamento e ele se diverte muito, encontrando a
lua em um belo quarto-crescente, além das estrelas e nuvens oportunistas que ornamentavam
o céu naquela noite de alegrias. Logo, busquei o violão e naquele cenário
passamos a cantar nossas canções, prometendo para breve, compor uma canção de
ninar para o pequeno Daniel.
Assim, entre noites
calmas e tranquilas, onde podemos ainda ver o céu e as estrelas, observadas
pela lua crescente, manhãs amenas e repletas de luz do outono, ou mesmo nas brincadeiras
na areia do majestoso parque que fica próximo à minha casa, vamos levando a
vida, sempre colocando em primeiro lugar nossa amizade, nosso amor e com a
promessa de que seremos sempre amigos. Amigos para sempre!
Aliás, essa frase –
amigos para sempre – me leva ao tempo em que minhas filhas eram pequenas como o
menino Gabriel, quando sempre estávamos juntos, seja nas viagens que fazíamos ao
interior do estado a bordo do poderoso Fusca 1600, ou quando mudamos para a recém
construída casa, onde moro até hoje, entre o plantio da horta no quintal e as
brincadeiras com a cadela Juma e o esperto e inquieto cãozinho Piteco, animais dóceis
e amigos, que ficaram marcados na nossa saudade.
Hoje a infância e os
relacionamentos entre pais, filhos e avós incluem algo que não havia no
passado: as coloridas, elegantes e quase sempre obrigatórias telas de
tecnologia touch screen, que trazem para a palma da mão o mundo em todas as
suas vertentes. Boas ou ruins.
Essas telas substituíram
muitos hábitos bons que antes eram comuns e aprazíveis. O bom dia era frente a
frente, agora é virtual. As conversas e diálogos entre vizinhos foram substituídas
pelos famosos “grupos” de aplicativos e aquela ligação para saber como estão os
amigos e pessoas queridas, foi substituída por algumas palavras, quando não por
intermináveis mensagens de vídeos, que dificilmente se consegue ver até o fim
face à obviedade dos temas que trazem.
Evidentemente que não sou
contra a tecnologia e o conforto e economia que trazem. É preciso dizer que
utilizo muito – e bem – as maravilhas que a modernidade oferece. Mas por outro
lado continuo a dar valor às coisas simples e belas da vida que estão aí, bem a
nossa frente, pedindo para serem vistas.
Jamais deixarei de
admirar as belezas de uma manhã – seja de benfazeja chuva ou de sol brilhante
como as deste mês de junho. Jamais deixarei de apreciar o céu, a lua e as
estrelas em noite calma na companhia do menino Gabriel ou perceber o milagre da
vida acontecer, quando notamos o germinar das sementes que plantamos nos
canteiros do quintal, que logo se transformam em pequenas e tenras plantinhas
verdes e seguindo o fluxo normal, se tornam alimento sadio, sem agrotóxico
algum.
Como é bom receber a
visita de pequenos e ariscos pássaros, que do alto da goiabeira mandam seu
canto, tornando o dia poético e encantado.
Tudo isso é amor, que
se passa de pai para filhos e também para netos. Ao ver poesia em coisas
pequenas e simples a transformamos em amor, que nunca será substituído por tela
ou equipamento de alta tecnologia.
Assim sendo, apesar das
dificuldades do cotidiano, vamos vivendo felizes o poema da vida. Da vida, do
amor... Do amor nosso de cada dia!
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