sábado, 18 de abril de 2020

A REFLETIR: É HORA DE PENSAR EM 2022 E NA ESCOLHA DO PRÓXIMO PRESIDENTE





A democracia permite que qualquer brasileiro, em dia com suas obrigações civis e eleitorais, filiado em um partido político e de acordo com as regras do TSE, seja candidato a qualquer cargo eletivo e caso obtenha os votos necessários, seja eleito, inclusive para a presidência da república. Esse é um dos pilares do regime democrático, que em tese, dá voz e representatividade à decisão da maioria da população.
A história republicana brasileira traz situações interessantes, esdrúxulas e até cômicas, não fossem trágicas. E uma constatação: brasileiros com vocação para liderar e com perfil de estadistas, podem ser contados nos dedos de uma mão. E olhe lá que sobram alguns dedos...
O período pós-redemocratização do país mostrou haver uma vacância de políticos com perfil conciliador, capazes de unir o país em torno de projetos comuns, e que trouxessem dentro de si características indispensáveis a um homem público: honradez, honestidade. E sensibilidade para apresentar propostas e atos que tragam em sua essência o ser humano como prioridade, não apenas aquilo que preconizam os mercados, o liberalismo e as cartilhas econômicas.
Após o trágico acontecimento com Tancredo Neves – para muitos até hoje mal explicado - grande esperança de solução imediata de todos os problemas do Brasil assim que tomasse posse, foi feito um arranjo entre os líderes políticos, que acabou levando o maranhense José Sarney, que fora vice-líder no Senado do governo Geisel, bem como filiado à Arena, partido da situação durante o regime de exceção.
Sarney, ao ver que se aproximava o fim do governo militar, juntando-se a outros políticos acabou por deixar a Arena, que com a reforma política que acabou com o bipartidarismo, virou PDS e na sequência compôs com a Frente Liberal - aglutinando forças conservadoras e foi o fiel da balança na definição do futuro político do país. Sarney colocou-se como vice de Tancredo Neves que concorreria e seria eleito indiretamente pelo congresso nacional, vencendo a chapa comandada por Paulo Maluf, candidato do núcleo duro da direita. E pode-se afirmar a eleição indireta que foi um degrau obrigatório para a transição sem maiores dissabores ou dificuldades entre a ditadura e a democracia.
Eis que, finalmente em 1989 ocorreriam as tão sonhadas eleições diretas para presidente da república. Havia apenas um candidato natural, Lula, então presidente do Partido dos Trabalhadores e uma série de prováveis candidatos menos expressivos eleitoralmente, embora conhecidos, como Paulo Maluf, Mario Covas, Leonel Brizola, Fernando Gabeira, Aureliano Chaves.
Mas eis que surge de um momento para outro um político desconhecido, com ótima oratória, que se utilizando de um programa partidário em rede nacional e com uma agressiva proposta de moralização do país sob o bordão de “caçador de marajás”, mostra cenas de grãos armazenados pelo governo supostamente apodrecendo, e se projeta como um arrojado líder, além de jovem, audaz e moderno. Ideal para tirar o país do atraso, com uma população ávida por modernidade e progresso econômico e social.
Collor acaba sendo eleito em um pleito cujo desfecho teve fatores determinantes, dentre eles a edição de um debate promovido pela Rede Globo, o que segundo especialistas, prejudicou Lula, seu então adversário, candidato por uma coligação liderada pelo PT. 
Mas seu governo durou pouco, apesar de ações de marketing, como voar em um caça da FAB e outras aparições tidas como fantásticas. Após o fracasso de planos econômicos e a divulgação em revistas nacionais de atos de corrupção da “República de Alagoas”, como chamavam seu grupo político, teve o mandato cassado, muito pela pressão de movimentos de jovens que tomaram conta do país, na época os chamados cara-pintadas.
Itamar Franco, vice na época, assumiu e comandou um governo que lançou os pilares para a economia até hoje vigente, com a elevação ao cargo de Ministro da Fazenda do então pouco conhecido e até controverso chanceler Fernando Henrique Cardoso, que surfou nas ondas da popularidade trazida pela estabilidade econômica e na sequência, pelo voto direto se elegeu presidente.
Mais uma vez ficou claro que a falta de líderes deu o poder a um político que outrora desconhecido, recebeu do povo brasileiro a incumbência de conduzir os destinos do país. Após o Governo de FHC, finalmente Lula foi eleito presidente da república, comandando um período que se utilizou fartamente da estabilidade econômica trazida pelo plano real, avançou em alguns quesitos, trazendo substancial melhora na educação com a abertura de inúmeras faculdades privadas e estatais, mas desde o início, ao assumir o poder deixou-se contaminar pelo nocivo mal da corrupção, que sobre a égide de seus líderes partidários, levou o país a uma crise econômica, a qual será longa e a duras penas sairemos dela. Maluquices como uma suposta criação de um bloco político esquerdista unindo países do cone sul, além de generosos empréstimos sem garantia a ditaduras africanas, além de Cuba e Venezuela, que levaram o país a bancarrota, a ponto de a principal empresa do país quase quebrar.
Em 2018, novamente a falta de líderes e o fenômeno se repete: mais uma vez um político desconhecido do povo brasileiro se projeta como a única opção capaz de vencer uma organização partidária que se transformou, segundo afirma o Ministério Público, a Procuradoria Geral da República e corroborado pela justiça em todas as instancias, em organização criminosa com tentáculos em diversos setores da sociedade e capaz de promover atos onde até pessoas de bem se deixam levar.
Jair Bolsonaro, que um ano e meio antes das eleições percebeu o enorme poder das redes sociais, tornou-se aos poucos conhecido de quem decidiria as eleições. De roldão, levou dois filhos para o congresso – um no Senado outro na Câmara – além de um adotivo, e recebeu quase 58 milhões de votos, mas isso não significa que hoje tenha o apoio desse eleitorado.
Definitivamente, Bolsonaro não era o candidato mais preparado dentre os que disputaram as eleições naquele momento para gerir o país, mas conseguiu se impor como o único capaz de vencer o candidato que representava a corrupção sistêmica que tomou conta do país. Foi assim que, de desconhecido e pouco significativo representante de um segmento da sociedade no congresso, integrante histórico do baixo clero, se elegeu presidente da república.
Mal assumiu e seus atos impensados e pouco recomendáveis começam a surgir. Desde uma absurda tentativa de imposição de valores conservadores e religiosos ao povo, a desnecessária briga com governadores e a suposta tentativa de proteção explícita a seus filhos ante investigações da polícia e do ministério público, acabaram por torna-lo uma grande decepção ao povo que o elegeu.
O pior: quando da chegada do furacão que se tornou o Covid-19, ou Coronavírus, que exigiu das governantes ações rápidas e eficazes, dignas de estadista, o presidente não correspondeu.
Desde a absurda perseguição a jornalistas e veículos de imprensa que não aceitam abandonar o jornalismo livre e crítico para simplesmente corroborarem com seu modo de pensar a agir, até a irresponsabilidade com que parece conduzir sua vida e de seus auxiliares nesse momento de pandemia, o fazem com que se torne um presidente fraco. Sua sorte é que seus adversários, por enquanto, são inexpressivos e moralmente desacreditados, como o deputado Rodrigo Maia, que supostamente conduz a câmara federal motivado única e exclusivamente em evitar que ao sair da cadeira de presidente, tenha o mesmo destino que seu antecessor Eduardo Cunha.
Cenas de ciúme, dignas de pastelão ou do seriado O bem amado, onde ele fez questão de dizer a todo mundo que “ presidente sou eu” ou “eu tenho a caneta”, trazem insegurança e a certeza que o presidente é mesmo muito fraco pouco determinado, incapaz de conduzir o país diante de suas necessidades mais urgentes.
O Brasil tem pela frente duas guerras. A primeira, contra o nefasto e letal Coronavírus, depois a reconstrução econômica, social e até política. O presidente até o presente momento se mostra incapaz de ser conciliador e condutor de um grande pacto pelo bem do país.
Por isso, que é hora de pensarmos em 2022, nos candidatos que se apresentarão, para que não se eleja alguém pelo fato de ser o mais popular das redes sociais. Que se analise seu passado, seu presente e a possibilidade de seu futuro juntamente com o país.
Experiências nesse sentido, costumam não dar certo, como mostra a história recente. Precisamos de um estadista, honesto, comprometido com o Brasil e seu povo. Tá difícil encontrar um político com esse perfil? Sim, mas não podemos desistir! É hora de começar a debater o assunto. Já!




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