segunda-feira, 6 de abril de 2020

EM TEMPO DE LÍDERES APEQUENADOS, O PODER SE AGIGANTA NAS MÃOS DOS MAUS






Na crise, quando líderes que deveriam ser grandes no aspecto de caráter, firmeza de decisões e capacidade de articulação, gestão e organização, se portam como meninos birrentos de escola, o mais imediato resultado é que adversários ou aliados fracos acabam se sobressaindo, mostrando aos poucos suas vontades, ambições e aspirações pessoais, crescendo à medida que o dito líder se diminui, se apequena.
É o que está acontecendo no Brasil hoje. O presidente Bolsonaro, que teve no pleito de  2018 o apoio de mais de 57 milhões de brasileiros que o elegeram, cansados da roubalheira, da pilhagem perpetrada contra a coisa pública, por uma poderosa e tentacular organização criminosa, segundo a PGR/MPF e a Polícia Federal, confirmada pelas instâncias da justiça brasileira, se mostra cada vez menor, mais incapaz, jogando para outros a responsabilidade de sua imensa incapacidade de governar, articular e acima de tudo, trabalhar para a solução dos grandes problemas nacionais, que apesar da urgência do combate e prevenção ao Covid-19, não acabaram. Até pelo contrário, se potencializaram. Estão apenas relegados a segundo plano nas matérias prioritárias dos informativos, pela força impiedosa do crescimento do Covid-19.
Um dos principais problemas do presidente, além das agressões a profissionais e veículos de comunicação, é o ciúme, que ao que parece, é alimentado e fomentado por seus filhos, que embora tenham cadeira em parlamentos, se arvoram em circular no gabinete da presidência, não perdendo uma só chance de estarem sob os holofotes.
Foi assim que, por esse ciúme, doentio até, geraram desnecessárias crises que quase afastaram o ministro Sérgio Moro, unanimidade nacional e um dos poucos do governo a manter popularidade e credibilidade.
E é o que acontece com o Ministro da Saúde Luiz Henrique Mandetta. Bastou, pelo seu cargo, ser figura proeminente no esclarecimento e nas ações de combate ao vírus, que o ciúme se generalizou e o presidente mostrando-se fraco, manda recados, lembrando a todo momento que “o presidente é ele”. Fraqueza, ciúme, insegurança e arrogância não são predicados de um estadista, que é o que o país precisa nesse momento. E o pior: passam os dias e o presidente da república dá sequência àquilo que se chama de “fritura” do ministro da saúde, algo já ocorrido em seu governo com os ministros Moro e Paulo Guedes.
E nesse vácuo, com constantes oscilações da popularidade e credibilidade – sempre para baixo - do presidente, surgem figuras como o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia e o presidente da suprema corte, ministro Dias Tóffoli, ambos em nada benquistos pelo povo brasileiro.
É interessante e até constrangedor a desenvoltura com que tentam ocupar espaços, aproveitando a ineficácia e pouca inteligência do governo. Maia, cuja alcunha na Lava Jato é "Botafogo",  conhecido de investigações da Polícia Federal e do Ministério Público, se notabilizou por procrastinar ou sequer colocar em pauta votações de temas importantes, que os brasileiros ansiavam, dentre elas o fim do foro privilegiado.
Aliado a um grupo denominado “Centrão”, que claramente trabalha contra o país e não tem nenhum compromisso com os anseios do brasileiro de bem, estão preocupados em somente garantir a impunidade e a certeza que o crime no Brasil, para certas organizações criminosas e seus figurões, a maioria da política, é algo vantajoso e cada vez mais distante das garras da justiça.
Maia, nascido no Chile, pouco se importa com o que os brasileiros pensam. Quer é, de uma maneira ou de outra, se garantir para os próximos anos, como líder de um grupo em uma casa de leis que cada vez mais, por sua atuação e da maioria de seus pares, cai no descrédito popular.
Em outra vertente, Tóffoli tenta se mostrar como conciliador, estadista e líder, mas se esquece que o povo está cansado das mordomias, atitudes e atos de ministros da suprema corte, que também está no limbo da aversão popular. Que o digam os mais de duzentos mil reais empenhados para os lanchinhos do ministro e seus convidados, a serem servidos a bordo dos jatinhos da FAB em suas inúmeras viagens, cujo ato só foi cancelado após ser amplamente divulgado pela imprensa. E mais recentemente, a censura à divulgação de agendas, viagens a possivelmente, atos de seus pares.
O fato é que preocupa e muito a situação pela qual passa o país. O presidente da república cada vez mais se apequena, aparentemente perdido, mal orientado, sem rumo e sem a menor noção da sua importância em um momento como este.
E pequenos e inexpressivos líderes tentam aparecer, dominar, ocupar espaços, mas pela própria natureza e falta de credibilidade, não conseguem. O problema é que, lembrando Rui Barbosa, de tanto insistirem, o poder venha a se agigantar nas mãos dos maus, ainda que pequenos e desprovidos do que o país precisa: além de caráter, honradez e idoneidade, capacidade de liderança e de conduzir bem nossos destinos rumo a um futuro melhor.
Salvo melhor juízo.

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Um comentário:

  1. Texto lúcido e repleto de verdades que todos nós precisávamos falar. Parabéns, confrade Paulo Rolim.

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