terça-feira, 17 de outubro de 2023

ELEIÇOES 2024: MUITA ATENÇÃO À VICE!

 

Imagem: Internet 


A história recente do país trouxe para a arena política a figura do Vice, em todos os níveis. Importante lembrar que na fase final da transição do regime militar para a democracia plena, após vencer Paulo Maluf no colégio eleitoral do Congresso Nacional, a poucas horas da posse o presidente Tancredo Neves – esperança talvez utópica do Brasil naquele tempo – passou mal e foi internado às pressas, vindo a falecer após longa agonia - dele e do país.

A solução para não jogar fora todo o esforço para o restabelecimento da normalidade democrática foi empossar o vice José Sarney, que de interino passou a presidente, de acordo com o desenrolar dos fatos que culminaram com a morte de Tancredo Neves.

A era Sarney, se por um lado trouxe avanços em determinados setores, ficou marcada por inflação galopante – expressão da época – denúncias de corrupção e incertezas quando aos aspectos econômicos e políticos.

Isso possibilitou que velhas raposas políticas de dinastias que secularmente detinham o poder na região nordeste – mesma região de Sarney – vendo as possibilidades de assumirem o governo, com um discurso agressivo e em rede nacional catapultaram uma candidatura que, se vitoriosa em 1989, com o tempo mostrou que o “Caçador de Marajás” era um engodo e que fez por merecer o impeachment. O primeiro de um presidente brasileiro.

Voltando ao assunto do vice, nas duas maiores cidades do estado de Goiás – a capital Goiânia e a vizinha Aparecida – dois vices assumiram o cargo de Prefeito. Em Aparecida, Vilmar Mariano patina em uma administração que em tese, tinha tudo para dar continuidade à vitoriosa e aprovada gestão de Gustavo Mendanha, em uma sequência de boas administrações, com destaque para o governo de Maguito Vilela.

Em Goiânia, com a tragédia que se abateu sobre o eleito Maguito Vilela, em uma hábil jogada política e jurídica permitiram que o Vice prefeito eleito tomasse posse à la Sarney. De maneira definitiva, o carioca – de nascimento e de sotaque – Rogério Cruz assumiu a cadeira do 6º andar do Paço Municipal e comanda a formidável máquina da Prefeitura de Goiânia.

O tempo mostrou que Rogério Cruz, morador de Goiânia há poucos anos e vereador por dois mandatos não tinha a habilidade necessária para gerir os destinos da população goianiense. De Maguito vilela, esperava-se uma gestão que sequenciasse a vitoriosa era Iris Rezende, repetindo o que havia feito na vizinha Aparecida.

Demandas complexas, como do trânsito – cada vez mais caótico – que exige ações positivas e intervenção constante são deixadas “para depois” e nada é feito. O caos atinge também a saúde, onde maternidades públicas com frequência suspendem o atendimento por inadimplência do município com os gestores da unidades. E como sempre, a população humilde é quem  sofre com a inação da administração. 

A educação é um dos setores que mais sofrem e agora, depois de muitos anos – quem lembra da ultima greve no setor? – os administrativos municipais estão em greve por direitos como data base, equiparação do auxilio locomoção ao dos professores e implantação do sonhado Plano de Carreira. Segundo afirma o SINTEGO em sua página, “os/as Administrativos/as são os trabalhadores/as com os menores salários de toda a prefeitura de Goiânia! São as/os merendeiras/os, auxiliares de atividades educativas, auxiliares de secretaria, pessoal da limpeza, secretários/as gerais das escolas!”

No cotidiano, além do trânsito caótico, a cidade virou um grande lixão a céu aberto, com um problema que se arrasta há meses: a irregularidade na coleta de lixo.

Outro fato que chamou muito à atenção foi a negativa do prefeito Rogerio Cruz em dialogar com a Vereadora Aava Santiago, presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, que ao lado dos sindicatos da categoria queria participar de uma reunião para buscar soluções para o atendimento às reivindicações e consequentemente o fim da greve dos administrativos, que cada vez mais tem adesão, atingindo um número maior de escolas. Aava, por determinação do prefeito, foi expulsa do Gabinete e não participou da reunião. A Câmara Municipal até que deveria se posicionar ante a situação, mas pelo andar da carruagem isso não deve acontecer.

Portanto, nas eleições de 2024, com base em fatos históricos do passado e da situação do presente, além de procurar saber quem é seu candidato (a) à prefeitura, atente para a figura do vice. Ele pode futuramente sentar na cadeira e gerir os destinos de sua cidade!


Trabalhadores administrativos da educação
reunidos frente ao Paço Municipal

 

quarta-feira, 11 de outubro de 2023

DE SÃO MIGUEL A LUIZ ALVES - MEMÓRIAS DA PONTA DA LINHA


Imagem: Acervo Pessoal João Bill - Página Facebook

“Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia”. (Atribuído ao Lev Nikolaevitch Tolstoi – escritor russo)

Quando menino, caminhava pelas ruas empoeiradas de saudade da minha infância na pequena e saudosa São Miguel do Araguaia e intimamente, repleto de curiosidade procurava perceber o significado do nome dos logradouros da cidade. As Avenidas, essas eram de fácil compreensão – à época o núcleo urbano era bem restrito – pois traziam nomes de estados brasileiros como Avenida Pará, Goiás, Mato Grosso, Minas Gerais, além de nomes de heróis de expressão nacional como Tiradentes – que na minha inocência de menino pensava ser uma homenagem a um comerciante da cidade – além de Pedro Álvares Cabral.

            Já as ruas que cruzam as avenidas, conhecidas por números – Rua Dois, Três, Quatro, Cinco, Nove, indo até a Rua Onze, nas proximidades do local onde hoje é a Igreja Assembleia de Deus e a estação rodoviária, que naqueles tempos antigos abrigava um barulhento “motor de luz’, ou, um potente gerador de energia elétrica movido a óleo diesel que, em algumas horas do dia abastecia a população. A exceção era aquela que deveria ser a Rua Um, que ganhou nome de Avenida Paranaíba.

Mas quando ia para a Praça – Ovídio Martins – e pela avenida chamada por muitos como “A Principal” – Avenida José Pereira do Nascimento – a dúvida era imediata: quem era o senhor que originou o nome da aprazível pracinha, ou da movimentada e importante avenida que cortava – e ainda corta – toda a cidade? Sem contar nomes de instituições que estudei, como a Escola Paroquial São Miguel Arcanjo, e o Colégio Estadual Dr. Dorival Brandão de Andrade – quem teria sido esse “importante” personagem que emprestou o nome à escola onde praticamente todos os jovens da cidade estudaram?

E quem eram os personagens que circulavam pelas ruas, muitos de casa em casa ou simplesmente presentes nos eventos da cidade, como Vani Aroeira, Adão Doido, Bom, além de Rufino, Velho Jacó...

Haviam aqueles dirigentes que como leigos, focavam a vida religiosa e ao lado de padres, pastores e professores contribuíam sobremaneira para que a infância e adolescência seguissem em uma jornada normal e venturosa.

As paixões da adolescência naturalmente vieram e começavam na escola, depois nos encontros dominicais dos grupos de jovens nas igrejas e continuavam na Praça Ovidio Martins, palco de muitos inícios de vida a dois, onde olhares furtivos e tímidos algumas vezes evoluíam para uma sessão de cinema no velho e saudoso Cine São Miguel, do Sr. Odorico e da Dona Genu.

Sem contar que o Majestoso e belo Rio Araguaia que traz no seio de suas águas os mistérios da Nação Karajá “Ny Mahãdu”, e que tem como principal porta de entrada a partir de São Miguel o Distrito de Luiz Alves. Quem teria sido esse senhor Luiz? Ou, importante também mensurar e procurar saber quem foram os pioneiros daquele rincão outrora distante que, primeiro teve ligação com Leopoldina (Aruanâ) e em sentindo inverso, Couto Magalhães (Presidio de Santa Maria) que apenas tardiamente pôde ligar-se a São Miguel através da ação de homens corajosos e audazes, que abrindo picadas, tornaram isso possível

É muita história a ser registrada e contada.

Como na célebre frase atribuída a Leon Tolstoi, me sinto compelido a pintar minha aldeia pelos caminhos da literatura, através das cores da saudade e das lembranças ainda vivas nas pessoas que fizeram e ainda fazem parte da história e da vida de minha cidade.

Canta tua aldeia e serás feliz!