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A história recente do país trouxe para a arena
política a figura do Vice, em todos os níveis. Importante lembrar que na fase final da
transição do regime militar para a democracia plena, após vencer Paulo
Maluf no colégio eleitoral do Congresso Nacional, a poucas horas da posse o presidente Tancredo Neves – esperança talvez utópica do Brasil naquele tempo – passou
mal e foi internado às pressas, vindo a falecer após longa agonia - dele e do país.
A solução para não jogar fora todo o esforço
para o restabelecimento da normalidade democrática foi empossar o vice José Sarney, que de
interino passou a presidente, de acordo com o desenrolar dos fatos que
culminaram com a morte de Tancredo Neves.
A era Sarney, se por um lado trouxe avanços em
determinados setores, ficou marcada por inflação galopante – expressão da época
– denúncias de corrupção e incertezas quando aos aspectos econômicos e políticos.
Isso possibilitou que velhas raposas políticas
de dinastias que secularmente detinham o poder na região nordeste – mesma
região de Sarney – vendo as possibilidades de assumirem o governo, com um
discurso agressivo e em rede nacional catapultaram uma candidatura que, se
vitoriosa em 1989, com o tempo mostrou que o “Caçador de Marajás” era um
engodo e que fez por merecer o impeachment. O primeiro de um presidente
brasileiro.
Voltando ao assunto do vice, nas duas maiores cidades do estado de Goiás – a capital Goiânia e a vizinha Aparecida
– dois vices assumiram o cargo de Prefeito. Em Aparecida, Vilmar Mariano patina
em uma administração que em tese, tinha tudo para dar continuidade à vitoriosa e
aprovada gestão de Gustavo Mendanha, em uma sequência de boas administrações, com destaque para o governo de Maguito Vilela.
Em Goiânia, com a tragédia que se abateu sobre
o eleito Maguito Vilela, em uma hábil jogada política e jurídica permitiram que
o Vice prefeito eleito tomasse posse à la Sarney. De maneira definitiva, o
carioca – de nascimento e de sotaque – Rogério Cruz assumiu a cadeira do 6º
andar do Paço Municipal e comanda a formidável máquina da Prefeitura de
Goiânia.
O tempo mostrou que Rogério Cruz, morador de
Goiânia há poucos anos e vereador por dois mandatos não tinha a habilidade necessária para
gerir os destinos da população goianiense. De Maguito vilela, esperava-se uma
gestão que sequenciasse a vitoriosa era Iris Rezende, repetindo o que
havia feito na vizinha Aparecida.
Demandas complexas, como do trânsito – cada vez
mais caótico – que exige ações positivas e intervenção constante são deixadas “para
depois” e nada é feito. O caos atinge também a saúde, onde maternidades públicas com
frequência suspendem o atendimento por inadimplência do município com os gestores da unidades. E como sempre, a população humilde é quem sofre com a inação da administração.
A educação é um dos setores que mais
sofrem e agora, depois de muitos anos – quem lembra da ultima greve no setor? –
os administrativos municipais estão em greve por direitos como data base, equiparação do auxilio locomoção ao dos professores e implantação do sonhado Plano de Carreira. Segundo afirma o SINTEGO em sua página, “os/as Administrativos/as
são os trabalhadores/as com os menores salários de toda a prefeitura de
Goiânia! São as/os merendeiras/os, auxiliares de atividades educativas,
auxiliares de secretaria, pessoal da limpeza, secretários/as gerais das
escolas!”
No cotidiano, além do trânsito caótico, a
cidade virou um grande lixão a céu aberto, com um problema que se arrasta há
meses: a irregularidade na coleta de lixo.
Outro fato que chamou muito à atenção foi a
negativa do prefeito Rogerio Cruz em dialogar com a Vereadora Aava Santiago,
presidente da Comissão de Educação da Câmara Municipal, que ao lado dos
sindicatos da categoria queria participar de uma reunião para buscar soluções
para o atendimento às reivindicações e consequentemente o fim da greve dos
administrativos, que cada vez mais tem adesão, atingindo um número maior de
escolas. Aava, por determinação do prefeito, foi expulsa do Gabinete e não participou
da reunião. A Câmara Municipal até que deveria se posicionar ante a situação,
mas pelo andar da carruagem isso não deve acontecer.
Portanto, nas eleições de 2024, com base em fatos históricos do passado e da situação do presente, além de procurar saber quem é seu candidato (a) à prefeitura, atente para a figura do vice. Ele pode futuramente sentar na cadeira e gerir os destinos de sua cidade!
Trabalhadores administrativos da educação reunidos frente ao Paço Municipal |
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