sábado, 17 de setembro de 2011

AINDA SOBRE SABIÁS... E CANÇÕES!


Os primeiros raios de luz da manhã chegam e trazem consigo com o canto maravilhoso e plangente do Sabiá laranjeira que, nos últimos dias tem me brindado com sua presença, no alto da goiabeira, da mexerica-fuxiqueira, do pé-de-manga, por sinal carregado e com galhos vergados sob o peso dos frutos, ou simplesmente sobre a cerca da pequena horta, em meu quintal.
                Pouco depois, chegam as Rolinhas da terra e Fogo-apagou, os barulhentos e alegres Pardais que, acompanhados de Bem-te-vis e Joões-de-barro dão inicio a magnífico concerto matinal. Por algumas horas reinam absolutos no alto das árvores, não obstante o barulho dos veículos que trafegam na movimentada avenida que passa pertinho de minha casa, que insistem em vão em sobrepor à movimentada e animada orquestra de pássaros.
                Hoje notei algo diferente. Os passarinhos estavam bem mais irrequietos, voando de um galho para outro, num frenesi sem precedentes. Olhando fixamente no horizonte, na barra do nascente, percebi que apesar da claridade do dia, o sol demoraria um pouco mais a chegar. Ou talvez nem viesse.
                Uma leve brisa acariciou meu rosto trazendo a sensação de bem estar e até de felicidade. Olhando para o céu, percebi um mormaço e sinais que poderiam cair algumas gotas de chuva.
                Observei na goiabeira que os frutos temporões praticamente acabaram. Poucos se podiam ainda ver no lugar mais alto, já com parte comida pelos pássaros que sempre estão ali. Mas o que me chamou a atenção foi o grande numero de folhas novas e de flores, que em breve se tornarão fruto. Prenúncio de farta e generosa safra de goiabas, das vermelhas, doces e deliciosas, que está por vir.
                A alegria dos pássaros e as folhas novas e flores da goiabeira me trazem uma certeza: a primavera está por chegar. E primavera na minha Goiânia querida é sinal de beleza, de colorido, de muitas flores, canto de pássaros e muitos frutos.
                A chuva ensaia seus primeiros momentos. Apesar da informação da meteorologia de que ainda pode demorar, a mãe natureza sábia que é,  percebendo  a sequidão de Goiânia e a necessidade urgente de mais umidade, mandou esses pingos d’água pequeninos qual orvalho da manhã, mas de grande importância. Que venha aos poucos, mas venha logo, irmã chuva.
                Do meu quintal, avisto a grande mata do Faiçalville, com seus jatobás imponentes, majestosos, exercendo sobre as outras arvores da reserva seu reinado.
Acalento um sonho. Sonho de um dia poder reunir amigos, crianças, vizinhos e gente da minha cidade em torno de um concerto. Concerto de Primavera ou talvez, Canto da Primavera, como já existe em outro lugar. Imagino em meu sonho uma tarde, quase noite, a presença de artistas da minha região, cantores mirins e quem sabe, também a Orquestra Sinfônica de Goiânia, oferecendo um belo espetáculo em saudação à beleza do lugar e à dádiva da renovação da vida e da natureza, que todo ano começa com a chegada da primavera.
Por enquanto apenas sonho. Mas que pode se tornar realidade um dia. Depende da luta de minha gente, depende somente de nós!
Enquanto meu sonho não se torna realidade, vou me deliciando com o particular concerto matinal dos pássaros do meu quintal. Privilégio que tenho todos os dias, nesse quase início de primavera.

Goiânia, 14 de setembro de 2011.
Paulo Jose Américo Rolim

Um comentário:

  1. Eita nóis. Que plano de fundo bonito. E esse texto seu, já dá para entender que tipos mais exóticos que passáros que vejo de vez em quando, em algumas remanescentes árvores de Goiânia.
    Américo, eu penso que você deva mandar esse texto ai, para os jornais viu? Mais ou menos perto do dia 24 de outubro.
    É uma homenagem merecida de Goiânia e a suas aindas remanescentes belezas naturais.
    Abraço amigo.

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