sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

DA MÃE NATUREZA, AS DORES...

(Para Moacir Teixeira)


Caro Moacir:

Confesso que não tive coragem nem competência suficiente para atender ao seu pedido, à sua sugestão, de escrever uma crônica cujo tema seria de uma provável e implacável vingança da natureza. Sugestão talvez apontada em face das tragédias que se abatem sempre nessa época do ano em diversos estados, como Rio de Janeiro e Santa Catarina.
Em alguns lugares chove demais; em outros, como no Rio Grande do Sul, seca desoladora, que estávamos acostumados a ver somente no Sertão Nordestino.
Repito: não tive coragem nem competência.
A natureza é mãe zelosa. Apanha mas não grita, não reclama nem ruge. Segura sua dor calada.
Mas o que se faz com ela? Diariamente acompanhamos nos telejornais o quão forte e dinâmica está caminhando a economia em nosso pais. Sonhávamos e começamos a ver que é real nosso país grande, pujante. Vemos um Brasil, que se não é justo socialmente - ainda temos muito que caminhar - a cada dia é mais próspero e desenvolvido. 
A indústria automobilística nunca vendeu tantos carros, de tantos modelos diferentes. As indústrias de motocicletas não dão cota de atender aos pedidos.
A reação em cadeia é inevitável. Os produtores de alimentos – pequenos e grandes empresários do agronegócio - comemoram a cada ano uma safra maior.
A falta de mão de obra especializada em todos os níveis atinge patamares nunca antes alcançados. O progresso traz oportunidades de empregos e suficiência econômica a muitas famílias. O Brasil grande de outrora retornou, desta vez com uma economia calcada em bases sólidas, sem fantasmas de dependência nem dividas eternas.
A construção civil é uma grande geradora de empregos. O sonho da casa própria cada dia mais real, mais próximo. E para construir casas, é preciso material retirado da natureza: areia, cimento, tijolos, madeira – aliás, muita madeira. Isso tudo vem de encontro à necessidade de produção maior de metais, aço, telhas, etc.
E de onde vem tudo isso? Das entranhas da terra, das minas das minas-gerais, das florestas derrubadas nas fronteiras do pais. Em ritmo alucinante carretas carregadas com mais de 60 toneladas cruzam o pais de norte a sul, levando e trazendo materiais e insumos.
O resultado é que temos nossas casas aconchegantes e acolhedoras. Mas ao sair de casa logo cedo, nos deparamos com a realidade, com o sufoco do desumano transito da cidade. Os 700 veículos que diariamente são colocados nas ruas de Goiânia, apesar de modernos e até futuristas, poluem, ocupam espaço, trazem desconforto.
A mãe natureza, meu caro Moacir, um dia não mais resistiu. Em momento de lancinante dor, rugiu, derramou-se, caiu prostrada. Levou consigo casas, em deslizamentos de terra, levou vidas, sonhos acalentados e não realizados. Mas não quero acreditar que tenha sido vingança, tenho certeza que ela segurou até onde não mais pôde.
Deixamos de cuidar da mãe natureza. A ferimos e a destruímos todos os dias.
Uma única certeza: o nosso futuro e das próximas gerações dependerá unicamente do que fizermos a ela. De bem ou de mal.

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