A Campininha tem muita história. E história que não se encontra nos livros, nos jornais de época, mas na memória e nos depoimentos das pessoas que se orgulham muito de saber e ter vivido a história de lá.
A Praça A, que seria apenas uma praça como tantas outras, está guardada e viva na memória e, porque não, no coração de muitos que ali passaram e viveram em variadas épocas.
Quando me atrevi a contar, ou a querer contar alguma coisa que ficara sabendo foram muitas as pessoas, amigos e companheiros do cotidiano que vieram cada um, trazer sua parcela de conhecimento sobre a Praça A e também sobre a Campininha.
Sou imensamente grato a todos eles. E como tem historias para escrever. Locais como o bar do Trator, no Mercadinho do Setor Coimbra, bem na divisa com a Campininha, cujo local era freqüentado em sua maioria por pessoas humildes. Lá, o assunto predileto era o futebol. Apaixonados como eram, às vezes discutiam em tom mais forte, mais veemente, cada um valorizando mais seu clube do coração. Mas, invariavelmente, cada um seguia depois eu caminho, deixando as arrelias e os momentos de raiva como coisa do passado.
Aliás, bar era o que não faltava naquela região da praça A. Deixando o Bar do Trator, passava-se no Bar do Baiano Ismene, sujeito pouco afeito a conversas. Depois, nada como ir até o Bar do Salerno, onde tinha um sem número de caldos, dobradinhas e o tradicional escaldado do Salerno.
O Bar do Salerno era certamente o local mais freqüentado pelos boêmios da Praça A, que buscavam ali, após mais algumas cervejas o reconfortante e restaurador caldo de mocotó ou escaldado.
Depois disso, ainda arranjavam forças pra buscar inspiração e fazer serenatas para as pretendidas e amadas. Não raro atravessavam a madrugada e deixavam-se tomar pela responsabilidade apenas quando apareciam os primeiros sinais do dias, os primeiros raios de luz.
Era muito comum, depois de uma dessas, irem parar na Farmácia Progresso, do competente e cuidadoso farmacêutico Seu Augusto, que atendia a todos os seus clientes com imensa amabilidade, contanto um caso de um ou outro que passara por lá. Logo, se recuperavam da malvada ressaca, encontrando alivio pras inevitáveis dores de cabeça e outros incômodos estomacais. Depois, vinha um com a desculpa que ressaca braba se cura com outra ressaca e recomeçavam a boemia.
Seu Augusto foi professor e formou muitos farmacêuticos práticos, que fizeram nome em Goiânia e no interior do estado. Exemplo de dedicação e competência era muito querido por todos.
Na Campininha, um pouco distante da Praça A, nos fundo do Banco Real (que já não mais é Real) funcionava – e ainda funciona até hoje – o Restaurante Bom Bocado. Lá era lugar de pessoas mais abastadas, que aos domingos reuniam a família e deixavam da obrigação de fazer o tradicional almoço, se refestelando com o generoso e caprichado Buffet. Famílias tradicionais de campinas passaram por ali.
Na Praça A e na Campininha a vida era assim. Nos seus recônditos e recantos acolhia a todos, que ali viveram e passaram. E o melhor de tudo isso é o orgulho e carinho que têm por lá. Trazem sempre consigo as lembranças em seu coração.
Com a mesma qualidade de sempre, cada vez mais interessante!
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