O campineiro Atlético Goianiense e sua torcida: "respeita as cores" |
A “Praça A” é a porta de entrada do Bairro de Campinas, em Goiânia – local mais conhecido e carinhosamente chamado por seus moradores de Campininha.
E todo campineiro que se preze – e não poderia ser diferente – torce de forma apaixonada pelo time nascido no bairro, o Atlético Clube Goianiense. E se orgulha das cores da equipe campineira.
A Praça A, antes de se tornar apenas um entreposto de pessoas, um terminal de ônibus coletivos, era um lugar efervescente e tinhas lá suas pessoas, seus tipos muitos particulares. Pessoas que entrava ano, saia ano, sempre estavam por ali, seja exercendo sua função profissional, seja simplesmente indo e vindo, deixando a vida os levar.
Contam que tinha por lá um sujeito que, motivado por uma desilusão amorosa, se tornou alcoólatra. Mas não era uma alcoólatra qualquer. A começar pelas vestimentas: sempre um bem cortado – apesar de às vezes amarrotado – e limpo terno, de bom tecido, feito por alfaiate de nome. Chamava a atenção também a educação, a forma cortês com que se dirigia ás pessoas para, humildemente pedir alguns trocados para comprar cachaça. E eram sempre duas garrafas, uma em cada bolso, ligadas uma à outra por uma pequena mangueira que deixavam sempre perto o precioso liquido. E seu apelido não poderia ser outro: pinguinha. Sabia-se dele apenas que era oriundo de família importante da Cidade de Goiás. Apenas isso.
A Praça A era a porta de entrada da parte boêmia da Campininha. E tinha seus boêmios contumazes, que faziam questão de assumir esse seu lado da vida. Um deles, Walter Bongote era conhecido pela bela voz, cujas interpretações de Nelson Gonçalves e de Altemar Dutra sempre reuniam grande numero de pessoas. E era invariavelmente acompanhado pelo violão de algum amigo, as vezes de seu irmão Elias, que embora não cantasse, era bom instrumentista. Outro sempre presente por ali era o Delegado de Policia Alcione que, embora fosse profissional austero e dedicado, era boêmio confesso. E sempre achava jeito de ali mesmo de improviso, declamar versos, poesias, entremeando as canções interpretadas por Walter Bongote.
Sabe-se que alguns desses momentos alguém registrara em um velho gravador Philips, em uma velha fita-cassete. Talvez para reviver, recordar esses encontros um dia. E alguém saberia dessa fita?
Mas figura folclórica e marcante mesmo a era o atleticano de quatro costados de nome Celestino. Mecânico de peças hidráulicas, poucos o conheciam pelo nome, mas se falasse do seu apelido, era fácil saber quem era. É que ao ouvir alguém falar mal de seu clube do coração ele bramia em alto e bom som: “respeita as cores”. E saia de perto, contrariado se continuassem a falar mal de seu clube. Acabou ganhando a alcunha de “Respeita as Cores”.
Assim foi um dia a Praça A. Reduto de boêmios, poetas do povo, cantadores, trabalhadores e cidadãos que lutavam pela vida. E caso o leitor não esteja acreditando no Atlético nesta temporada, ah, por favor: “respeita as cores”!!
Crônica muito legal!!!
ResponderExcluirIncrível a crônica!
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