Devagarzinho, as últimas chuvas se foram. Este ano
um pouco tardiamente e já no mês de maio. Os dias estão igualmente
proporcionais às noites, indicando que estamos no Outono. Do Solstício, o
início até o Equinócio, o fim do Outono, o clima fica diferente, mais ameno,
mais aconchegante.
Não
há como negar que na hora em que preciso levantar da cama tenho a vontade
imensa de ficar nem que seja mais um pouquinho sob as cobertas. Um minutinho a
mais, que seja. Mas a responsabilidade dos horários que a vida impõe faz com
que eu deixe o calor maravilhoso da minha cama e comece logo o dia.
Ao
levantar e visitar meu quintal logo no fim da madrugada e começo do dia percebo
um ir e vir intenso de passarinhos em busca de construir seus ninhos, embalados
pela alegre orquestra que compõem. Algumas espécies todos os anos refazem suas
casas, para a sequência da vida. Logo na época certa, mais na primavera nascem
os filhotes, que em breve serão adultos, em um ciclo de vida e renovação.
Não
tenho como negar: gosto do frio do outono. Embora grande parte do ano seja de
dias muito quentes em nossa cidade, quando vêm os dias frios sinto algo
diferente no ar, nas pessoas. Semblantes parecem ficar menos franzidos, olhares
mais ternos, corações aquecidos.
Em
Goiânia a chegada do frio do outono coincide com a realização da Exposição
Agropecuária, ou simplesmente Pecuária, como a chamam. Para alguns e hora de
botar um chapéu, tirar o casaco do guarda-roupa, calçar uma bota. Apreciar os
animais expostos ,encontrar os amigos, ou simplesmente se divertir com aquilo
que a atração oferece. Em tempo: se beber, nunca dirija. E olha os rigores da
Lei Seca!
Mas
o frio do outono me leva mesmo a outra viagem. Volto à Fazenda Nova América da
minha infância distante. Ainda muito pequeno, agasalhado com as roupas quentes
e pelos cobertores, que eram feitos ali mesmo em casa pela minha mãe. Era um
alegre mosaico de retalhos de tecido, forrados com flanela. E o imenso cuidado,
zelo, aconchego e carinho de minha mãe. Eu dormia sem pressa de acordar e
quando levantava, buscava o calor próximo ao fogão a lenha, onde ficava
quietinho buscando me aquecer.
Dali
observava sobre o pequeno córrego que passava nas imediações a neblina que o
encobria. Em minha ingenuidade de criança não conseguia entender porque o céu
estava tão perto.
Os animais da fazenda, com exceção das espertas
galinhas que ciscavam pra todo lado – e eram muitas por lá – ficavam quietos,
inertes. Os cachorros deitados em circulo, formando algo parecido com uma bola
escondendo seus focinhos gelados entre as patas, tinham com o corpo bem
quentinho, protegidos pelo casaco de pelos que a mãe natureza lhes deu.
Minha
mãe, cuidadosa mais ainda nessa época, me dava alimentos considerados fortes,
sadios, para que não sucumbisse às gripes e doenças respiratórias. E no jantar
servia os deliciosos pratos à base de angu de milho, sopas ou deliciosos caldos
para aquecer os pulmões. Ah, minha infância querida.
O
Frio do outono me faz reviver tudo isso. Depois que deixei a fazenda Nova
América, me fiz homem, assumi responsabilidades e atribuições não tenho tanto
tempo para observar as minúcias do dia-a-dia. Mas inegavelmente o frio me traz
a sensação de aconchego, de mundo melhor.
Assim,
seja bem vindo, irmão frio. Frio de outono. Aconchegante frio de outono.
Gosto muito de ler o que você escreve. obrigada por compartilhar..
ResponderExcluirPaulo, Não só vc deve se sentir Feliz e bem ao escrever, mas todos nós seus leitores tb, pq cada vez que venho aqui, me sinto feliz, pq tenho a certeza de uma boa leitura, temas que me agradam, coisas do coração! Pq vc escreve sempre com coração , e passa isso nitidamente para nós! Parabéns...
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