sexta-feira, 21 de março de 2014

LIVROS: TESOURO INCALCULÁVEL





Revisitando a estante que fica no canto do pequeno escritório que mantenho em casa, em busca de alguns documentos, de repente me vejo a folhear e a me enlevar com meus grandes e eternos amigos, os livros. Não tenho uma biblioteca, mas uma estante cheia, com volumes e títulos interessantes, alguns raros.
Não estão em ordem cronológica ou de tamanho, mas ordenados conforme foi o uso. Vejo que estão lado a lado “Meus Poemas do Século Vinte” de Luiz de Aquino com os grossos e densos volumes de ”As ilusões armadas” de Elio Gaspari . Mais à frente, vejo que o volume do belo “Solilóquio” do Poeta Getúlio Targino Lima divide espaços com a segunda edição de “Quando florescem os ipês” romance de Ganymédes Jose. Estão lá diversas edições das sagradas escrituras, que ficam em evidencia.
Confesso que esqueci até o que procurava. Em momento de encanto, passei a reviver as aventuras vividas, viagens feitas àquele sem número de páginas e letras, onde a filosofia, a ciência do direito, o romance, a poesia que meus amigos livros sempre me trouxeram e ainda trazem estão contidas. Nunca terei sobressaltos se, por um motivo ou outro o “Windows” der problema e não mais abrir, de vir a perder o conteúdo. Livros são eternos. Perenes, amigos e companheiros. Nunca hão de reclamar por passar dias e dias na cabeceira da cama, sobre o criado, à espera de atenção.
Minha estante, tímida e humildemente no canto daquele cômodo, parece me pedir mais atenção. Volvendo o olhar para o outro lado, me deparo com alguns best-sellers, onde não poderia faltar Sidney Sheldon. À frente, José Lins do Rego com a dramaticidade e a narrativa perfeita do mundo dos engenhos de açúcar do Nordeste e a vida de seus integrantes. O romance “O moleque Ricardo” é o grande relato da vida dos que orbitavam as grandes propriedades dos coronéis do açúcar.
Reencontro Miguel Reale em suas “Lições preliminares do Direito”, Foustel de Coulanges em “A cidade antiga” e revejo o quão é atual o que escreveu Nicolau Maquiavel em “O príncipe”.
A sabedoria e sagacidade de Bariani Ortêncio figuram ao lado de Sun-Tzu, de “A arte da guerra”. Na sequencia vem Carmo Bernardes, Jean Pierre Conrad, José de Alencar e Machado de Assis. Ainda Bernardo Élis, Eli brasiliense, Frei Betto, Augusto Cury e os clássicos gregos.
Mais abaixo vejo que ainda sobraram, de tantas que haviam, duas fitas de vídeo – sim fitas de vídeo. Em tempos de alta tecnologia, smartphones e afins, para quem não sabe o que é “fita de vídeo” ou “videocassete”, sugiro que procure nos sítios de busca, como o “Google”, a resposta certa.
Sobraram duas fitas, onde estão guardados momentos interessantes de minha vida e de minha família. Como ainda tenho um videocassete na minha sala de TV, me proponho a assisti-las no próximo feriado.
Os DVD’s, que um dia foram tão caros, difíceis de adquirir, ainda são muitos. Bee Gees, Elvis, Pádua com sua “musica aos vivos”, alguns filmes interessantes fazem parte desse acervo.
A constituição cidadã. Edição antiga, atualizada em 2004. Percebo que já não é mais a mesma, como foi mexida, mudada conforme o interesse do governante de plantão, ou mesmo, simplesmente ignorada no que se propôs um dia.
Como havia colocado os livros no chão, e o tempo apertou, tive que devolve-los à estante. Com carinho coloquei cada um em seu devido lugar, como quem agasalha uma joia rara e preciosa.
O ultimo, ah, o ultimo a ser guardado, tinha que ser aquele tanto me influenciou e me fez gostar de escrever. Uma edição do ano de 1980 da série “Para gostar de ler” da Editora Ática, onde estão contidas crônicas de Drummond, Fernando Sabino, Paulo Mendes Campos e Rubem Braga.

Encontrei o documento que procurava e deixei o local com uma certeza: a de que tenho um tesouro. Valioso tesouro, como amigos verdadeiros: os livros.

Um comentário: