sexta-feira, 18 de julho de 2014

SONHOS, AMOR E TERNURA




Em uma tarde de sábado deste mês de julho, de clima quente e seco fui até uma agencia lotérica, onde me depararei com uma fila quase desanimadora. Presumi que teria que ficar mais tempo que o planejado - justo eu que não sou afeito a “perder tempo” em filas. Mas diante da necessidade, resolvi ficar por ali e pacientemente esperar a minha vez de, como todo brasileiro, pagar as contas do mês e também fazer uma fezinha, afinal, vai que dá certo e a sorte me acerta?
Como a lentidão do famoso sistema estava presente, para espairecer e não ver o tempo passar comecei a interagir com colegas de infortúnio, travando conversa com um rapaz jovem, quase menino que ali se encontrava com o mesmo proposito meu.
Enquanto conversávamos notei que uma moça com rosto de quase menina, se dirigia para o nosso lado trazendo uma casquinha de sorvete, que entregou ao rapaz carinhosa e alegremente. “Para aliviar o calor” disse ela, enquanto tocava a face do rapaz terna e suavemente.
Notei pelas alianças na mão esquerda que eram marido e mulher, embora muito jovens. Aquilo que os antigos diziam: “duas crianças”.
Enquanto ele degustava o sorvete, conversavam trivialidades, e a interação e o carinho mútuo era marcante. Um cuidando do outro.
Comecei a conversar com os dois e fiquei sabendo que moravam perto. Estavam na lotérica para pagar um documento que daria a eles o direito de pleitear o financiamento de uma casa própria.
Ela ainda falou da alegria de ter conseguido um emprego que considerava bom, onde com o que ganhasse poderia ajudar ao esposo a adquirir aquilo que tanto queriam. Quando me disseram isso, notei um brilho diferente, de felicidade nos olhos da menina. Ela pareceu viajar, ir longe, no sonho não tão impossível de ter uma casa, um lar, um cantinho onde pudesse viver feliz com o amado.
Vi aqueles dois jovens vivenciando sonhos, em busca de momentos que já vivi, com a chegada das filhas, a conquista da casa onde moro. Crianças correndo pela casa, as dificuldades enfrentadas na vida, mas que com amor e dedicação, são vencidas.
Confesso que fiquei emocionado. Senti carinho de pai por aqueles dois meninos, que hoje trilham por caminhos que já passei. E estão em busca de realizar sonhos que também já tive um dia.
A minha vez de ser atendido chegou e ali mesmo me despedi dos dois. Em pensamento, silenciosa e intimamente, roguei aos céus que permitissem a eles que alcançassem o que queriam.  Que realizassem seus sonhos tão ansiosamente acalentados. E que vivessem felizes e se amassem muito. Para o resto de suas vidas.


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