A manhã radiosa, de brilhante sol e suave
brisa, mais para o lado daquele friozinho de inverno, trouxe uma surpresa
agradável: ao sair para o trabalho percebi sobre o muro que divide minha casa
do vizinho, próximo ao beiral, que a pequena árvore, que normalmente derrama
seus galhos sobre do lado de cá do muro, estava tomada de flores. Flores
robustas, de um branco puro e um vermelho forte, quase para o lado do grená, e
com uma beleza incomensurável.
Por breves momentos fiquei a contemplar
aquele momento de pura generosidade da mãe natureza. Como é perfeita e bela. A manhã
trouxe a alegria de perceber essas flores e a alma e o coração se sentiram agraciados.
Note-se que, mesmo havendo um muro
dividindo as residências, a pequena árvore não quis saber disso, e acompanhando
os beirais, derramou para o meu lado a beleza de galhos e flores de forma
generosa, não importando existir ali uma fronteira, um limite, que felizmente,
se reserva apenas a nós seres humanos. Não ficaram restritas a um pedaço de
chão, tornaram-se universais, em sua beleza e ao mesmo tempo, simplicidade.
No esteio de meus devaneios e divagações,
recordo que as ultimas noites desse mês de julho trazem um luar mágico, e como
sempre encantador. Luar que leva a lembranças das noites de seresta e serenatas
românticas. Lembranças de flores e canções, sorrisos e amores. Luar que traz o
desejo de encontros e reencontros felizes.
As flores brancas da pequena árvore que se
debruçam sobre o muro me levaram ainda a outras lembranças. Revivi momentos no
pátio do colégio que frequentava quando adolescente, onde as meninas-moças, em
alegres folguedos cantavam e dançavam, batendo com as palmas das mãos umas da
outras e ao final dos versos, terminavam assim: “te mando flores brancas,
flores brancas, pra casar...”.
O tempo passou, como a vida, tudo passou. As
flores da manhã de julho, em pleno inverno me trouxeram esses momentos, essa
outra manhã vivida por mim na adolescência, quase infância.
Saí para o trabalho com o coração feliz. Durante
boa parte do dia, as imagens das flores, imensas e generosas, ficaram comigo,
bem como o som das canções das meninas-moças da infância.
Tornaram o meu dia, sempre difícil, cheio de
batalhas e desafios, mais leve e ameno. Encantado, até.
Incrivelmente simples e linda! PARABÉNS!
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