sexta-feira, 15 de maio de 2015

À POESIA DO COTIDIANO



Estamos na metade do mês de Maio e as chuvas da temporada ainda se fazem presentes, unindo-se ao friozinho tradicional da época – neste ano nem tão intenso.
Maio é um mês mágico, peculiar. Com clima de aconchego, é o mês dedicado às noivas, e sempre nos presenteia com manhãs brilhantes. O verde deixado nas árvores pela temporada das chuvas, ainda prevalece e tem-se a sensação que as ruas da cidade são um imenso jardim.
A rotina é a de sempre, nunca diferente. Obriga a seguir rituais, onde nem percebemos, mas tornamo-nos repetitivos e seguidores do mesmo caminho todos os dias. É assim ao levantar, ao ir para o trabalho, onde superamos a chatice e a lentidão do transito. E o ir e vir de pessoas faz com que tenhamos a sensação de que  as conhecemos, por passarem sempre no mesmo lugar, àquele horário.
E vez em quando, vem a sensação que a poesia se torna fugidia. Sentimos que ela parece se esconder atrás não sei do quê, e não a vemos mostrar a face. Faz falta, afinal, a poesia é algo necessário e vital. Mas, não adianta procurá-la, busca-la a qualquer custo. Ela naturalmente vem, seja em um sorriso de criança, em uma abelha levitando por sobre uma flor no canto de um pássaros pelo quintal. Vem quando miramos o alvorecer de uma manhã de domingo ou quando a lua, em pleno dia, mostra sua beleza, seus encantos. E a lua a iluminar o dia, não existe algo mais poético. E, quando chega a noite, se manifesta no céu, feito Rainha, ao lado de estrelas que se tornam tímidas ante sua beleza.
A poesia torna-se fugidia. Mas, haveremos de percebe-la no sorriso de criança quando correm em calçadas, fazendo barulho e algazarra e fazendo com que seus avós os procurem escondidos por entre bancos ou cadeiras de um bar de calçada.
É assim que se manifesta a poesia. Mas nem sempre o coração está preparado para recebê-la, ou entender seus mistérios. Tão presentes  em um sorriso de ternura, em um raio de luar, uma manhã de sol brilhante, ou mesmo de frio, com pouco sol, como acontece no mês de maio.
A poesia torna-se fugidia. Mas está por perto. Uma canção pode ser o suficiente para enlevar o coração e em meio à tarde, não obstante as preocupações com compromissos, horários e metas a cumprir, fazer com que o instante seja feliz e ameno. Ou, quando através das ondas do rádio, viajar em uma canção onde a letra e a melodia se casam com perfeição.
O cotidiano tenta prender, engessar e dominar. Como a vida, como o destino tenta escrever nossas páginas, porem haveremos de ser capazes de mudar,  tornar o enredo mais interessante e partir em busca de um final feliz. Ainda que a poesia, em sua essência, esteja fugidia.
Resta, depois do dia intenso e corrido, ao fim das obrigações, debruçar-se sobre leituras. Esquecer os autores filosóficos e buscar o romantismo manifesto em belos e preciosos poemas.
Assim, na companhia de Vinicius, Drummond, Cora, Bandeira, Chaul, Cecilia, Adélia, Lúcia, Augusto, Barros, Bilac, Targino e outros tantos, abrir o coração e receber e deixar que tomem conta os eflúvios da poesia. Que faz com que ela deixe de ser fugidia, levando-a direto ao coração.



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