O perfume que recende dos cachos de flores das mangueiras atrai uma legião
de pequenas abelhas, enche a alma e o coração e me leva a momentos de saudade.
Afinal, flores em mangueiras é prenúncio de primavera e traz lembranças de
infância feliz.
A lua da ultima noite de julho precedeu a uma primeira manhã de agosto,
manhã perfeita de céu azul, suave brisa e sol brilhante.
Bela lua cheia, de muita luz,
encantadora e inspiradora! Evoca paixões. E a manhã de luz trouxe também o
canto de sabiás... Momentos de pura beleza e poesia. Juntas, cada uma ao seu
tempo, lua e luz da manhã se completam. E adentram ao coração tornando-se um só
poema.
E nessa beleza de manhã um bando de periquitos, maritacas ou mulatas,
como queiram – pelo menos uma cinquenta – em alegre e ruidosa passagem, chegam
ao quintal e tomam conta da goiabeira, que embora ainda não seja época, está
cheia de goiabas temporonas, das vermelhas, doces como açúcar. As pequenas aves
tomam seus lugares e fazem a festa, em um banquete delicioso, proporcionado
pela mãe natureza, que sempre cuida muito bem de seus filhos.
Carmobernardianamente, observo o quanto estão felizes ao encontrar aquela árvore, que lhes
proporciona lauto banquete. E acima de tudo, vejo a harmonia e o respeito mútuo
que demonstram. Não se vê nenhuma ave querendo esse ou aquele quinhão a mais
que a outra. Dois ou mais pássaros dividem a mesma goiaba harmônica e
solidariamente.
Percebo que folhas novas surgem, em lugar das que caíram ou estão caindo,
cobrindo o chão, onde as atentas formigas já as percorrem, dando sequencia ao
ciclo perfeito da natureza. As folhas novas, logo terão a companhia das flores
brancas, que rapidamente, pelo milagre da vida e da força da continuidade da
especie, transformar-se-ão em pequenos bulbos, que resistirão e chegarão à
frutos maduros, doces saborosos... O ciclo perfeito da vida.
Evoco a sabedoria ancestral de meu saudoso pai, que afirmava que no ano
de fartura nos quintais é certeza que haverá boa colheita. Que isso se
confirme, afinal, passamos por momentos difíceis na economia e na politica.
Fico a esperar que chegue a primavera, com muitas flores, frutos,
pássaros em seus ninhos cuidando dos filhotes, e pingos de chuva.
Nessa manhã de belezas, em conversa leve e agradável com amigos,
discutimos se não somos muito adeptos e dependentes da tecnologia. Concluo que
utilizamos forte e intensamente a tecnologia, porém nunca deixamos de perceber a
poesia de uma noite de lua com acordes de plangente violão e sorrisos de
encanto.
Quase primavera. Etapas da vida vão se cumprindo. Vida que chega e se
renova. Tempo de céu azul e ventos fartos, onde crianças soltam pipas e as noites
são amenas. Tempo de belas manhãs...
Com canto de sabiás, algazarra de periquitos na goiabeira, a certeza que logo
um sem número de flores haverá de vir embelezar jardins, quintais, avenidas da
cidade, e assim encantar a vida! Afinal, é quase primavera! E um novo poema e
uma nova canção se fazem presentes!
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