sexta-feira, 9 de setembro de 2016

EM UMA TARDE DE QUASE SETE DE SETEMBRO




A perspectiva de trânsito ruim e congestionado fez com que eu saísse mais cedo do que deveria, em direção à um local onde teria um compromisso. Tive essa precaução, afinal, era um compromisso importante e eu teria que estar no início dos trabalhos. Mas surpreendentemente o trânsito ainda estava tranquilo e o resultado é que cheguei cerca de meia hora antes do horário previsto.
A surpresa maior veio quando, ao olhar as mensagens no telefone celular, havia uma mensagem informando que a reunião fora adiada em uma hora, e que eu, embora estivesse no local, teria que esperar cerca de uma hora e meia.
Era um fim de tarde de quase primavera, de muito calor e clima seco, como é no centro-oeste e notadamente em Goiás à essa época do ano. A umidade do ar batia em quase zero, o que tornava o ar irrespirável e desconfortável.
Resolvi procurar uma lanchonete, afinal eram quase seis da tarde e seria de bom alvitre forrar o estômago. Mas, naquele bairro de periferia, de gente simples e humilde não havia lanchonete. Mas em diversas esquinas era possível encontrar uma banquinha de espetinho, com gente animada e alegre em volta, terminando seu fim de dia, degustando carne no espeto e tomando uma geladinha.
Encontrei em uma esquina um barzinho tranquilo, de nome simples: Chopp Alves.  Ainda eram poucos os frequentadores e tinha uma área coberta, que protegia bem dos últimos raios do sol daquela tarde.
Pedi um espetinho e o dono cortês, mandou que eu mesmo escolhesse o que eu quisesse, dentre tantos outros, em um recipiente de vidro, limpinho e organizado. Escolhi um mais magro e coloquei sobre a grelha na “churrasqueira”. A brasa estava bem viva e em pouco tempo, ficaria pronto. Logo o rapaz me trouxe o espetinho, acompanhado de mandioca. Veio um refrigerante e fui cuidar de degustar logo espetinho com a carne bem passada, como eu gosto.
Enquanto tomava o refrigerante passei a observar os vizinhos de boteco. Perto de mim, um pai todo carinhoso com uma menininha, cortava a carne em pedacinhos e servia à mocinha, que com um sorriso de pura felicidade, retribuía ao mimo do pai.
Em outra mesa, alguns rapazes, ainda com uniforme da empresa em que trabalhavam, conversavam animadamente e pareciam comemorar o fato que no dia seguinte, sete de setembro, seria feriado. Enquanto tomavam sua cerveja, mexiam no aparelho celular e animadamente combinavam um churrasco para o dia seguinte.
Ao tentar retirar um pedaço de carne do espeto, o deixei cair no chão e imediatamente, um cãozinho da cara boa - simpática e alegre, mostrando imensa satisfação - degustou avidamente o pedaço que caíra, para inveja de dois outros “colegas” dele.
Não me contive e dividi o que restava do espeto com os outros dois, afinal, estava mesmo muito bom e saboroso.
A alegria dos cãezinhos acabou quando o dono do barzinho se aproximou e com pouca elegância os pôs para correr dali, o que eles fizeram de imediato.
Mal percebi que o sol se fora e a noite anunciava sua chegada. Paguei a conta e saí dali feliz e tranquilo, em direção ao local do meu compromisso. Foi bacana ver que em momentos de um Brasil em crise, pessoas se confraternizam, se encontram e levam a vida com alegria.
E a vida, é a maior dádiva que temos. Com alegria então, é melhor ainda. Em véspera de dia da pátria, em uma tarde de quase sete de setembro, uma tarde seca e quente. Mas de felicidade.


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