Imagem retirada da internet |
“...hoje,
eu não quero ler o jornal...
Só
quero escrever uma canção de amor pra você!”
(Kim,
Julio, Cézar)
Hoje, eu não quis ver telejornal.
Não que tenha decidido daqui pra frente me abster das noticias. Apenas
atenderei aos anseios do coração. Não vou assistir ao telejornal, não visitarei
portais de notícias, não abrirei links no Twitter. Sequer irei publicar coisas
do cotidiano no Facebook. O Instagram, que pouco uso, também será deixado de
lado. Aliás, o celular estará mudo.
Temos motivos – eu e o coração -
para tanto. A indignação toma conta e fica cada dia maior. Como ficar
indiferente – e não permitir que seja apenas mais uma notícia – diante do caso
do rapaz que, indo trabalhar às cinco da manhã de domingo, tem sua vida ceifada
de maneira brutal? E além da violência do acidente de transito, ainda recebe a
indiferença de quem deveria utilizar de todos os meios salvar sua vida? (pobre,
Hipócrates). A morte foi algo natural e corriqueiro para o profissional médico,
que (não) o atendeu.
Como ficar indiferente à violência crescente
contra a mulher e as crianças? Como achar normal um motorista cadastrado em um
aplicativo muito popular, que aproveita da ingenuidade de mulheres na madrugada
e, as estupra?
Como entender a falta de
medicamentos em postos de saúde, ou aceitar o fato de que crianças que sonham
ir pela primeira vez à escola, ouvem os pais, de maneira constrangida,
afirmarem que não há vagas? Como vai crescer essa criança quando um de seus
primeiros sonhos é negado de maneira vergonhosa por autoridades?
Sem falar no caso de uma professora
que devotou amor à uma pessoa e, depois de humilhações e golpes financeiros,
mesmo indo contra sua própria família, pagou com a vida esse acreditar. Acreditou
em uma pessoa, perdeu a vida.
Pensando no mundo, a intolerância,
o medo e a arrogância cada vez mais presentes. O meu caráter, a minha índole
dependem da região geográfica onde nasci? Ainda não foram disparados canhões,
mísseis, mas creio que será questão de tempo. A autoafirmação de um indivíduo precisa
ser posta em prática, ao provar belicamente e de maneira aterrorizante quem manda
no planeta. O medo volta a ser maior no mundo.
No Brasil, não obstante os mais de doze
milhões de desempregados (segundo a metodologia do governo, pois com base em
estudos podem ser 22 milhões) – com uma pessoa chorando em rede nacional, sendo
despejada do local onde mora devido à quatro meses de aluguel atrasado e sem
dinheiro sequer para a “xerox” exigida pela agencia de emprego, temos um local
onde não existe crise.
É um local fantástico,
um paraíso onde senhores e senhoras fleumáticos e elegantes, de voz pausada e
calma, com seus ternos e tailleurs bem cortados, usando perfume importado, com
gordas verbas para gastarem (vide portais de transparência) e com um séquito de
puxa-sacos, se preparam para eleger o chefe da casa onde congregam, que
comandarão daqui para a frente nossos destinos.
Ah, mas aqueles “pequenos
crimes de roubos de milhões”, não, claro que “é intriga da oposição” (termo em
desuso, pois a oposição também está entre os criminosos), são café pequeno. Foi
“erro da contabilidade da campanha”, coisas como “as doações foram legais”, ou “eu
não sabia de nada”. Ah, ainda têm a cara de pau de criticar Juízes que cumprem
a lei e membros do Ministério Publico que os fustigam constantemente pelos seus
crimes e atos de corrupção.
Ratos que vivem em um
esgoto, movido e alimentado pela corrupção, que alimenta o crime organizado no
país, definirão nosso futuro... Vergonha. Essa e a anterior, são definitivamente,
as piores legislaturas da história do congresso nacional. O povo brasileiro deve
deixar de ser pacífico na hora de votar. Não podemos aceitar quadrilheiros,
criminosos, como membros dos parlamentos, definindo nossos destinos.
Enquanto isso falta
dipirona, gaze, e – ah, parece que estou querendo demais – UTI’s no sistema público de saúde.
Não, não quero, não vou
ver os telejornais, não quero ler os jornais... Queria apenas compor uma canção
de amor...
Mas, o coração, será que
consegue? Afinal, parece que o coração prefere falar de amor, em um mundo de desamor...
Ainda bem, que nos restam poemas e canções!