Foto: divulgação |
Conheci Chico Aafa nos anos 1990 em
uma manhã quente de primavera, quando um grupo de moradores do Setor Faiçalville,
bairro da região sudoeste de Goiânia, se reuniu em torno da defesa do Bosque - de
arvores centenárias e belas. À época, o então prefeito de Goiânia queria “doar”
a área à construtoras e à uma família, mas devido à pressão da comunidade, isso
que acabou não acontecendo. Nessa manhã de primavera, n os reunimos e
promovemos um show, que por intercessão de amigos, teve a presença marcante de
Chico Aafa. A comunidade o agradecerá sempre por isso.
A vida se encarregou de nos colocar
sempre perto um do outro. Seja nos corredores da Rádio Universitária, quando da
inauguração do auditório ou nos estúdios ou em andanças pelos shows, na
estrada da vida, onde ele cumpre a sina descrita por Milton e Brant, que “o artista
sempre vai até onde o povo está”.
Foi assim que nos encontramos no
premiado Fica – Festival de Cinema e Vídeo Ambiental, na cidade de Goiás em
2015, quando ele, sempre ao lado de sua amada, se apresentou acompanhado de músicos
competentes e consagrados, como o maestro Luiz Chaffin.
Já tive a felicidade de entrevistar
Chico Aafa algumas vezes. A primeira, em um extinto programa que comandei na TV
Capital, canal 32, onde uma canção composta por ele era o tema de abertura do
programa.
Depois, na Rádio 730, a antiga Rádio
Clube de Goiânia, em um espaço de duas horas, em que Chico Aafa cantou com seu
violão, falou de sua vida, de sua rica trajetória musical e artística. Falou das
andanças pelo Brasil, das lutas em defesa da música brasileira e de suas
origens. E falou do menino que, ainda criança, veio para Goiás, acompanhado
pelos pais.
Ele é reconhecido como o melhor e mais
completo interprete do compositor baiano Elomar Fiqueira de Melo, mas esse é apenas um detalhe
– importante claro – da vida e da obra artística de Chico Aafa.
Dono de uma voz privilegiada de contra
tenor, interpreta canções próprias, como a bela “Amo-te”, de Luiz Gonzaga e
Humberto Teixeira, como a emocionante “A morte do vaqueiro”, ou canções
gravadas pro Jessé, como “Voa Liberdade”. A bela e emblemática “Rosa de
Hiroxima”, de Vinicius de Moraes e Garoto ganha contornos especiais, bem como “Planeta
água”, de Guilherme Arantes e “Rosa”, clássica canção do mestre Pixinguinha.
Canções de Elomar, como “Arrumação”
ou “Campo Branco” estão eternizadas na voz de Chico Aafa.
Obrigado, Poeta Chico Aafa. Prometo
que não vai demorar muito, colocarei letra em uma de suas melodias (lembra disso,
chico?). Ah, se eu tivesse competência...
Chico Aafa com sua elevada sensibilidade
vê poesia e lirismo onde nós, pobre mortais, nunca conseguiremos enxergar.
Assim, vamos viajando em suas canções. Por onde eu for, irei sob gotas coloridas e
perfumadas da chuva das flores, em busca do cio das águas. Talvez, encontre em
sertana cantares a cantada do sertanez de Elomar, e assim, terei a certeza que
cantam em si as cigarras.
A bença, Poeta cantador Chico Aafa.
Feliz aniversário!
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