Ao cair da noite, logo após o banho de riacho e o jantar, toda a família –
papai, mamãe, meus irmãos e eu – se reunia na pequena e rústica calçada de chão
batido, amparada por grossas toras de madeira, que ficava em frente à casa
simples da Fazenda Nova América.
Embora ocorresse praticamente todos os dias, esse encontro era sempre um momento
único, mágico, quando meus pais aproveitavam para colocar os assuntos em dia, falar
dos acontecimentos nos vizinhos, do destino da colheita que estava armazenada
nos paióis, quando começaria a preparação para a próxima safra, coisas assim. Enquanto
isso, a noite ia se fazendo e logo, surgia no horizonte uma lua grande, imensa,
cheia de beleza e encanto.
Eis que o clima pedia e o violão alguém trazia. Assim, papai se punha a
dedilhar valsas e dobrados. Apesar das mãos judiadas pelo trabalho árduo e
cotidiano da roça isso não era empecilho, e ele soltava sua alma, seu coração
em acordes maravilhosos. Mamãe também passava declamar versos e entoar as canções
que tanto gostávamos.
E eu logo sentia o cansaço bater e o sono chegar. Cansaço de um menino que brincara durante todo
o dia. Então, buscava o acalento do colo de minha mãe, onde deitava e recebia em
meus cabelos seu carinho, vindos de mãos suaves e ternas. Eu me deixava enlevar
naquelas canções até adormecer. Sequer percebia quando era levado por meu pai à
cama simples onde dormia. Não raro parecia escutar ao longe: “como esse menino
está ficando pesado”.
A vida seguiu. O tempo inexoravelmente passou e essas lembranças estão
aqui em mim. Apesar da distancia e do
tempo, são muito vivas, permeando os recônditos do coração. Ainda lembro quando
nas madrugadas frias de outono, no meio da noite, minha mãe se levantava e
vinha ver se eu e meus irmãos estávamos bem cobertos, agasalhados e se não passávamos
frio. Era cuidado, amor, carinho de mãe.
A cada ano no mês de maio, a lembrança se intensifica. O dia das mães me
leva a esses momentos de pura saudade. Hoje divido a alegria desse dia com a
presença da esposa, mãe de minhas filhas, da minha filha que é mãe, e também minhas
irmãs e sobrinhas.
A saudade dos momentos da infância com minha querida mãe se junta á
alegria do presente. Cresci em um lar onde o amor era a marca maior. Meus pais
muito se amavam e faziam questão de que esse amor fosse estendido aos filhos. Isso
nos tornou muito próximos, e também muito amigos. Amor e amizade de irmãos, pais,
filhos.
E falar em amor, neste domingo é o dia das mães. Que possamos dar amor e
carinho às mães que estão perto de nós. Caso a vida não permita um presente,
uma lembrança, dê carinho na forma de um beijo, um abraço forte e demorado. Não
há nada melhor que presença e atenção.
Desejamos felicidade e alegrias à nossas mamães. Não somente neste dia e
neste mês de maio, mas em todos os dias da existência. Que possamos retribuir
ao menos em parte o tanto que recebemos.
Que o dia das mães seja também todos os dias. Às mamães de nossa vida,
muito amor e carinho. Um feliz todos os dias, às mães.
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