sexta-feira, 16 de junho de 2017

DOS ÚLTIMOS DIAS DO OUTONO...



            A manhã de junho, na cidade de Palmas, Tocantins, de esplendor único e inigualável parecia ter deixado toda a beleza possível para aquele momento. Não bastasse o sol brilhante e o céu de um azul límpido e sem nuvens, a lua minguante resolveu dar o ar da graça, ainda que durante o dia.  Parecia encantada com o cenário, buscando, como se fosse possível, embelezar ainda mais aquilo tudo.
Ventos vindos de todos os lados passavam sobre o cajueiro coberto de flores e pequenos frutos, trazendo perfumes únicos, do aroma do cerrado.
O outono chega aos seus últimos dias. Em toda a estação, tivemos momentos de frio, calor, dias e noites espaçadas pelo mesmo tempo e a natureza, renovando a vida, permitindo que novas folhas venham e ocupem o lugar daquelas que, cumprindo sua missão, deixam-se cair, ainda para uma ultima etapa da existência, de generosamente proteger a árvore-mãe e adubar a terra que a mantém, garantindo a sobrevivência.
Em poucos dias teremos a chegada do inverno. As novas folhas que sucederam as caídas no outono haverão de proteger e garantir o ciclo venturoso da vida. É hora de buscar as energias acumuladas e garantir os próximos meses, onde o frio e os ventos, aliados ao tempo seco, haverão de ser mais difíceis.
Logo, após tudo isso entre as folhas ou nos caules haverão de aparecer pequenos e tímidos bulbos, que se transformarão em flores, anunciando alegre e festiva primavera – a rainha das estações. E logo, a vida confirma sua renovação, em frutos e sementes que alimentarão os viventes.
Também somos manhãs se sol, manhãs de ventos que trazem perfume de flores e aromas do cerrado. Em nossa existência talvez sequer percebamos, mas passamos por todas as estações. Talvez percebamos melhor a mais bela, a mais pujante e encantadora, por tudo que representa. Mas, também somos dias nublados, com ventos fortes, ás vezes ameaçadores e perigosos, ou com chuvas fortes, temporais que amedrontam, assustam.
Da mesma forma que um dia somos flores, depois frutos e por fim sementes, trazendo beleza e renovação, um dia somos folhas que, caídas ao chão, pouco ou mais nada representam.
Assim caminhamos. E que essa caminhada seja plena de carinho, ternura e compreensão. Que em cada instante da existência, nas belas manhãs de junho ou em dias e noites tormentosos e difíceis, o amor prevaleça. E assim estabeleça-se laços fortes, profundos, inabaláveis, capazes de suportar dores e tormentas, mas também de alegremente, celebrar manhãs de outono de céu azul, ventos travessos e sol brilhante. Observados pela lua minguante que não haverá de querer perder o espetáculo de encanto e beleza.


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