A
manhã de junho, na cidade de Palmas, Tocantins, de esplendor único e inigualável
parecia ter deixado toda a beleza possível para aquele momento. Não bastasse o
sol brilhante e o céu de um azul límpido e sem nuvens, a lua minguante resolveu
dar o ar da graça, ainda que durante o dia.
Parecia encantada com o cenário, buscando, como se fosse possível,
embelezar ainda mais aquilo tudo.
Ventos vindos de todos os lados passavam sobre o cajueiro coberto de
flores e pequenos frutos, trazendo perfumes únicos, do aroma do cerrado.
O outono chega aos seus últimos dias. Em toda a estação, tivemos momentos
de frio, calor, dias e noites espaçadas pelo mesmo tempo e a natureza, renovando
a vida, permitindo que novas folhas venham e ocupem o lugar daquelas que,
cumprindo sua missão, deixam-se cair, ainda para uma ultima etapa da existência,
de generosamente proteger a árvore-mãe e adubar a terra que a mantém, garantindo
a sobrevivência.
Em poucos dias teremos a chegada do inverno. As novas folhas que sucederam
as caídas no outono haverão de proteger e garantir o ciclo venturoso da vida. É
hora de buscar as energias acumuladas e garantir os próximos meses, onde o frio
e os ventos, aliados ao tempo seco, haverão de ser mais difíceis.
Logo, após tudo isso entre as folhas ou nos caules haverão de aparecer
pequenos e tímidos bulbos, que se transformarão em flores, anunciando alegre e
festiva primavera – a rainha das estações. E logo, a vida confirma sua renovação,
em frutos e sementes que alimentarão os viventes.
Também somos manhãs se sol, manhãs de ventos que trazem perfume de flores
e aromas do cerrado. Em nossa existência talvez sequer percebamos, mas passamos
por todas as estações. Talvez percebamos melhor a mais bela, a mais pujante e encantadora,
por tudo que representa. Mas, também somos dias nublados, com ventos fortes, ás
vezes ameaçadores e perigosos, ou com chuvas fortes, temporais que amedrontam,
assustam.
Da mesma forma que um dia somos flores, depois frutos e por fim sementes,
trazendo beleza e renovação, um dia somos folhas que, caídas ao chão, pouco ou
mais nada representam.
Assim caminhamos. E que essa caminhada seja plena de carinho, ternura e
compreensão. Que em cada instante da existência, nas belas manhãs de junho ou
em dias e noites tormentosos e difíceis, o amor prevaleça. E assim
estabeleça-se laços fortes, profundos, inabaláveis, capazes de suportar dores e
tormentas, mas também de alegremente, celebrar manhãs de outono de céu azul, ventos
travessos e sol brilhante. Observados pela lua minguante que não haverá de querer perder o espetáculo de encanto e beleza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário