O mês de junho é realmente muito especial. Diferente dos demais meses do
ano, em junho temos manhãs de beleza indescritível. Emolduradas pelo verde que a
temporada das chuvas deixou presente na natureza, as manhãs de junho são de sol
brilhante e brisa amena.
Tido como um mês romântico, festivo e alegre, junho encerra o primeiro
semestre, quando intimamente nos vem àquela sensação de dever cumprido, de já
ter vencido a primeira parte do ano que segue. Com as festas de Santo Antônio,
São João e São Pedro é certeza de diversão, alegria e claro, muita devoção.
Na Fazenda Nova América havia comemorações juninas. Na noite da véspera
do dia de cada santo, meu pai fazia uma imensa fogueira, por onde minha imaginação
de criança viajava e se encantava, ao observar a beleza do vermelho intenso do
fogo e das brasas que se formavam.
A fogueira da véspera de Santo Antônio era precedida por uma reunião dos
familiares que moravam por perto, quando rezavam um terço. Não raro, após o ato
de devoção meu pai pegava o violão e ali mesmo, na sala acontecia um improvisado
e agradável sarau.
Já na véspera de São João a festa era grandiosa. Era o fim de uma novena
que as famílias da região faziam e na noite de 23 de junho se reuniam, rezavam
o terço e encerravam a novena, agradecendo pelas graças obtidas.
Então acontecia a grande festa. Era muita fartura e alegria. Além dos
vizinhos, vinham políticos, pessoas importantes e o vigário da pequena cidade
de Araguaçu, que ficava bem próxima à fazenda.
Após a reza, os violeiros, sanfoneiros e tocadores de percussão se
organizavam afinando os instrumentos e afiando a voz sob a barraca feita de
palha e bambu, em frente à casa. Era para que todos se acomodassem bem e não
sofressem os efeitos do sereno.
Enquanto isso minhas irmãs se reuniam com outras moças da mesma idade e cantavam
os sucessos que ouviam através do rádio. Havia uma música que nunca esqueci. Uma
puxava as estrofes e em seguida, todas em coro cantavam o refrão. Dizia assim: “...pegue
uma esteira e seu chapéu, vamos para a praia que o sol já vem...”. Com alegria
eu recordo aquele coral de jovens alegres e felizes, que até hoje ecoa em meu
coração.
Eu não percebia, pois era muito criança, mas dessa festa saíram muitos namoros e depois casamentos. E tudo transcorria
em alegria e muita amizade. Logo, todos jantavam até se fartar, degustavam os
doces e começava a diversão, com muita música, repentes e alegria, que ia pela
madrugada.
É muito bom buscar nos recônditos do coração esses momentos. Mas o que
mais me chama a atenção em junho é o fato de ser o mês dos namorados, tendo o dia
doze como seu ápice. Para mim, uma data mais que especial. É tempo de renovar
laços de amor e de reviver e viver momentos de ternura e enlevo.
Através de canções, recordar momentos felizes, de passear de mãos dadas
com a amada nas tardes, que como as manhãs, são também repletas de beleza.
E para mim, doze de junho, embora seja outono, é tempo colheitas e de primaveras.
Assim, seguir pelos caminhos da vida, agradecendo a dádiva de mais um ano
vivido, vivenciado.
Que a vida tenha sempre esse clima de junho. Clima de alegria, paz e muita,
mas muita felicidade.
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