Imagem retirada da internet |
O crepitar das brasas da imensa fogueira,
emitia som único e interessante, que aliado ao calor que dispensava e ao
vermelho das lavaredas vivas e inquietas, parecia hipnotizar as pessoas que estavam
ali a observar.
O encantamento se desfez quando os
acordes dolentes da sanfona convidaram o povo a se aproximar do local onde aconteceriam
as apresentações dos diversos grupos de quadrilha, em um animado e alegre
concurso.
Eu era um dos poucos que não
participaria da minha classe. Eu era aluno transferido há pouco tempo e quando
chegara àquela escola, os grupos e pares já tinham sido feitos e os ensaios já aconteciam.
Fiquei com certa tristeza, afinal, tinha muita vontade de participar daqueles
folguedos. Restara-me torcer para os colegas de classe e, claro divertir-me ao
lado dos meus pais com tudo aquilo que a festa junina poderia oferecer.
Absorto, quase não percebi quando
meu pai se aproximou e com sua voz macia e terna me chamou para irmos ao local
assistir às apresentações. Papai chegou trazendo um grande saco cheio de
pipocas, com o que imediatamente me animei.
Sem muita dificuldade, nos acomodamos
na improvisada arquibancada, feita de tábuas quase soltas e esperamos o anúncio
do inicio da festa. Papai parecia animado e conversava a muito com minha mãe. Aliás,
essa era uma característica marcante de meu pai: sempre animado e bem humorado,
gostava de festa e de estar perto de pessoas alegres.
O som da sanfona tomou conta do ambiente
e firmou em uma melodia alegre e animada. Logo, um grupo de jovens começou a
apresentação, com a quadrilha sendo cantada por um senhor de cabelos brancos e
voz forte, que comandava as evoluções, que iam sendo mostradas pelos pares do
grupo. Terminada aquela apresentação, entrou outro grupo e assim, a animação ia
ficando cada vez maior.
O frio de junho começou a apertar e
minha mãe, zelosa como era, apressou-se a me entregar e pedir que vestisse um
agasalho que ela providencialmente trouxera. Senti-me confortável e aquecido de
imediato. Logo, papai em entregava mais pipoca e outras guloseimas.
Terminadas as apresentações, fomos
passear e visitar as barraquinhas da quermesse. Eu todo alegre e feliz, ao lado
dos meus pais, brinquei de pescaria, de tiro ao alvo, joguei argolas em garrafas
e claro, tomei caldo de frango e feijão quentinhos e degustei um delicioso
milho assado. E minha mãe a se perguntar como tudo aquilo cabia. Eu ria a valer
e aproveitava muito aquele momento, de pura alegria e felicidade.
Chegada a hora de ir embora, e nos
colocamos a caminho de casa. Íamos a pé, pois morávamos ali pertinho e naquele
tempo, era tudo muito tranquilo na pequena e acolhedora cidade onde morávamos.
Chegando em casa, coloquei uma
roupa quente para dormir, afinal junho é sempre muito frio. Hora de ir par a
cama, não sem antes receber o carinho e o beijo de minha mãe junto com a bênção
do meu pai.
Naquela noite, demorei um pouco a
dormir. Me vinha à lembrança o crepitar da fogueira, e o sorriso daquela menina
que me encantava e que estudava na mesma sala que eu e que naquela noite,
estava ainda mais linda, vestida com a roupa típica da quadrilha junina.
Adormeci e sonhei que dançava com
ela. Que era seu par e juntos, bailávamos ao som da alegre canção junina.
Sonhos de um menino quase na
adolescência. Sonhos de uma alegre e feliz noite de São João.
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