sexta-feira, 29 de junho de 2018

JUNHO INDO, JULHO E FÉRIAS CHEGANDO...






Na noite da última quinta-feira, ao chegar em casa deparei-me com as luzes da varanda apagadas. Normalmente estão acesas, mas dessa vez ocorreu um problema com o sistema de células fotoelétricas, que ao anoitecer acende automaticamente as lâmpadas da casa.
Após colocar o carro na garagem, me permiti por alguns instantes admirar a escuridão da parte interna e ao me voltar para a parte de fora e contemplar o céu, agradeci pelo fato de as lâmpadas não estarem acesas: um espetáculo grandioso se iniciava. A lua aparecia entre prédios esplêndida, imponente e bela. E iluminava o firmamento e todo o meu quintal, majestosamente incrustada em um céu sem nuvens, de tom azul escuro.
Por um tempo que não posso mensurar, fiquei ali absorto, com o pensamento distante nas coisas boas e belas da vida. A lua cada vez mais brilhante e clara, em escala ascendente iluminava agora uma pujante roseira do pequeno jardim, que estava coalhada de rosas.
E uma dúvida surgiu: a lua se encantava com as rosas ou as rosas de encantavam e retribuíam a beleza da lua? Impossível saber...
Mas a responsabilidade voltou e tive que acender as luzes da casa. Rapidamente encontrei o pequeno problema ocasionado no sistema elétrico e a luz se fez presente em todas as varandas da casa.
Mas busquei uma cadeira de fios e fui fazer companhia à roseira, deixando a luz da lua acariciar minha face. Fiquei ali por um bom tempo, imerso em minhas reflexões.
O mês de junho está chegando ao fim. Tivemos um mês festivo, com homenagens a Santo Antônio, São João e São Pedro. Muitos festejos, alegria, comidas típicas, dança de quadrilhas. E julho está à porta, trazendo clima de férias e descanso para muitos. Tempo de praias no Rio Araguaia, reencontros e confraternização.
 É quando me lembro que em breve teremos eleições, e o país segue ainda em rumo incerto. É preocupante perceber que um país que há pouco mais de trinta anos lutava por liberdade de expressão, democracia, livre associação, multipartidarismo, hoje se veja com pessoas – desinformadas, diga-se – pedindo a volta do regime militar.
Vivi intensamente a época da ditadura. Lembro que para poder apresentar um espetáculo teatral era necessário obter autorização de um sisudo e quase sempre mau humorado servidor do departamento de censura polícia federal de então. Haviam outras situações, que também não deixaram nenhuma saudade. Vencemos, tivemos a aprovação de uma constituição cidadã – hoje mutilada – e o país experimentou por mudanças que vieram atender em parte aos anseios da sociedade.
Mas de repente, quem comandou essa mudança fez pior do que os que estavam no poder, levando o país, de gente honesta e trabalhadora, à uma crise sem precedentes.
E carregando junto instituições outrora merecedoras de crédito e confiança, como a nossa suprema corte, que parece mais uma banca de advogados que de fato guardiã da constituição. Isso para não falar em nossos parlamentos, que salvo raras e honrosas exceções, têm como integrantes pessoas descompromissadas com a sociedade, com o bem comum.
As eleições estão chegando. Os protagonistas até agora são os mesmos de sempre. Significa que nada deve mudar e que o país deve continuar como um paraíso de políticos corruptos e desonestos.
Mas é melhor voltar à lua e seu interessante diálogo com as rosas.  Tamanha beleza traz conforto e aconchego.  Lua, rosas perfumadas, noite de encantos, o som de um violão ao longe, tudo isso me faz ao menos por alguns instantes esquecer as mazelas do Brasil.
E embora tentem, ainda não conseguiram nos roubar a poesia. Que deve sempre prevalecer em nossos corações.


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