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Havia uma época em que
as pessoas se reuniam no início da noite dia para conversar, em varandas que
ficavam em frente ou nas laterais das casas, onde sempre corria uma brisa suave,
que aliviava o calor intenso e tão comum por estas paragens.
Era a hora de
espairecer e colocar os assuntos em dia, depois de uma jornada intensa de
trabalho, seja na roça ou na cidade, nas mais diversas atividades
desenvolvidas. Esse foi um costume que perdurou há até pouco tempo, quando ainda
não havia a obrigatória e impositiva televisão e suas novelas repetitivas e o
falar diretamente era comum e usual.
Havia sim, um rádio em
local nobre do cômodo principal da casa, que fazia as vezes de fundo musical,
não impedindo as pessoas de conversarem e trazendo um ar de alegria e diversão
ao local.
Era comum as pessoas
pararem de conversar para ouvirem uma notícia, sempre precedida de chamadas que
faziam com que as atenções se voltassem para o rádio. Ou quando era tocada uma
música de grande sucesso no momento ou mesmo o lançamento dos artistas em
evidência da época.
E o rádio levou a milhares
de lares, por mais distantes que fossem, as vozes de uma época de ouro onde cantar
era realmente uma arte admirada por todos. Eram vozes de artistas famosos,
vozes imponentes, afinadas, sempre acompanhadas de orquestras também famosas.
Assim, se destacaram as
vozes masculinas de Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Carlos José,
Vicente Celestino, que tinha uma voz inigualável, o caboclinho Silvio Caldas,
Francisco Petrônio, Cauby Peixoto, Francisco Alves. Depois, vieram Moacyr
Franco, que até hoje está em atividade, o saudoso Altemar Dutra, que
precocemente nos deixou e a sempre única e encantadora voz do rei Roberto Carlos.
Eram grande destaque e
sucesso as cantoras que com voz suave e ao mesmo tempo firme levavam através
das ondas do rádio canções de amor, que acendiam e fomentavam paixões,
romances.
Os concursos de “Rainha
do rádio” eram disputadíssimos. E foi no rádio que surgiram nomes como Carmem
Miranda, Marlene, Emilinha Borba, Nora Ney, Ângela Maria e Dalva de Oliveira.
Cada uma com sua história
de vida, em uma época que ser cantora, ser artista, era difícil, pelo fato que
a aceitação por parte da família patriarcal da época nem sempre era das mais
fáceis.
Dessas histórias,
algumas de sofrimento, há a de uma de uma moça, filha de pai evangélico, que
trabalhava em uma fábrica de lâmpadas durante parte do dia e no restante ia à
uma emissora de rádio se apresentar. Dessa forma colecionou muitos prêmios, que
escondia debaixo da cama, para que não soubessem e assim não a recriminassem.
Um dia, essa moça de
nome engraçado – Abelim – resolveu que lutaria, iria em busca de seus sonhos e
superaria todas as barreiras possíveis e impossíveis. Passou a ser Ângela
Maria, encantou corações e se tornou uma das mais importantes cantoras da história
da música brasileira.
E Ângela Maria, ou simplesmente
Abelim, há alguns dias nos deixou. Ficaram canções e saudade. Ela, agora canta na orquestra do infinito.
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