sexta-feira, 5 de outubro de 2018

ANGELA, CANÇÕES E SAUDADES!


Imagem: internet

Havia uma época em que as pessoas se reuniam no início da noite dia para conversar, em varandas que ficavam em frente ou nas laterais das casas, onde sempre corria uma brisa suave, que aliviava o calor intenso e tão comum por estas paragens.
Era a hora de espairecer e colocar os assuntos em dia, depois de uma jornada intensa de trabalho, seja na roça ou na cidade, nas mais diversas atividades desenvolvidas. Esse foi um costume que perdurou há até pouco tempo, quando ainda não havia a obrigatória e impositiva televisão e suas novelas repetitivas e o falar diretamente era comum e usual.
Havia sim, um rádio em local nobre do cômodo principal da casa, que fazia as vezes de fundo musical, não impedindo as pessoas de conversarem e trazendo um ar de alegria e diversão ao local.
Era comum as pessoas pararem de conversar para ouvirem uma notícia, sempre precedida de chamadas que faziam com que as atenções se voltassem para o rádio. Ou quando era tocada uma música de grande sucesso no momento ou mesmo o lançamento dos artistas em evidência da época.
E o rádio levou a milhares de lares, por mais distantes que fossem, as vozes de uma época de ouro onde cantar era realmente uma arte admirada por todos. Eram vozes de artistas famosos, vozes imponentes, afinadas, sempre acompanhadas de orquestras também famosas.
Assim, se destacaram as vozes masculinas de Nelson Gonçalves, Orlando Silva, Carlos Galhardo, Carlos José, Vicente Celestino, que tinha uma voz inigualável, o caboclinho Silvio Caldas, Francisco Petrônio, Cauby Peixoto, Francisco Alves. Depois, vieram Moacyr Franco, que até hoje está em atividade, o saudoso Altemar Dutra, que precocemente nos deixou e a sempre única e encantadora voz do rei Roberto Carlos.
Eram grande destaque e sucesso as cantoras que com voz suave e ao mesmo tempo firme levavam através das ondas do rádio canções de amor, que acendiam e fomentavam paixões, romances.
Os concursos de “Rainha do rádio” eram disputadíssimos. E foi no rádio que surgiram nomes como Carmem Miranda, Marlene, Emilinha Borba, Nora Ney, Ângela Maria e Dalva de Oliveira.
Cada uma com sua história de vida, em uma época que ser cantora, ser artista, era difícil, pelo fato que a aceitação por parte da família patriarcal da época nem sempre era das mais fáceis.
Dessas histórias, algumas de sofrimento, há a de uma de uma moça, filha de pai evangélico, que trabalhava em uma fábrica de lâmpadas durante parte do dia e no restante ia à uma emissora de rádio se apresentar. Dessa forma colecionou muitos prêmios, que escondia debaixo da cama, para que não soubessem e assim não a recriminassem.
Um dia, essa moça de nome engraçado – Abelim – resolveu que lutaria, iria em busca de seus sonhos e superaria todas as barreiras possíveis e impossíveis. Passou a ser Ângela Maria, encantou corações e se tornou uma das mais importantes cantoras da história da música brasileira.
E Ângela Maria, ou simplesmente Abelim, há alguns dias nos deixou. Ficaram canções e saudade. Ela, agora canta na orquestra do infinito.



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