terça-feira, 20 de dezembro de 2011

A SIBIPIRUNA DA VELHA CAMPININHA DAS FLORES

O que restou da velha sibipiruna

O bairro de Campinas, em Goiânia, ou Campininha, como é carinhosamente chamado por todos que ali vivem ou trabalham é deveras interessante. Berço da nova capital, construída por Pedro Ludovico. Mesmo assim, no inicio, era “distante” do novo centro do poder do Estado de Goiás.
Aos poucos, foi ficando perto, perto, com a inauguração do local de lazer da cidade, o lago das rosas, onde ao lado de magnífico bosque ficava um aprazível piscinão com trampolim, pedalinhos e outros brinquedos.
Dizem que no inicio a Campininha era bastante cheia de árvores. Tinha muito verde, muita sombra que dava abrigo aos animais dos carroceiros, aos trabalhadores braçais que, em seu horário de almoço, puxavam deliciosa e preguiçosa soneca.
O campineiro, como é chamado o seu bairrista morador não entende que ali é um bairro, mas o considera uma cidade. Assim como os gaúchos consideram o seu Estado um País, o campineiro entende seu canto como uma cidade.
Tem tudo que precisam. Escolas tradicionais – como os colégios Pedro Gomes e Santa Clara – o mercado de Campinas, antigo e tradicional centro de compras, onde existe a melhor carne de sol da cidade, o tradicional fumo de rolo e o delicioso pastel de diversos sabores, artesanatos diversos e outras atrações. É realmente um lugar especial o Mercado de Campinas. Tem também a Igreja Matriz, os irmãos redentoristas, sua emissora de rádio – a Difusora, que opera nos 640 AM, o quase centenário Coreto da Praça Joaquim Lucio, testemunha de muita historia passada devagarzinho sob seus beirais.
Um pouco mais à frente, a hoje imponente sede do Atlético Clube Goianiense, ou Atlético, como carinhosamente os campineiros chamam seu clube do coração. E pensar que por muito pouco o bairro e porque não, a cidade de Goiânia, quase perderam o estádio Antonio Aciolly, sede do clube. A ganância e falta de humanidade de uns poucos quase tiraram esse patrimônio do coração dos campineiros.
Mas a volta por cima foi triunfal. O Atlético hoje é equipe de série A do Campeonato Brasileiro de Futebol e orgulha seus torcedores com seu desempenho em campo.
Nos dias de hoje, a Campininha é um bairro muito parecido com outros bairros antigos de Goiânia, como o Bairro Rodoviário, por exemplo. De dia, um intenso movimento, no comercio, nas lojas, no ir e vir das pessoas. A noite vem a calmaria e pode-se encontrar ainda pessoas em frente a suas casas em pequenas varandas, confortavelmente sentados em suas cadeiras a jogar conversa fora, aproveitando a fresca da noite. Coisas que ainda existem na Campininha.
Esta semana, em visita ao Salão Silva, dos amigos Dito e João Balbino senti falta de alguma coisa. Observando melhor, vi um resto de tronco de árvore, cortado ao rés do chão – o que restou da maravilhosa e imponente Sibipiruna que, durante décadas reinou no local. Era acostumado a admirá-la sempre e ao perceber suas belas flores tinha a certeza que a semana da Pátria estava chegando.
Fiquei sabendo que a Sibipiruna foi “matada”. Colocaram produtos químicos sobre suas raízes e ela foi definhando aos poucos, até sucumbir totalmente. Não teremos mais lá os casais de pombos-do-bando que usufruíam de seus galhos generosos na construção de seus ninhos. E a Campininha ficou mais triste e quente. A sombra generosa da velha sibipiruna, de flores amarelas e folhas de um verde muito vivo não existe mais. Na Rua Quintino Bocaiúva, entre as avenidas Ceará e Mato Grosso acabou o abrigo dos transeuntes que ali paravam para descansar um pouco da jornada. Que pena. Olhando para o que restou da frondosa Sibipiruna me vem um nó na garganta reflito: a Campininha precisa ter de volta suas árvores. Para que seja mais acolhedora e alegre, como são seus moradores. Que saudade, velha Sibipiruna.

Um comentário:

  1. É meu amigo, certamente não és o único a sentir falta, como muito bem disse:Muitos fizeram da Sibipiruna e sua sombra o seu ponto de descanso!

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