quarta-feira, 18 de janeiro de 2012

SAUDADE


 Tanto se cantou e escreveu sobre a saudade que parece tema batido, esgotado; um tema sobre o qual já não caberia mais o que falar ou escrever. Inspiração de românticos, poetas, boêmios, a saudade é um atestado de sensibilidade de pessoas que gostam e amam.
Saudade. Como soa bonita a pronúncia desta palavra. Parece confortar com seu som perfeito o coração de quem a tem. Toca mais ainda o coração quando se encontra alguém e ouve-se desta pessoa: que saudade de você!
Saudade. Nostalgia.
Nesse início de ano, verão, nada de calor, mas chuvas fortes, constantes, trazendo preocupação às autoridades. Porém chuva benfazeja. Lava a fuligem dos telhados, dos flamboyants do centro de Goiânia e deixa uma sensação de ar puro e de fertilidade.
Essa chuva me fez viajar rumo à saudade da minha infância. À Fazenda Nova América, onde dei meus primeiros passos, que também se enchia de verde.
 O local que meu pai já havia separado para a roça do ano se enchia de novos brotos. Um um imenso tapete verde, avistado de longe. Com as primeiras chuvas diminuía muito e acabava a poeira das irregulares estradas da fazenda. Era alívio para todos.
Logo, meu pai preparava as sementes – não precisava adubo pois a terra era fértil para aquele modelo de agricultura de subsistência, – para lançá-las ao solo. Depois de alguns meses era colheita farta, abundante. Garantia assim para todo o ano o sustento da família.
As muitas lembranças da minha infância e juventude estão cravadas no portfólio da minha saudade.
Depois da infância venturosa da fazenda, vivi a minha juventude na querida Goiânia. Cheguei por aqui em uma manhã ensolarada de Março e começaria ali pra valer a luta pela sobrevivência, pela dignidade para um tornar-me homem.
Goiânia me acolheu como a todos que aportaam por aqui, dando oportunidades e condições de vida. Trabalhava durante o dia e estudava à noite.
Naquele tempo Goiânia era uma cidade tranqüila. Andava-se nas ruas pelas madrugadas, não havia tantos veículos nas ruas, violência quase nenhuma. Tinha-se mais liberdade. Bons tempos que deixaram saudade.
Ainda sobre a saudade, afirnmo que saudade necessáriamente não é tristeza. É presença constante de momentos bem vividos. Nem sempre é uma saudade de alguém ou de algum lugar, mas aquela saudade que verdadeiramente toca o coração. Como das reuniões de família, de irmãos, tios, sobrinhos em que todos se confraternizam e desejam o melhor para os todos.
Saudade é amor, é partilha. Generosidade.
Ainda bem que sentimos saudade. Mais difícil do que ter e suportar uma saudade seria não ter vivido, não ter do que sentir saudade.

2 comentários:

  1. A saudade... de qualquer forma quando ela bate a gente vai a lona! parabéns!

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  2. Saudade é um sentimento que quando não cabe no coração, escorre pelos olhos.(Bob Marley) Ultimamente esse sentimento é o que mais tenho sentido.Mas é como vc citou no texto, melhor sentir saudade do que não ter vivido nada!

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