Rebuscando
e remexendo papeis guardados em velhas caixas de papelão, eis que encontro
esquecidas e quase abandonadas fotos de tempos antigos, felizes, de esperança e busca de dias melhores.
Olhando aquelas fotos, percebo o quanto éramos fisicamente diferentes. O que nunca
mudou foi o sorriso estampado no rosto e
os sonhos, que continuam os mesmos. Retratos de épocas em que começávamos a
construir a vida, formatando aquilo que somos hoje.
Como
foi bom revisitar aqueles momentos. As “crianças” eram pequenas, dependentes e
felizes, vivendo sua infância, não obstante as dificuldades da época.
Invariavelmente
viajo a esse tempo, que foi muito feliz. O começo da vida a dois, a vinda das
filhas queridas, que um dia tiveram a
primeira bicicleta, o primeiro uniforme e o primeiro dia na escola. Aos finais
de semanas as meninas iam à casa dos avós maternos, onde as tias, que eram da
mesma idade ou até menores, eram alegres companheiras de brincadeiras e traquinagens.
Os
avós moravam de agregados em uma fazenda. A casa ficava nas proximidades de uma
mata e uma aguada, que desembocava e formava uma bica d’água que corria o ano inteiro.
Pertinho, um pé de manga coquinho derramava-se sobre o chão com seus galhos
firmes e quase centenários, a beijar o chão e reverenciar a mãe terra que lhe
sustentava as raízes. Ao lado um imenso tronco seco, tombado mas ainda firme de
um grande angico, que sob a força bruta de um insistente machado, um dia caiu. Servia
de balanço à meninada, como um amplo play ground natural
Com
telhado quatro águas, sem varanda, e com pouco conforto, a moradia era ao menos
aconchegante. Constava de dois quartos, sala com janela de madeira e a cozinha
grande, onde ficava o fogão à lenha. Apesar de pequena, agasalhava bem a todos
os filhos. Por algumas telhas quebradas nas noites claras as crianças
divertiam-se quando ao deitar, antes que chegasse o sono, viam pelas frestas a
luz da lua e o brilho das estrelas.
Um
dia tiveram que mudar para a cidade. A velha fazenda fora vendida e os novos compradores
não queriam saber de agregados morando lá. A mudança para a nova morada foi um
choque, embora tivessem ido para a periferia da capital, em uma Vila não muito
longe da antiga fazenda.
A casa nova da
cidade era simples, pequena, menor que a da fazenda. Aos poucos foram
construindo mais cômodos. No inicio estranharam a água de cisterna e as telhas
de amianto, que cobriam a casa, muito quente e abafado.
Aos poucos
foram se adaptando, as crianças foram crescendo e a vida foi ficando
aparentemente melhor, com novos móveis e itens de conforto sendo acrescentados.
A até então pouco necessária televisão tomou seu lugar na sala e, em certas
horas do dia, passou a monopolizar a atenção. Superou rapidamente o rádio, até então a
principal e mais animada diversão daquela casa.
Passados tantos anos dos momentos registrados naquelas
fotos, fiquei enternecido e saudoso ao revê-las. Aquelas imagens de alegria e
felicidade revolveram nos recônditos do coração as boas lembranças e junto com a
saudade, trouxeram-nas de volta ao presente.
As boas lembranças do interior desse nosso Goiás de meu Deus!
ResponderExcluirAssim vivia nossa gente interiorana. E, muitos ainda vivem assim. Em Goiás e por esse Brasil. Tendo o rádio, a lua, os riachos e as matas como companheiras.
Essa é mais uma crônica, excelente, do nosso amigo e Escritor Goiano, Paulo Rolim.
Abraços fraternos!
Reinaldo Bueno
Recordar é viver, como é maravilhoso poder recordar o passado com boas lembranças de dias que ficarão para sempre em nossas memorias...
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