Os últimos dias foram de um calor terrível na querida Goiânia. Calor terrível que aliado ao
transito cada dia mais intenso e desumano, tornou a vida do cidadão quase uma
catástrofe. São as reações da mãe natureza, onde colhemos aquilo que plantamos
ao longo dos anos.
O dia a dia traz obrigações e a certeza que precisamos continuar. Com calor, com frio, com
chuva ou sol escaldante, a vida segue. Como a vida não para, o tempo não para,
seguimos em frente.
Seguir em frente...
Seguir sempre em frente... Expressão eternizada em canções, como aquela diz: “Ando devagar, porque já tive pressa...”.
E a vida impõe pressa.
Impõe prazos, tempo a cumprir, exige celeridade. Celeridade nem sempre
compreendida, mas sempre exigida... Pergunto: se a vida não é tão célere, tem
seu tempo, porque não ouvir o tempo do coração?
E, qual o tempo do
coração?
A cada alvorecer
ganhamos a dádiva de um novo dia. Um novo período onde podemos fazer de tudo,
inclusive ser felizes. Ganhamos sim. E a felicidade está em primeiro lugar? A
elegemos como motivação maior do novo dia?
Cada dia traz novas nuances, traz novos
rumos e acima de tudo, muita esperança. Onde estamos? O que somos? E o que
seremos no próximo segundo?
Somos capazes de
compor sinfonias, realizar feitos fantásticos, ir ao espaço sideral, mas ainda
não compreendemos a totalidade da alma humana.
Viajo em meu dia a
dia. Ao percorrer as ruas da bela Goiânia, vejo de tudo um pouco: pessoas
apressadas, motoristas com alto nível de stress, comerciantes com um sorriso armado
e previsível a esperar seu cliente.
Vendedores rápidos e ágeis oferecem agua mineral
nos semáforos. Corajosamente defendem sua dignidade e sobrevivência. Sim! Vendem
agua mineral sob sol escaldante, auferindo centavo a centavo o que vai garantir
sua sobrevivência no dia seguinte. Um dia árduo. Conversando com um, soube que
fica ali dez horas todos os dias... Dez longas horas. E consegue obter a renda
que vai sustentar sua família.
E sonhos? Os tem? A resposta veio rápida:
“companheiro, não dá pra viver sonhando... A vida passa rápido demais...”
Quanta coragem e desembaraço. Filosofia...
Exemplo a seguir...
O sinal abre e o transito lento me permite
refletir. Sonhos... Absolutos? Podemos relativizá-los? É relativo que são absolutos
ou absolutamente, os sonhos são relativos?
Acreditar nos sonhos que tenho... O que
aspiro? Serei capaz de realizações ditas “impossíveis”, mesmo em momento de
intenso exigir? Ou talvez fosse melhor ouvir a voz da razão e nunca mais a voz
do coração?
Tal indecisão traz um fardo pesado. Um
imenso fardo. Algo que nunca me ocorreu na vida.
Voltando à
primavera, a chuva não veio tão intensa como se esperava... Mas veio trazendo
acalento, veio devagar, mansa, benfazeja... Não ocorreu em todos os lugares da
cidade. Veio quase a conta-gotas... E trouxe o clima bom, o clima ameno e que
possibilitou noites de sono mais confortáveis, sem a presença incomoda do calor
e do artificial ar condicionado.
Condicionando que
estamos sempre a querer a busca do melhor para nós. Mesmo que esse melhor seja
esperar que sonhos se realizem e se tornem absolutamente factíveis.
Ouvi dizer que um
dia o homem olhou para a lua, mirou o horizonte do mar e sonhou ir além. E foi
além. Desbravou o oceano intransponível e venceu as barreiras do céu,
ultrapassou nuvens misteriosas. Tudo isso, a partir de sonhos, visionários que
eram.
Sonhos são ruins
para quem os ambiciona. Sonhos... Desejos... De vida melhor, de obter uma casa
nova, um carro confortável ou mesmo um poema declamado em tarde de domingo.
Sonhos não são descritos
ou mensurados. Sequer previstos como algo imediato. Afinal, são muito
particulares. Nem sempre divididos. E são
sonhos, apenas sonhos. Podem ser realizados? Depende de quem os tem e acredita!
Depende da coragem dos detentores desses
sonhos.
Que na primavera,
os sonhos aconteçam com a mesma certeza de fertilidade, renovação da vida,
harmonia e clima bom que vieram com a chuva benfazeja. Que os sonhos se realizem.
E que a felicidade chegue aos corações. Ainda, nesta linda primavera!