A manhã esplendorosa, de céu azul e sol brilhante nos encontrou na
rodovia que leva à acolhedora cidade de Inhumas, que dista 45 km de Goiânia, em
direção ao Oeste do estado. Íamos - um amigo e eu - em busca de algo que pode
parecer inusitado, mas que tem grande importância para o planeta, para a mãe
natureza.
Aos poucos fomos distanciando do movimento intenso que existe próximo a Goiânia
e quanto mais percorríamos, melhor e mais calmo ficava o transito.
Foi um momento bacana, onde, esse amigo e eu, nos permitimos colocar
nossos assuntos em dia, afinal, diante da correria do dia a dia isso se torna
impossível. Hora de quase resumir em breves momentos aquilo que vivemos a vida
inteira. Falar de sonhos realizados ou não, de poesia, de radio, canções e
saudade.
Reviver momentos da juventude, os tempos idos da pequena e querida cidade
do interior, dos bailes de fim de semana, da poesia e da importância do radio
na vida de cada um. Dessa forma, a viagem transcorreu de forma rápida e quase
nem percebemos que estávamos no travo que dá acesso à cidade.
Inhumas, em Goiás, é uma cidade de porte médio. Trafegando por suas ruas
limpas e bem cuidadas, observamos que há perfeita convivência entre o moderno e
o histórico. Casas novas e bem projetadas dividem espaço com construções
antigas, de portas e janelas de madeira, como eram no século passado. Moderno e
antigo em perfeita harmonia.
Paramos em um pequeno lanche, para um suco de laranja bem gelado a fim de
espantar o calor e, sem dificuldades, encontramos o endereço que procurávamos.
Fomos acolhidos com alegria pelo jovem Clécio e sua família. Pessoas simples,
que além do trabalho no dia a dia se dedicam a uma missão nobre, que requer
conhecimento e muita perspicácia.
Clécio é um criador de abelhas. Mas, abelhas diferentes, sem ferrão, que
tem função e importância incomum para o meio ambiente. Com simplicidade e muita
sabedoria, ele nos deu uma aula sobre a atividade, falou dos porquês e
particularidades dessa e daquela espécie e como conserva-las vivas e protegidas.
Espécies raras, algumas sabidamente em extinção estavam ali, sob os cuidados e
o carinho daquele rapaz.
Notei pelo brilho dos seus olhos que ele tinha aquela atividade, menos
por questões econômicas e mais por amor e dedicação à natureza.
Andando pela ampla varanda da casa e pelo quintal, fomos aprendendo sobre
a importância das abelhas. Sob a sombra do pé de jabuticabas - carregado de
frutos por sinal – fomos brindados pelo som do imponente e belo do canto de um
galo que parecia dizer que quem mandava naquele lugar era ele.
O tempo passou rápido. Ao fim das explicações feitas pelo amigo Clécio,
tivemos a satisfação de conhecer o seu pai, Sr. Gilmar, que me presenteou com
uma pequena porção de sementes de bucha vegetal, daquelas que crescem mais de
um metro.
Nos despedimos e saímos dali com a alma feliz. O amigo que me acompanhava,
parecendo criança que ganha brinquedo novo, trazia carinhosa e cuidadosamente
no colo a pequena colmeia de abelhas Jatai que recebera de presente.
Voltamos calados, como que hipnotizados, com a lembrança daquela manhã.
Pouco conversávamos. A volta foi rápida, como a ida, mas nossos assuntos
ficaram vazios. Permitimo-nos ouvir o barulho dos pneus do carro no asfalto e o
canto das cigarras anunciando chuva, nas pequenas matas ao longo do caminho.
E tivemos uma certeza: o homem, o ser humano, precisa aprender muito com
as abelhas. São pequeninas, mas solidarias e trabalhadoras. Vivem para o bem
comum.
Um dia, talvez, possamos ter minimamente parte da sabedoria delas...
-*-
Que texto legal! Há uma veracidade e uma lógica muito interessante nas ideias...
ResponderExcluirSomos as abelhas, somos membros de uma nação dinâmica e operosa, cujas origens remontam a milhões de anos de evolução lenta e persistente.
ResponderExcluirFabrica de mel e cera, chego a minha colméia e mergulho em meu mundo sempre escuro, cheio de trabalho e segredos.
Dentro, em permanente azafaraa, uma quantidade de pequeninos seres se agita, construindo e mantendo sua harmonia perfeita.
Não há individualidade a zelar lá dentro. Tudo é pelo todo e para o todo. Para que a colônia dure e se expanda. Para que a espécie perpetue.
Pequena bolha alada vem. Fábrica de mel e cera, chega a sua colméia e mergulha em seu mundo sempre escuro, cheio de trabalho e segredos.
Dentro, em permanente azáfaraa, uma quantidade de pequeninos seres se agita, construindo e mantendo sua harmonia perfeita.
Não há individualidade a zelar lá dentro. Tudo é pelo todo e para o todo. Para que a colônia dure e se expanda. Para que a espécie se perpetue.
Agora se o leitor trata a Natureza a ferro e fogo, em minutos o seu machado destruidor arrasará minha cidade e seus habitantes. Se, porem, o seu coração for amigo das maravilhas que nos proporcionou o Criador, preservará este nossos pequenos reino e poderá entender melhor a Terra e a vida que a povoa
Romildo Godoy