sexta-feira, 3 de outubro de 2014

NO CAMINHO DAS ABELHAS “JATAI”



A manhã esplendorosa, de céu azul e sol brilhante nos encontrou na rodovia que leva à acolhedora cidade de Inhumas, que dista 45 km de Goiânia, em direção ao Oeste do estado. Íamos - um amigo e eu - em busca de algo que pode parecer inusitado, mas que tem grande importância para o planeta, para a mãe natureza.
Aos poucos fomos distanciando do movimento intenso que existe próximo a Goiânia e quanto mais percorríamos, melhor e mais calmo ficava o transito.
Foi um momento bacana, onde, esse amigo e eu, nos permitimos colocar nossos assuntos em dia, afinal, diante da correria do dia a dia isso se torna impossível. Hora de quase resumir em breves momentos aquilo que vivemos a vida inteira. Falar de sonhos realizados ou não, de poesia, de radio, canções e saudade.
Reviver momentos da juventude, os tempos idos da pequena e querida cidade do interior, dos bailes de fim de semana, da poesia e da importância do radio na vida de cada um. Dessa forma, a viagem transcorreu de forma rápida e quase nem percebemos que estávamos no travo que dá acesso à cidade.
Inhumas, em Goiás, é uma cidade de porte médio. Trafegando por suas ruas limpas e bem cuidadas, observamos que há perfeita convivência entre o moderno e o histórico. Casas novas e bem projetadas dividem espaço com construções antigas, de portas e janelas de madeira, como eram no século passado. Moderno e antigo em perfeita harmonia.
Paramos em um pequeno lanche, para um suco de laranja bem gelado a fim de espantar o calor e, sem dificuldades, encontramos o endereço que procurávamos.
Fomos acolhidos com alegria pelo jovem Clécio e sua família. Pessoas simples, que além do trabalho no dia a dia se dedicam a uma missão nobre, que requer conhecimento e muita perspicácia.
Clécio é um criador de abelhas. Mas, abelhas diferentes, sem ferrão, que tem função e importância incomum para o meio ambiente. Com simplicidade e muita sabedoria, ele nos deu uma aula sobre a atividade, falou dos porquês e particularidades dessa e daquela espécie e como conserva-las vivas e protegidas. Espécies raras, algumas sabidamente em extinção estavam ali, sob os cuidados e o carinho daquele rapaz.
Notei pelo brilho dos seus olhos que ele tinha aquela atividade, menos por questões econômicas e mais por amor e dedicação à natureza.
Andando pela ampla varanda da casa e pelo quintal, fomos aprendendo sobre a importância das abelhas. Sob a sombra do pé de jabuticabas - carregado de frutos por sinal – fomos brindados pelo som do imponente e belo do canto de um galo que parecia dizer que quem mandava naquele lugar era ele.
O tempo passou rápido. Ao fim das explicações feitas pelo amigo Clécio, tivemos a satisfação de conhecer o seu pai, Sr. Gilmar, que me presenteou com uma pequena porção de sementes de bucha vegetal, daquelas que crescem mais de um metro.
Nos despedimos e saímos dali com a alma feliz. O amigo que me acompanhava, parecendo criança que ganha brinquedo novo, trazia carinhosa e cuidadosamente no colo a pequena colmeia de abelhas Jatai que recebera de presente.
Voltamos calados, como que hipnotizados, com a lembrança daquela manhã. Pouco conversávamos. A volta foi rápida, como a ida, mas nossos assuntos ficaram vazios. Permitimo-nos ouvir o barulho dos pneus do carro no asfalto e o canto das cigarras anunciando chuva, nas pequenas matas ao longo do caminho.
E tivemos uma certeza: o homem, o ser humano, precisa aprender muito com as abelhas. São pequeninas, mas solidarias e trabalhadoras. Vivem para o bem comum.
Um dia, talvez, possamos ter minimamente parte da sabedoria delas...


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2 comentários:

  1. Que texto legal! Há uma veracidade e uma lógica muito interessante nas ideias...

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  2. Somos as abelhas, somos membros de uma nação dinâmica e operosa, cujas origens remontam a milhões de anos de evolução lenta e persistente.
    Fabrica de mel e cera, chego a minha colméia e mergulho em meu mundo sempre escuro, cheio de trabalho e segredos.
    Dentro, em permanente azafaraa, uma quantidade de pequeninos seres se agita, construindo e mantendo sua harmonia perfeita.
    Não há individualidade a zelar lá dentro. Tudo é pelo todo e para o todo. Para que a colônia dure e se expanda. Para que a espécie perpetue.



    Pequena bolha alada vem. Fábrica de mel e cera, chega a sua colméia e mergulha em seu mundo sempre escuro, cheio de trabalho e segredos.
    Dentro, em permanente azáfaraa, uma quantidade de pequeninos seres se agita, construindo e mantendo sua harmonia perfeita.
    Não há individualidade a zelar lá dentro. Tudo é pelo todo e para o todo. Para que a colônia dure e se expanda. Para que a espécie se perpetue.

    Agora se o leitor trata a Natureza a ferro e fogo, em minutos o seu machado destruidor arrasará minha cidade e seus habitantes. Se, porem, o seu coração for amigo das maravilhas que nos proporcionou o Criador, preservará este nossos pequenos reino e poderá entender melhor a Terra e a vida que a povoa

    Romildo Godoy

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