sexta-feira, 26 de setembro de 2014

AO RADIO: COMPANHEIRO E AMIGO




O radio é companheiro fantástico e imprescindível. Mas só sentimos sua falta quando não podemos tê-lo a mão ou ao alcance dos ouvidos. Cotidianamente, é tão comum aciona-lo quando entramos no carro que sequer temos a percepção de fazer esse gesto. É quase automático, diria.
O radio é mesmo um grande companheiro. Amigo solidário das madrugadas insones, traz alegria e conforto ao coração, em momentos de preciosa solidão.
Eu me lembro que quando criança, ficava a imaginar como seria o mundo dentro daquela caixinha mágica, onde em minha imaginação, homenzinhos ficavam todo o dia a falar e enviar canções. Era assim que via, seja na casa de meu avô Cícero Américo, na beira do córrego onde as lavadeiras de roupa faziam seu trabalho quase que diário ou mesmo na pequena e aconchegante sala da casa simples da Fazenda Nova América, onde meu pai fazia a audição das canções de Bach no velho radio “ABC - A voz de ouro”.  E depois de tirar de ouvido, tocava no violão e se punha a apresentá-las em noites de sarau, lua cheia e encantamento.
Também não posso esquecer que, foi através das ondas do radio, via Brasil Central AM de Goiânia, que nos idos de 1966, meu pai tomou conhecimento do meu nascimento. “ Atenção Nezinho Americo, na Fazenda Nova America, município de Araguaçu - GO:  comunicamos o nascimento de seu filho na cidade de Porangatu GO. Mãe e filho passam bem. Quem ouvir, favor comunicar”.
Era o radio o grande e rápido correio de noticias do interior do Brasil. Sua mensagem chegava rápida através do eficiente meio. E caso o destinatário da mensagem não a ouvisse, o imperativo “quem ouvir favor comunicar” era seguido à risca pelos vizinhos e amigos, que se apressavam a entregar a noticia, como meio de solidariedade. A solidariedade e a gentileza dos amigos verdadeiros.
Sou imensamente grato ao radio. E por diversos motivos. Além da companhia constante e diária,  foi através do radio que consegui levar as singelezas que escrevo a um numero maior de pessoas, as coisas simples do cotidiano que me ponho a relatar e escrever. Com um detalhe: sempre escritas a partir daquilo que está contido no coração.
É uma responsabilidade que tenho ao, toda sexta-feira me debruçar diante de um teclado de computador e alinhavar palavras, orações, períodos, sabendo que, através da voz do locutor e das ondas mágicas do radio, vão chegar até a casa de pessoas queridas, como Dona Antônia, João Albuquerque, Dona Alzira, Seu Benedicto... Famílias inteiras se colocam ao do radio – ou do computador, via internet – e passam a ouvir aquilo que em momento precioso, eu pude extrair da alma, do coração.
É o que me move e motiva. Impossível escrever sem pensar em quem vai receber a singela mensagem. E, através do radio e dos jornais, sei que pessoas ouvem e leem com o coração aberto e feliz aquilo que consigo colocar em uma folha de papel.
O bom, querido e tão amigo rádio. Imprescindível.  Que me traz em canções de amor e saudade a presença dos momentos felizes da vida.
E assim, sigo a vida. Em canções, poemas e crônicas. Sempre com a companhia e a alegria do radio.









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