A ansiedade tomou conta, enquanto dois estudantes liam minha simples
trajetória de vida, enquanto eu aguardava para entrar naquela sala, onde uma
turma de adolescentes me esperava. Eram alunos de ensino médio, na expectativa
de ouvir um cronista, que diariamente milita com as letras, em um teclado de um
computador, quando se põe a escrever histórias.
Confesso que estava um pouco tenso. E diante de aplausos, ao entrar
fiquei como menino tímido, quase sem palavras. Mas a emoção, que teimava em me
dominar, teve que ser vencida.
Estava diante de alunos do CEPI Carlos Alberto de Deus, em Goiânia. Quando
os aplausos cessaram, tentei retomar o eixo da minha palestra, que havia
cuidadosamente preparado para que pudesse dizer daquilo que tanto gosto de
fazer.
Me senti como um daqueles jovens. Me senti quando tinha aquela idade,
frequentava os bancos do querido Lyceu de Goiânia e sonhava com o futuro.
Fiquei emocionado ao perceber na parede meu nome, em letras
estilizadas. Eis que a responsabilidade
ficou maior, afinal, não poderia decepcionar minha atenta e receptiva plateia.
Após os cumprimentos, me entreguei de corpo e alma à minha missão. Da
alegria de estar ali e como as letras, os livros, a leitura e a literatura sempre
estiveram presentes em minha vida.
Comecei convidando-os a um passeio pela minha infância, à querida e
saudosa Fazenda Nova América, onde meu pai fundara uma pequena escola rural e
eu, teimosamente, insistia em assistir às suas aulas, ainda que ele não
quisesse que eu estivesse ali, devido à minha pouca idade. Mas, teimei e consegui
meu cantinho e assim, meu primeiro contato com o saber e com os livros.
Logo aprendi a ler. E um mundo magico e apresentou diante de mim. A vida
seguiu, o tempo foi passando e a poesia se aproximou. O coração, sensível fez
com quer ela aparecesse de forma mais intensa. Um dia conheci a literatura e a
musica feitas em Goiás. Era adolescente e em encantava com as vozes e canções de
Pádua, Jorge Lyra, Fernando Perillo, Anete Teixeira, João Caetano, Ely Camargo,
Luiz Augusto e Amauri Garcia, dentre outros.
Conheci a poesia de Luiz de Aquino, cujos sinais da madrugada
permaneceram na menina dos olhos, até que viesse a coletânea de seus poemas do
século vinte.
Comecei a escrever, influenciado pela obra de Jean Pierre Conrad, que descrevia
o cotidiano de forma simples e bela. Mas a poesia ficou adormecida. Parei de
compor poemas, limitando-me ao mundo das crônicas.
Um dia deparei-me com a obra do poeta Getulio Targino. Não me contive e
mesmo com minhas limitações, parti em busca de inspiração e fiz um retorno à
poesia. Compus alguns poemas singelos, onde falava de estrelas, de olhares, mãos
entrelaçadas, de saudade...
Após essas divagações, me senti à vontade para pedir aos alunos do CEPI
Carlos Alberto de Deus, que leiam Alencar, Machado de Assis, que leiam e se
encantem com Drummond, Vinicius, Cecilia, Ferreira Gullar.
Mas que procurem conhecer as canções de Pádua, Fernando Perillo, Marcelo
Barra, Chico Aafa, a poesia densa e profunda de Getulio Targino, de Nasr Chaul,
de Mendonça Teles. As histórias maravilhosas de Carmo Bernardes, de João Afonso
Berquó Filho, de José J.Veiga, Cora Coralina. Que conheçam a beleza da musica, da
literatura, da poesia feita em Goiás.
Afinal, Goiás possui um imenso e rico acervo de títulos, poemas e
canções, que vão de encontro aos anseios da alma e do coração. Trazem a ternura
contida em sua essência.
Não posso deixar de dizer um muito obrigado aos agora amigos do CEPI
Carlos Alberto de Deus. À direção da escola, à Professora Helda Nubia, pelo carinho
da recepção. À Professora Vera Lucia Paganini pela indicação e pelo prestigio.
E ao Escritor Dionísio Machado por compartilhar e trazer sua história de vida,
suas ricas experiências.
Tenho agora, ainda mais responsabilidade. Responsabilidade e compromisso
de continuar a escrever pensando naqueles que se debruçarão diante de minhas
singelas páginas. Páginas simples, que continuarão sempre a vir com muito
sentimento, de dentro do meu coração. E esperar que, em breve, possamos nos
reencontrar!
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