sábado, 1 de novembro de 2014

ELEIÇÕES 2014: VENCEU E PREVALECEU A DEMOCRACIA




No inicio dos anos 1980, pouco tempo depois de ter chegado em Goiânia para morar definitivamente, havia ainda o medo e a presença ostensiva do pensamento do regime militar, ainda que soprassem os ventos da sonhada redemocratização do país.
Ainda havia o medo! Medo de, por um motivo ou outro ser considerado subversivo ou agitador. Mas, a resistência e a sede de democracia começavam a tomar forma e volume, e as reuniões de vários grupos, sejam anarquistas, comunistas ou de correntes políticas aceitas à época, eram frequentes.
O PDT de Brizola começava  tomar corpo em Goiânia, na figura do advogado Aureolino Neves e muitos partidos começavam a mostrar a cara de seus militantes.
Mas, a situação, apesar da anistia poucos anos antes, não era fácil. Lembro que para apresentar uma peça de teatro infantil, como “O rapto das cebolinhas”, de Maria Clara Machado, como era necessário oficiar a policia federal e obter um carimbo no oficio com o destaque “autorizo” e uma chamegada da caneta de um agente publico.
O clamor da sociedade cresceu e veio o movimento das “diretas já”. Partidos políticos, entidades religiosas, de classe, e toda a sociedade brasileira esteve unida no sonho.
Foi bonito, foi emocionante ver as praças cheias, os palanques lotados e a motivação tomar conta dos brasileiros. Artistas do porte e com a carreira de Milton Nascimento e seus parceiros compuseram canções como “Nova Republica”, onde expressavam a sede de democracia e liberdade.
A pressão obteve êxito, mas de forma parcial. Os militares aceitaram entregar o poder aos civis, mas em eleição indireta, onde o novo presidente da republica seria escolhido pelo congresso nacional.
Era uma situação que precisou habilidade política. Depois de tanto tempo de obscurantismo, aceitou-se a distensão de forma lenta e cautelosa. Os candidatos à Presidência da República eram dois. Representava àquele momento o passado Paulo Maluf e o futuro, a liberdade, era vista na candidatura de Tancredo Neves.
Todos sabem o resultado daqueles momentos. Tancredo adoeceu às vésperas da posse, vindo a falecer posteriormente e tomou posse o vice-presidente eleito, Jose Sarney.
O tempo passou e em 1989 o até então desconhecido Fernando Collor de Melo utilizou bem a nova ferramenta que permitia a exposição de seu partido na TV, o desconhecido PRN, e venceu ao então candidato do PT Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde então temos eleições regulares e os eleitos, cumpridas as exigências da legislação eleitoral tomam posse e governam sob a égide da democracia.
Em 2014, tivemos certamente a eleição mais disputada de todos os tempos da republica. E um festival de baixarias, de ânimos acirrados, tanto dos candidatos, como dos militantes. Nos debates, onde todos tiveram tempo e voz por igual, surgiram vozes que expuseram seu ponto de vista, mesmo que considerados retrógrados ou mesmo homofóbicos, mostrando extremismo religioso e ideias afins. Mas,  eleitor soberanamente mostrou seu voto e definiu mais uma vez os rumos do pais, deixando dois candidatos para a disputa do segundo turno.
Hoje, temos um fenômeno de informação e ao mesmo tempo, um local que se tornou campo de batalha, terra de ninguém. Trata-se das redes sociais. Ali, até anonimamente, ataca-se a honra, a injuria corre frouxa e o respeito e a elegância ficam para trás. Houve militantes afirmando que iriam embora do país se determinado candidato ganhasse, se não fosse o de sua preferencia. Absurdas, deselegantes e inadmissíveis posturas.
Ao final das eleições, quando divulgados os resultados, notou-se uma disputa voto a voto, muito acirrada, sendo sempre muito próximos os números de cada candidato.
Nota-se uma enxurrada de idiotices nessas propaladas redes sociais. Primeiro, estimula, ou tentam estimular a divisão do país em dois, o que votou na candidata Dilma e o que votou no candidato Aécio Neves. Culpam erradamente programas de inclusão como o bolsa família, cuja ideia e aplicação surgiu justamente em Goiás, no primeiro governo de Marconi Perillo. Programa que foi copiado, ampliado e otimizado pelo governo federal.
Para alguns, a reeleição na presidência é continuísmo, mas para governador, não é. Contrassenso e paradoxo desnecessário.
As eleições transcorreram sob a égide do sistema democrático. E o resultado, ainda que fosse por apenas um voto de diferença, refletiria a vontade da maioria, o que prevê e garante o sistema democrático.
O Brasil tem grandes desafios a ser enfrentados, dificuldades para superar e objetivos a alcançar. Não temos dois brasis.
Mesmo que contrariados com a derrota de seu candidato, o certo é esperar quatro anos, trabalhar no campo das ideias e fazer valer seus argumentos diante do eleitor, de acordo com a democracia.
Golpismo, deselegâncias e teorias conspiratórias em nada acrescentam. Somos apenas um país, que cresce, tem futuro e depende de nós para que seja cada dia mais forte.
Portanto, viva o eleitor brasileiro. Venceu e prevaleceu a vontade da maioria, seja nos estados ou em nível federal. Vivas à democracia! Respeite-se a vontade do eleitor!



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