sexta-feira, 20 de fevereiro de 2015

A CASA NOVA DA FAZENDA




Finalmente, a nova morada que meu pai construiu ficou pronta. Uma casa simples, feita de madeira e barro, que eram a tecnologia e os materiais disponíveis naqueles tempos difíceis.
Era bem diferente da anterior, que construíra quando chegaram naquelas paragens. Maior, possuía mais cômodos e tinha em anexo um local grande que meu pai apelidara “casa de farinha”, onde havia um imenso recipiente de folha de zinco, feito pelas mãos hábeis de um artesão.
Do lado de fora foi instalado um pequeno engenho de moer cana, feito de madeira. Poderia ser movido por tração animal ou por braços fortes, dependendo do tanto de cana que se fosse moer. Nada mal poder saborear uma garapa fresquinha, tirada na hora para afastar o calor e matar a sede depois de um dia intenso de trabalho,
Um pouco mais afastado, um cercado de lascas de madeira cuidadosamente fixadas lado a lado. Ali seria um o mangueiro, para criação de porcos.  Pertinho, goiabeiras e abacateiros quase em ponto de florada e as mangueiras plantadas há pouco, pequenas ainda. Logo, seria um pomar grande, cheio de frutos deliciosos e com sombra à vontade.
Mas o que me encantara foram as telhas de barro, feitas por meu pai. Eram de um vermelho vivo e intenso, da cor da terra. De longe se podia avista-las e davam colorido especial ao lugar.
Antes de mudar meu pai construiu alguns móveis simples, feitos de forma rudimentar, tudo com zelo, carinho e cuidado.
Chegado o dia, primeiro vieram as criações. Galinhas, alguns patos e uma legião de porcos, trazidos em uma carroça feita especialmente para isso. Tudo observado pelos fieis cães “Veludo e Rompe-ferro” e pela cadela Jaguar – que segundo meu pai, só faltava falar.
No meio daquela manhã de sol brilhante e clima quente o fogão novinho, coberto por barro branco começou a ser usado. Dali sairia em breve arroz, feijão e costela de vaca, deliciosos. Tudo feito com um tempero único: carinho e amor de minha mãe.
O tempo passou, as primeiras chuvas vieram, juntamente com o plantio da roça e as colheitas. A casa resistiu bem e foi a segura moradia da família, até que deixássemos a Fazenda Nova América.
Ainda estão vivas em mim, em meu coração as lembranças desse dia. Do primeiro dia e da primeira noite na morada simples, feita pelos braços de meu pai.
No inicio da noite, nos postamos de joelhos diante do pequeno oratório da sala, agradecendo ao criador a dádiva recebida.
Após o jantar, o “violão alguém trouxe” e sob o olhar atento das crianças e o sorriso de encanto de minha mãe, papai dedilhou aquelas cordas mágicas e delas, retirou com o coração acordes e canções.
Em noite de lua, cheia de felicidade e sons de violão, com amor, carinho e alegria, era assim a inesquecível Fazenda Nova América.




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