sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

DA POESIA, DA IRMÃ-CHUVA...




Nos últimos dias, ou nos últimos meses a palavra mais pronunciada e o bem mais desejado foi a chuva. O calor intenso que nos acompanhava por todo o dia, invadia madrugadas longas e era companhia constante. Assunto que tomou conta dos noticiários do radio, da TV e dos jornais e motivo de debates nas redes sociais.
A mãe natureza, há anos vem dando seus gritos de dor, em seus estertores. A agua, até então pouco observada e tida como algo tão comum e cotidiana como o ar que respiramos, tem se tornado um bem raro, e as grandes cidades começam a sentir sua falta.
Impossível pensar como as grandes represas, os grandes reservatórios poderiam chegar ao ponto que chegaram. E de forma tão rápida, abrupta. E ao contrario do que foi preconizado na canção popular, o mar começou a virar sertão.
Felizmente, nos últimos dias, ainda que de forma tímida, a irmã-chuva deu o ar da graça. Não o suficiente para que torne os reservatórios novamente plenos e cheios, mas ao menos o calor impiedoso que nos afligia amenizou. Os dias e as noites se tornaram mais confortáveis.
E assim como a água, a poesia me andou fugidia, escassa, longe de mim. Custei a reencontrar o veio poético, o caminho das flores e da inspiração, tão presentes nos últimos tempos da minha vida. Mas, de mansinho e sem alarde, encontrei dentro do coração o que tanto me fez falta.
A poesia para mim é necessária, importante, vital. Refrigério para a alma que nutre o coração e acalenta o viver. Começa ao amanhecer, nas ultimas sombras da madrugada e com as primeiras cores do alvorecer.
Está no canto dos pássaros, nas luzes do horizonte, no encanto de uma manhã. No olhar e no sorriso da amada, em seu bom dia, no café forte e quente que degustamos, quando nos permitimos estar juntos. O meu, forte e com pouco açúcar, e o dela, um pouco mais adocicado.
E ainda na manhã, perceber a poesia nas flores - rosas, orquídeas, lírios e nas pequenas e encantadores bailarinas cuja brisa torna seu bailado ainda mais cheio de encantos.
Com tudo isso, a alma e o coração ficam plenos. É hora de partir para um novo dia, para uma nova batalha e um novo percurso. A luta pela sobrevivência.
No caminho, entre pensamentos, a alegria da presença da irmã-chuva que em pequenos pingos toca leve e suavemente o para-brisa do carro. É a renovação da vida, a volta da alegra e da felicidade. Que coincide com a volta da poesia.

Assim, seja bem vinda, irmã-chuva. Seja bem vinda, Poesia!


Nenhum comentário:

Postar um comentário