sábado, 14 de fevereiro de 2015

AS FLORES, E AS CORES DA SOLIDARIEDADE




A primavera se foi. Levou consigo o clima suave, de manhãs e tardes amenas e fagueiras. E eis que chegou o verão. Verão de pouca chuva, de dias longos e muito calor.
Mas, as flores continuam a embelezar minha cidade. Vejo que após a beleza dos ipês-rosa, das acácias que enfeitavam e emolduravam a paisagem das avenidas, vieram os ipês-amarelos, os flamboyants e mais recentemente, as quaresmeiras.
Os flamboyants enfeitam e encantam as avenidas. Em tons vivos e fortes de vermelho, alaranjado, amarelo, e outras cores que somente a natureza sabe dizer o tom, trazem beleza que se acentua com o deslizar dos pingos de chuva sobre o vidro do carro.
A chuva, depois de um veranico longo, dá sinais de ter vindo pra ficar. E parece que incentivou os flamboyants a colocarem cachos e mais cachos de flores únicas.
As manhãs de sol tornaram-se belas, enquanto o céu cheio de nuvens indica que teremos chuva no período da tarde. Chuvas que às vezes vem forte, com muita enxurrada alagando as ruas. E a resposta da mãe-natureza àquilo que o homem faz com ela.
E em uma dessas manhãs de verão, no decorrer da semana, uma cena me chamou a atenção. Andando pelas ruas de Goiânia, mais precisamente na região do Parque Amazônia, próximo a uma rotatória vejo um senhor de brancas cãs, a empurrar uma pesada carroça, cheia de plásticos e papeis para reciclagem.
Me condoí daquela situação. Um senhor já de idade, que aparentava menos força do que aquela carga exigia. Porém, seu rosto embora marcado e castigado pelos anos, demonstrava placidez, serenidade. Não trazia ares de revolta ou desassossego. Seguia seu mister, sua jornada puxando a pesada e difícil carroça.
Observei que ele parou em frente a um imponente edifício e passou a mexer nos entulhos. De repente, um funcionário uniformizado daquele prédio vem até ele e traz uma garrafinha de água, o que parecia ser uma roupa usada e alguns embrulhos que imaginei fossem alimentos. Ele agradeceu efusivamente e percebi que ficou mais feliz ainda quando o rapaz depois de ajudar a colocar em sua carroça os recicláveis, deu uma forcinha na saída da carroça, para que ele seguisse em frente.
Confesso que fiquei emocionado com a cena. E me pus a pensar: de que vale a beleza de tantas flores, de tantos edifícios bonitos e confortáveis, de carros luxuosos pelas floridas ruas, sem solidariedade?
O rapaz de uniforme deu esse exemplo. Exemplo de solidariedade e amor ao próximo. Conversou, brincou e por instantes demonstrou ser amigo, independente da condição desse senhor que em sua jornada, buscava a sobrevivência, a garantia de pão em sua mesa, o alimento para a família.
Continuei meu caminho, mas durante todo o dia fiquei a recordar o que vi. E me senti melhor. Afinal, se existem flores na bela e encantadora Goiânia, existe acima de tudo solidariedade e amizade.
Que nos é tão cara e importante. Que nestes dias de feriado, de descanso, possamos refletir sobre o partilhar do amor e da fraternidade. Assim, nosso mundo, nossa vida, nossa cidade serão bem melhores.

Com flores, e as cores da solidariedade.




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