sexta-feira, 10 de abril de 2015

CHUVA FORTE, MANHÃ DE BELEZA




O tempo mudou bruscamente. De um mormaço que permaneceu boa parte do dia para o tempo fechado, com nuvens baixas e escuras, foi tudo muito rápido. E a chuva veio no meio da tarde. Veio intensa, acompanhada de ventos fortes, com pingos grossos e em algumas partes da cidade, com granizo, pequenas pedras de gelo. Isso me lembrou a minha a infância, onde ao lado dos amigos fazíamos a festa com as pequeninas pedras de gelo que vinham bater no pátio do colégio onde estudávamos. Ficávamos a nos perguntar como é que poderia vir do céu aquele gelo, tão pequeno e na maioria das vezes, em grande quantidade. E a imaginação de criança viajava.
Deixando as lembranças de infância, me concentro na chuva que cai em pingos grossos, que descem pelo telhado e vêm de encontro às plantas que ornamentam a minha varanda.
O vento, fazendo com que samambaias, avencas e outras plantas desenvolvam coreografia imperfeita, em um balé sem simetria, onde o ir e vir das plantas parecia teimar e resistir ao vento, desobedecendo-o. Não raro uma ia parar no chão, tal a força da intempérie.
No noticiário da TV, ao inicio da noite, o resultado deixado pela tempestade na cidade: árvores caídas, ruas alagadas e alguns bairros sem energia elétrica.
Penso que, definitivamente a natureza, mesmo em sua imensa sabedoria não se preparou para a existência de metrópoles. O homem veio acabando com tudo, desmatando, acabando com aquilo que ela em milhares, ou milhões de anos fez com que acontecesse.
E o tempo da mãe natureza não é o tempo dos homens. Milhões de anos podem ser necessários para que determinado fenômeno ocorra, aconteça.
E o homem, apressado e insano na maioria das vezes derruba florestas, muda cursos de rios, acaba com vegetação nativa e ainda cobre tudo com concreto e asfalto. E a mãe natureza reage. Sem ter para onde ir ou se refugiar, acaba voltando para o lado do homem, com grande volume de agua, na forma de enchentes, ventos que crescem e viajam sem que encontrem a resistência das árvores. Isso quando não ocorrem das doenças, pelo fato do desequilíbrio ecológico dos ecossistemas, proliferando essa ou aquela espécie.
Ainda assim, apesar do homem maldoso e imprudente, a natureza resiste, embora não se saiba até quando ou o que pode acontecer.
Na manhã do dia seguinte e essa chuva, vi o quanto é preciso cuidar daquilo que ainda nos resta. Ao fazer uma pequena viagem, sai de casa bem cedo, e assim pude ver a beleza da chegada de um novo dia. A despedida dos últimos momentos da noite, ao fim da madrugada e a chegada lenta da luz majestosa do rei sol.
A manhã se descortinava majestosa e bela, à medida que o carro avançava. O verde da vegetação emoldurava a estrada e trouxe-me uma certeza: o quanto a natureza é forte, apesar de tudo o que se faz com ela.
Cheguei ao meu destino com a alma leve. A manhã de encantos ainda permanecia.
O concluí que o homem deve valorizar sempre a beleza de uma manhã, mesmo depois de uma chuva intensa, com ventos fortes.
A natureza, tal como a vida, é bela. Sempre muito bela!



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